Nunca foi segredo para ninguém o fato de que Ana Alice era uma "cafeólatra" ou "cofflover", como você preferir. Tanto faz, afinal, vício e paixão são duas coisas que andam juntas.
Porém infelizmente, o final do café não era o único final triste que ela conhecia, mas durante toda a sua vida, Alice nunca desejou tanto que o café não acabasse, como naquele dia.
__Você gosta de café Enzo? Ou veio até aqui só para me ver?
__Ah, Alice! Eu preciso mesmo responder ? Vermelho é uma cor que não combina com o verde da farda. Se quiser me deixar sem jeito, está no caminho certo!
__Por favor Enzo! Não é minha intenção te deixar sem graça. Apenas responda com sinceridade.
__Acredito que não gostar de café é tão raro quanto não gostar de chocolate. Juro que não lembro de conhecer alguém que não goste. E sinceramente para mim, é difícil imaginar isso. Eu estou aqui agora bebendo café com você, não estou? Como em todos os outros dias da semana eu poderia ter feito isso no rancho com os outros soldados, é indiferente para mim, até porque é raro eu sair do quartel nos dias de semana, e além do mais, o banco e o correio só abrem as portas depois das dez. Estamos no centro, opções de bares e cafés não faltam por aqui e eu poderia escolher. Mas hoje eu escolhi te ver e confesso que o café não passou de um pretexto. Eu já disse isso, não disse?
__Disse sim! Obrigada por responder! Eu gosto de saber o que você pensa e o que você sente. É importante para mim.
Em um movimento sutil, de um jeito meigo que só ela sabia fazer, joga o cabelo para o lado, o bagunçando um pouco, na intenção de dar volume e dispersar a atenção dele a respeito do que ela acabara de dizer. Neste instante ela poderia o ter nas mãos se quisesse.
__Gosto de bebidas quentes e marcantes! O meu grande sonho de consumo, quer dizer, um deles (risos!), é ter uma máquina de café expresso, mas enquanto ele não se realiza, bato cartão aqui todas as manhãs. Já sou cliente VIP, praticamente sócia do Café da Andradas. A Dona Maria que o diga!
A única pessoa que entendia de armas ali era Lorenzo, mas foi Alice quem olhou para trás e fuzilou Maria com os olhos. Ela, que era viúva, adorava romances acompanhados de café e levava o maior jeito para ser "cupido".
Depois de dar uma de "pombo-correio" entregando bilhetinho resolveu atacar de D'jay baixando a luz do ambiente e aumentando o volume de uma música capaz de preparar qualquer terreno.
Além de ser dona de cafeteria e "cupido" nas horas vagas, tinha vocação para estudar artes cênicas. Em nenhum momento se mostrou intimidada com o olhar de Alice, que no fundo estava agradecida e as duas sabiam disso.
É verdade que Ana Alice tinha seus medos bobos, mas também tinha sua coragem absurda. Ela entendeu o quanto era corajosa quando foi capaz de olhar nos olhos dele enquanto falava.
__Apesar de o café em si não ser de origem italiana, o grão italiano tem uma qualidade única. Quando moído, ele exala um aroma inconfundível e para se extrair o máximo de sabor antes de ser servido o café passa por um processo que eu gosto de observar: o pó extraído é levemente pressionado no cachimbo, pedindo um cuidado especial para não ser queimado. A xícara recebe um jato de água quente para atingir a temperatura ideal até estar preparada para receber o café, que pode ser um curto, carioquinha, expressinho, expresso duplo, cortado, pingado, mocaccino, capuccino e por aí vai. Existe uma infinidade de receitas. Se você for acrescentar leite, precisa vaporiza-lo, até gerar aquela espuma maravilhosa deixando o café cremoso. Costumo dizer que o café é uma bebida que tem história. Os baristas não me deixam mentir. Gosto de enchê-los de perguntas a cada taça e ouço satisfeita as histórias encantadoras que eles costumam contar.
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Princípios, Dezembros e Fins
RomanceLivro em revisão.♡ Início das postagens: 25/09/2016. ***Atenção: Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Sinopse: Sob o céu de Novo Horizonte, Ana Alice, uma jovem de vinte e cinco anos, sente-se desper...