Tudo pode dar certo
– Eu sempre soube que ele era gay – afirma Maia. Já estamos na sala de aula, conversando enquanto a professora não chega.
Contei para ela tudo o que havia rolado entre eu e Gregg, e mesmo tentando não demonstrar, sabia que ela estava tão surpresa com essa revelação quanto eu.
– Vai dizer que você sabia dessa também? – pergunto semicerrando os olhos e a encarando.
– Eu imaginava – responde com naturalidade enquanto serra sua unha do dedo anelar. – Ele estava a um ponto de me beijar, e não o fez. Só podia ser gay mesmo – Eu rio.
– Eu nao imaginva.
– Agora está tudo explicado – ela paira a lixa de unha sobre seu ombro esquerdo e vira o olhar para mim. – Ele afirmou naquele dia, em que estávamos na balada, que havia alguém na vida dele. Esse alguém indefinido era você.
– Claro que não – Nego bufando ar pela boca no meio de uma careta.
Paro para analisar a situação e até que faz sentido. O jeito com que ele me olha, sempre demonstrando carinho, talvez não seja mesmo só de amizade. Pensar nessa possibilidade faz com que eu sinta um frio na barriga. Uma sensação de euforia e medo ao mesmo tempo.
– Você não vai ver o Colton hoje? – mudo de assunto. Ela ri.
– Ele está na aula de Ed. Física. Ele é pontual quando se trata de esportes – diz num tom irônico. – Aliás... você não me disse como foi a conversa entre você e Cameron ontem. O que ele te disse?
– Absolutamente nada – murmuro. – Ele nem se quer apareceu ontem.
– Eu não acredito que ele furou com você – resmunga ela aparentemente indignada.
– Pois é. O mesmo Cameron de sempre. Se eu encontrar ele hoje, juro que vou...
O celular vibra. Uma mensagem de Gregg:
"Não apareceu hoje na lanchonete. Chateado."
Eu sorrio e Maia observando minha reação puxa o celular da minha mão.
– Que fofo! Ele sente sua falta – fazendo uma voz realmente irritante. – Como você ousou não ir vê-lo hoje?
– Me devolve isso – e o recupero. Sou obrigado a voltar para a conversa que eu já tinha dado por encerrada. – Eu não sei o que falar com ele depois de tudo que rolou ontem.
– Ah. Para com isso Shawn – diz ela empurrando meus ombros. – Vocês conversaram até demais, ontem. Não tem do que ter vergonha. Tive uma ideia – ela muda seu semblante para uma feição bem adulta. – Você vai matar aula hoje, para passar um tempo com ele.
Eu rio até perceber que ela está falando sério.
– Não, nem pensar – reajo. – Não vou matar aula por causa de um garoto. Isso é ridículo.
– Se isso foi uma indireta para mim, tudo bem. Eu não ligo. Mas hoje você vai sim matar aula, meu caro.
Eu não me recordo a última vez que matei aula, mas creio que a maioria tenha sido com Cameron. Em uma dessas vezes, descemos do ônibus escolar, saímos do colégio e fomos andando em direção à estação de trem. Tínhamos 13 anos, e ele havia ganhado algumas notas de dinheiro dos pais, o suficiente para pagar a minha passagem e a dele. Conseguimos entrar e sentamos em um assento duplo. Eu e ele, lado a lado. Fiquei com a cara na janela e pude ver belas paisagens que ligavam nossa cidade a outras da Califórnia. Ele tinha levado como kit de emergência uma mochila cheia de doces e guloseimas. Era nossa grande aventura. Conseguimos voltar a tempo para nossas casas, mas no dia seguinte o diretor ligou para nosso pais e ficamos de castigo por uma semana. Mas lembro que não me arrependi de ter feito isso com Cam.
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Best Fake Smiles
FanfictionShawn Mendes é um garoto assumidamente gay, péssimo em se socializar, e que curte molhar a batata frita no milk-shake. Tem uma paixão secreta pela música e é fã de James Bay. Enterrou os sentimentos que tinha por seu melhor amigo, Cameron, após pass...