Cinco - Nicholas

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Bíblia sagrada.

Um livro aparentemente sem graça, grande demais, sem um tema pré-descrito, sem um autor definido.

Suspirei, revirei os olhos e guardei o celular tudo num mesmo instante. Aquilo era muito estranho e inquietante ao mesmo tempo, me deixava aflito e de alguma forma, querendo mais.

Por acaso seria um jogo do vovô? Ele havia feito de propósito? Ou seria apenas mera coincidência?

- Argh! - grunhi sem respostas. Eu parecia um animal indomável aquela manhã.

Desci as escadas sem ânimo algum e fui até a cozinha comer algo. As empregadas sequer falaram comigo e apenas me ofereceram coisas em silêncio. Agradeci também em silêncio.

- Filho? - ouvi vovô chamar. Ergui as sobrancelhas. Não sabia que ele estava em casa pois sempre costumava sair cedo pra qualquer lugar. Mais então ele apareceu na porta.

- Você têm visita - falou. Sua voz não estava feliz e então percebi do que se tratava. De quem se tratava.

- Tudo bem - respondi e fui até a sala onde Elizabeth estava esperando como eu previra.

- Ah, oi Nick.

- O que faz aqui? - perguntei sem rodeios. Seus olhos castanhos se abriram. Fazia um tempo que não estávamos bem de qualquer jeito.

- Quanta grosseria com sua namorada! - ela exclamou mas não estava brava. Suspirei. Não deveria descontar as coisas nos outros. Por mais que merecessem as vezes.

- Você deveria ter me avisado, só isso. - sentei ao seu lado no sofá.

- Desculpe. É que eu queria lhe fazer uma surpresa.

- Fale.

Ela sorriu um pouco e abriu a bolsa rosa, que estava em seu colo, de dentro tirou um envelope branco, lacrado.

- Ingressos! - ela deu um gritinho - E são de camarote!

- Para...?

- O show oras! - agora ela parecia um pouco irritada de verdade - Dos Stokler! Como pôde esquecer?

Pisquei. Eu ainda sequer lembrava.

- Eu não vou.

- O quê? Como não? É sábado Nicolas! Sábado a noite!

- Eu não vou - repeti - Vou ficar em casa.

- O que diabos vai fazer numa noite de sábado sozinho nessa jaula com àquele velho?!

Olhei para ela. De todas as vezes quer ela ultrapassara os limites essa havia sido a maior de todas. Como pôde ofender meu avô? Eu respirei e respirei... calma Nicholas...

- Vá embora daqui! - ordenei.

- Eu... Não quis dizer isso...

- Vá. Embora. Daqui. - me levantei.

- Nick...

- AGORA!

Ela parecia assustada e praticamente correu para fora da casa em desespero. Respirei fundo para controlar a vontade de socar e destruir tudo ao meu redor.
Eu odiava pessoas como ela. Não sabia porque ainda havia a aturado por tanto tempo dizendo que éramos namorados. Apenas pra ser melhor que os outros.

Argh.

- Tudo bem filho?

Não ouso olhar para meu avô, não com raiva e ódio emanando de cada célula do meu ser.

Um Amor CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora