O dia, como qualquer outro, nasceu simples, o sol quentinho entrava pela janela ultrapassando as cortinas alvas e iluminava o quarto com uma temperatura aconchegante. Os travesseiros, assim como os lençóis e o colchão estavam tão fofos quanto o gato peludo da vizinha da frente, nos sonhos apenas coisas boas aconteceram. Era como um conto de fadas. Estava esperando apenas uma empregada simpática lhe acordar com o café da manhã na cama. E realmente havia alguém lhe acordando com leves batidas...
– Chris! – murmurou uma vozinha fina.
– Huum – murmurei de volta.
– Acorda! – peguei os lençóis com mais força e cobri a cabeça – Hoje é faxina!
Eu dei um pulo da cama. Tinha esquecido completamente... Suspirei, reuni forças de onde não tinha para me levantar e ver minha irmãzinha plantada em minha frente, piscando. Olhei o mini-relógio pendurado na parede, 6 : 25 horas da manhã.
– Me dê 5 minutos – falei pra ela e caminhei até o guarda-roupas e peguei a toalha, minha irmã continuava de pé no meio do pequeno quarto.
– Vai ficar aí? – perguntei.
– Mamãe foi no mercado e papai foi trabalhar – falou ela, cruzando os braços pequenos – Tô esperando você.
Olhei o relógio novamente. 6:28. Algo naqueles olhinhos me fez encolher um pouco.
– Dois minutos – murmurei e corri pro banheiro no lado de fora do quarto, ter um único banheiro no andar de cima não contribuiu em nada.
Eu pensei um pouco enquanto me despia.
Se Charlie estava ali me acordando significava que estava com fome. Se a mamãe havia saído pro mercado tão cedo significava que não tinha muito o que comer. E se o papai tinha ido trabalhar nesse horário - sendo que na maioria das vezes ele pode ir mais tarde - significava que ele não queria ver a pequena Charlie pedindo algo no qual nós não tínhamos. Suspirei derrotada me sentindo horrível. Ela nunca insistiria por nada se eu explicasse a ela que não tínhamos, mais a dor de fazer isso me consumiria. Eu já havia feito isso antes, e prometi a mim mesma que jamais faria denovo.Tomei um banho na intenção de desviar os pensamentos e no intuito de dar tempo para minha mãe voltar com o que quer que fosse. Minha pequena Charlie esperou pacientemente meus 10 minutos.
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Deus foi tão bom e misericordioso comigo que me fez lembrar de uns trocados que eu tinha, poderiam fazer falta depois, mas era preciso. No armário não tinha nada e no caminho que eu e minha irmãzinha percorremos indo e vindo da padaria, nenhum sinal da minha mãe.
Preparei um pão com queijo que minha pequena tanto gostava e lhe dei o refri que a moça da padaria deu a ela de cortesia. Me sentei depois de me certificar que ela comeria bem e lhe acompanhei.– Ah que bom Chris! – ela exclamou me chamando a atenção, franzi a testa pra ela – Jesus deu pão e queijo pra gente! – explicou ela sorrindo, alheia de tudo que acontecia de verdade – Obrigado Jesus!
Sem palavras. Eu fiquei muda no lugar, sem saber o que dizer ou o que fazer. Charlie era uma criança com cinco anos mais sua inteligência ia além do que nossa família podia imaginar. Um sorriso se formou em minha face ao vê-la comendo feliz. O meu apetite sumiu mais belisquei o pão dando tempo a ela.
A porta da frente se abre e minha mãe entra em casa e vai até a cozinha revelando uma sacola pequena em suas mãos, ela olha uma vez para Charlie e depois pra mim e desvia para a comida e volta a olhar para nós.
– Bom... Bom dia meus amores – ela se pronuncia, a voz trêmula.
Charlie salta feliz da cadeira e corre para abraçá-la, ela segura a pequena com força e a levanta no ar balançando-a, minha irmãzinha solta gargalhadas fofas de uma criança inocente e pura. Alheia às lágrimas nos olhos da sra. Catarina que a segura com força.
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Um Amor Cristão
Novela JuvenilNicolas é jovem, bonito, rico e cercado de pessoas que se dizem amigos, porém, apesar de ter tudo que deseja, há um vazio em seu peito, um buraco que lhe consome aos poucos. Era algo que ia além do que seu dinheiro podia curar. Seu avô era o único m...