Capítulo 15

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Sua mão desceu pela minha nuca, apertei mais meus olhos fechados e estremeci, minhas palmas começando a suar pelo nervosismo de tê-lo tão perto. Qual é, não é como se eu nunca tivesse ficado perto de alguém do sexo oposto, mas Nick causava sensações desconhecidas em mim. Ele deve ter levado meu leve estremecimento por outro lado, pois ouvi um suspiro escapar de seus lábios tão próximos e ele sussurrou:

- Acalme-se, não vou beija-la - devo confessar que fiquei um pouco decepcionada por isso - você deve limpar a sua mente de todas as outras coisas e se focar na pessoa que está com você, o jeito em que segura seu cabelo - e então Nick entrelaçou sua mão que estava no meu pescoço em meus fios castanhos - o modo como o braço dele envolve sua cintura.

O homem me deu uma baita de uma amostra, rodeando seu braço forte na minha cintura, me puxando para frente e me fazendo soltar um leve gritinho, logo sua boca estava próxima do meu ouvido:

- Seus lábios vão se tocar, em seguida o movimento começará devagar, apenas duas bocas se movimentando em sintonia. E é então que as línguas serpentearão para um encontro, ainda devagar, apenas provocando, sentindo o sabor um do outro, notando o modo como as bocas se encaixam e quando o movimento acelerar, você estará tão envolvida em tudo que não vai se importar em ser sugada. Aliás, será exatamente o que irá querer. Logo, o beijo não precisa ser desesperado desde o começo, sugando tudo o que vê pela frente, deixando um rastro de saliva para trás.

Nicholas se afastou, deixando-me inebriada com sua proximidade, com sua voz sensual e seu perfume delicioso. Merda, por que ele não poderia ter me demonstrado a última parte?

- Vamos? - ele abriu a porta e eu acordei do meu transe e apenas assenti.

⚈⚈⚈⚈ 

- O que está acontecendo com você? - Gabriel perguntou enquanto espetava um palito de dente em um pedaço de queijo da bandeja na nossa frente e enfiava na boca.

- Apenas estou distraída - dei de ombros como se não fosse nada.

- E essa distração tem um metro e noventa, cabelos loiros de causar inveja e olhos incríveis? - Lídia perguntou, arqueando uma sobrancelha e me proporcionando um sorriso travesso.

- E não vamos nos esquecer da bunda de matar - Gabe apontou e Lídia acenou com a cabeça, concordando - o que está rolando entre vocês?

Eu não sabia o que dizer, então mordi meu lábio e desviei a vista. O que havia de errado comigo? Aliás, o que havia nesse cara que me deixava desse jeito?

- Vamos, somos seus amigos - os dois se aproximaram mais de mim, esperando. Quando eu não disse nada, Gabe bateu na mesa, produzindo um barulho ensurdecedor.

- Conte-nos logo - fiz shh para ele e olhei para os lados, mas não tinha muitas pessoas por perto para chamar a atenção - eu estou tendo cólicas de curiosidade - ele sussurrou essa parte.

- Tudo bem, tudo bem - mordi o lábio novamente em um gesto nervoso - esse é o problema, nada está acontecendo - contei toda a história do meu vexame e rejeição da noite anterior, do que aconteceu hoje e de mais uma rejeição. Os dois ficaram apenas me olhando, processando tudo e talvez pensando em algo.

- Sabe o que devia fazer? - Gabriel perguntou - Provoca-lo, questionar o motivo de ele não tê-la beijado, mas sem perguntar diretamente. Provocar a masculinidade dele.

Fiquei pensando durante a manhã inteira no que Gabriel havia dito. Provocar Nick. Isso é uma bobeira, eu não faria isso de jeito nenhum. Entretanto, quando Nick se sentou comigo no balanço do jardim e estava perigosamente lindo, vi minhas negações despencarem e comecei a admitir que eu desejava esse cara. Eu realmente tentei me manter longe, procurar um defeito nele que me incomodasse e não encontrei nada.

- Por que está aqui sozinha? - ele perguntou, o sol batendo em seu rosto, iluminando ainda mais seus olhos claros.

- Por que não me demonstrou o que me falou hoje de manhã? - questionei de volta. Por um momento, Nick franziu o cenho, confuso, e então arqueou um sobrancelha - oh, eu já sei o que é, você só sabe na teoria, não é?

- Como? - questionou, atônito.

- Beijar, eu quero dizer - dei de ombros - você apenas sabe como acontece, mas não consegue colocar em prática. Bem, poderia ter me dito.

- Essa não é a questão.

- Então por que não me demonstrou?

- Está perguntando por que não te beijei?

- Sim - a palavra saiu um pouco engasgada, minha coragem momentânea dando uma balançada. Ele desviou o olhar e colocou as mãos em seus joelhos separados - está vendo? Admita que eu estava certa. Poderia ter me contado, eu não me sentiria tão não-desejável.

- Eu sei beijar, se é o que está dizendo - caramba, ele não perdia a pose e nem a calma por nada - e você não é não-desejável.

- Então por quê?

- Porque... - ele me encarou por um tempo - porque eu tenho uma noiva.

Ai, cacete!

  ⚈ ⚈ ⚈ ⚈ 

Eu não podia acreditar que Nick tinha uma noiva. Saber disso me deixou ainda pior, eu era uma bêbada maluca, perseguidora e quase destruidora de relacionamentos. Lembrei-me do que Nick disse para a vadia oxigenada: "Sou homem de uma mulher só". Por que diabos eu estava pensando nisso? Ele era só meu namorado alugado e...

- Está tão pensativa - uma voz soou atrás de mim enquanto estávamos tendo uma festa em uma cachoeira perto dali. Estava sentada em uma pedra bem no alto, de maneira que conseguia ver todos lá em baixo. Olhei para trás e me esforcei para não revirar os olhos.

- Imagina - resmunguei, tentando não soar uma carrancuda mal humorada. Evan estava sendo educado comigo desde uns dias e o mínimo que eu poderia fazer era tentar ser também, mesmo com o meu ar de indiferença, afinal, passaríamos um mês no mesmo lugar.

- Onde está seu namorado? - ele perguntou, sentando-se ao meu lado mesmo que eu não tivesse feito o convite.

- Mamãe o capturou - falei, olhando as miríades pessoas lá em baixo - e sabe como ela é, ninguém consegue dizer não para ela.

- Sei bem como é - ele soltou uma risada breve.

- E onde está Vivian?

- Ficou com algumas mulheres - deu de ombros. Ficamos ali sentados, em silêncio, apenas olhando para o horizonte através das lentes de nossos óculos escuros.

- Anne? - Evan murmurou.

- Sim? - olhei para ele e seus olhos castanhos estavam voltado na minha direção. 

Antes que eu pudesse soltar a respiração mais uma vez ou percebesse o que ele estava fazendo, Evan colocou a mão na minha nuca e me beijou. Seus lábios se moviam com desespero sobre os meus ainda fechados e sua língua serpenteava tentando entrar, porém, eu o segurei pelos ombros e o empurrei.

- O que está fazendo? Está louco? - franzi a testa e me levantei. Logo, Evan estava de pé na minha frente, segurando nos meus ombros.

- Eu sinto sua falta, Anne - ele passou a mão no meu rosto e eu me afastei.

- Eu também sinto - murmurei e ele sorriu largamente - sinto falta de mim quando estou com você - me virei para ir embora, mas ouvi sua voz.

- Eu quero você de volta.

- Eu ignorei muita coisa em você que me incomodava para que dessemos certo e o que você faz? Dorme com minha melhor amiga. Eu não vou passar por isso novamente - me aproximei dele e, estreitando os olhos em sua direção, falei - e agora eu estou com um cara incrível, com quem você não conseguiria competir nem em sonhos.

Sai dali pisando duro e bufando. Depois desse beijo, percebi que eu não gostava dele de verdade, eu apenas o aturava e tinha me acostumado com isso. Meu celular tocou quando estava chegando perto da cachoeira.

ღ Um Namorado por EncomendaOnde histórias criam vida. Descubra agora