Capítulo 9

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Sorriso Involuntário


Acordo às 9h, o que não tem problema algum já que é sábado. Ainda estou na cama, quando vou checar meu celular e vejo que tem uma mensagem de Gregg:

"ADOREI A NOITE DE ONTEM. FOI SENSACIONAL. JÁ ESTOU ANSIOSO PARA TE VER DE NOVO, MAS JURO QUE NÃO VOU TE SUFOCAR E ROUBAR TODO SEU TEMPO. ESPERO QUE TENHA UM ÓTIMO DIA HOJE. BEIJOS."

Suspiro e abro um grande sorriso indomável ao terminar de ler a mensagem. Não paro de pensar na noite de ontem. Ainda não consigo imaginar que tudo aquilo aconteceu mesmo. Desde as trocas de sorrisos e a proximidade entre nossas mãos até a sincronia de nossos beijos. Beijos consentidos. Eu realmente acredito estar gostando de Gregg, mas diferente de Maia, não tenho vontade de ficar 24h grudado nele. Então resolvo tirar o dia para mim. Sem Gregg hoje.

Desço e minha mãe ainda está preparando meu café da manhã. Me sento a mesa e é quando o discurso pós-encontro-amoroso-do-filho se inicia.

– Bom dia, querido – diz ela vindo até mim e beijando meu cabelo.

– Bom dia, gata! – digo abrindo um sorriso de criança.

– Você está sorrindo pela manhã? – ela me olha fazendo uma cara séria de espanto, ironizando a situação. – Quem é você e o que fez com meu filho?

– Muito engraçadinha! – digo trocando o sorriso por um semicerrado olhar sério.

– Aposto que o motivo desse sorriso é um certo alguém, que tem nome e sobrenome, estou certa?

– ...

Ela começa a rir, coloca o café a mesa e eu me sirvo.

– Me conta como foi o encontro, ontem! – diz me olhando empolgada. – Ele foi gentil?

– Não! – a encaro com um olhar repreensivo. – Nem vem, mãe. Isso não vai rolar. Eu te amo, okay? Mas esse é o tipo de conversa que definitivamente não vou ter com a senhora.

– Se está escondendo é porque alguma coisa mais séria rolou – constata sabiamente. – Entendi. Vocês se beijaram – diz numa enorme naturalidade.

– O que? – levo minha caneca com café a boca e ao terminar de beber um bom gole prossigo. – Não nos beijamos.

– Vai mesmo mentir para mim, Shawn? – ela me encara com um olhar ameaçador.

– Okay – finalmente cedo. – Talvez tenhamos dado alguns beijos, mas não é nada sério. Não estamos namorando ainda.

Ainda? – ela sorri para mim.

– Ah! Você entendeu o que eu quis dizer.

Minha relação com minha mãe sempre foi surreal. Depois de nossa conversa, quando sai do armário, parece que nossa relação deu um salto ainda maior. Eu podia falar do que eu quisesse, que ela me ouviria sem julgamentos. Ela é mais amiga do que mãe, e sabemos o limite ao qual não podemos ultrapassar. Uma vez cheguei em casa chapado, após um garoto na escola me oferecer maconha. Eu sabia que não deveria aceitar, mas nesse dia Maia havia faltado aula, e Cameron estava na mesma aula que eu, sem nem olhar na minha cara. Acabei aceitando e fumamos atrás do colégio, onde haviam outros usuários. Era uma espécie de amostra grátis, para que eu virasse um consumidor fiel do produto dele. Ao me ver chapado, notei que minha mãe não sabia ao certo como reagir. Simplesmente me mandou subir para meu quarto. Passaram-se alguns minutos, e então ela apareceu abrindo a porta e entrando. Eu estava deitado e ao percebe-la me sentei, e ela se pôs ao meu lado. Por mais que estivesse bem relaxado pelo uso da erva, sabia que me ver assim machucaria ela, e me senti muito mal. Esperava que ela reagisse de qualquer outra forma, mas ela só me abraçou. Ela tentou disfarçar mas percebi que corriam lágrimas por seus olhos. Essa foi nossa conversa, e depois disso nunca mais experimentei qualquer outro tipo de droga. Nossa conversa funcionou.

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