Capítulo 11

560 50 37
                                    

Encontro de casais

Minha mãe chega em casa e ao me ver arrumado – uma camiseta cinza, jaqueta escura, calça preta e tênis vermelho –, me olha com gestos de palmas silenciosas.

– Vai aonde, querido? – ela só me pergunta por formalidade. A cara dela revela que sabe onde vou... ou melhor, com quem vou sair.

– Vou ao parque de diversão com Gregg, perto da barra da praia – digo deitado no sofá, esgueirando o pescoço. – Eu nem lhe perguntei. Tem problema eu sair? Se precisar eu fico.

– O que? Jamais! – ela diz escorada na borda do sofá. – Eu não preciso de você. Quero mais que você saia.

– Nossa, mãe – encaro ela com uma feição dramática. – Pesado esse seu comentário. Eu não criei uma mãe, criei um monstro!

Ela faz uma cara de "pare de drama, garoto!", revirando os olhos.

– Eu fico feliz por ver você saindo por aí – ela diz com aquela cara de mãe como quem diz estar orgulhosa. – E fico feliz por você finalmente ter arrumado um namorado. Achei que esse dia nunca iria chegar.

– Nossa, mãe. Esse foi seu segundo golpe certeiro, só hoje – e ela cai na risada e pula em cima de mim, me enchendo de beijos. – E não somos namorados, okay?

A campainha toca e eu levanto correndo. Corro até a porta, coloco a mão na maçaneta, tiro a mão da maçaneta e corro de volta até minha mãe.

– Como eu estou? – pergunto a ela ajeitando meus cabelos com a mão.

– Você está maravilhoso, Shawn – ela diz com desdenho. Nossa, mãe.

Volto até a porta e abro. Enquanto nossos olhos se encontram, trocamos um breve sorriso, e Gregg me cumprimenta com um beijo, o que, a essa etapa do campeonato, não é algo que me constrange. Porém ele se assusta ao perceber que minha mãe está logo atrás de mim, fazendo uma cara toda romantizada.

– Ah... o-olá, Sra Mendes! – diz ele corado. Minha mãe, que já está do meu lado na porta, estende a mão para ele.

– Oi – ela diz adorando a situação. – Tudo bem, Gregg?

– Estou ótimo. E a senhora?

– Ah... por favor. Me chame de você. Pode não parecer, mas eu ainda sou uma mocinha – minha mãe é profissional em fazer uma pessoa tímida se sentir mais à vontade, talvez por ter que lidar com um filho antissocial todos os dias. – Você quer entrar?

– Não, nós já vamos – Eu interrompo dando um beijo no rosto dela. – Melhor nós irmos. Volto antes das 20h, mãe.

– Sem problemas – diz ela com um sorriso enorme. – Se divirtam, garotos!

Desço os degraus ao lado de Gregg e seguimos até sua moto. Coloco o capacete e subo logo atrás dele. Ele dá a partida, e aceno para minha mãe logo ao sair.

O clima, por incrível que pareça, está fresco e agradável. Chegamos em poucos minutos ao parque e desço da moto para que ele estacione. Assim que acha uma vaga seguimos até a entrada, de mão dadas – e eu gosto disso.

– Me desculpa, Shawn – diz ele de cabeça baixa, mordendo os lábios.

– Pelo o que? – o encaro curioso.

– Pelo beijo... na frente da sua mãe – ele finalmente diz olhando nos meus olhos. – Não deveria ter chegado em você daquele jeito.

– Para com isso, Gregg – eu abro um sorriso e desvio o olhar dele. – Eu gostei, e bom... aposto que minha mãe não viu mal algum nisso. Bem pelo contrário.

Best Fake SmilesOnde histórias criam vida. Descubra agora