CAP.2

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"Before I met her I was sad" -One Last Time/The Kooks

_Obrigado. -você disse tirando o cigarro da boca e sorrindo para mim. Eu não sorri de volta, e então você se calou e dava longas tragadas.

_Por quê está de roupa formal? Em um beco e fumando? -perguntei curiosa.

_Pelo mesmo motivo que você. E...a roupa formal é porque eu estava no funeral da amiga morta da minha mãe. -aquela situação era mais estranha para mim do que para você, provavelmente. Eu sorri.

_Você não sabe os meus motivos. -você me olhou como se tivesse me analisando e voltou a tragar.

_Você deve estar de saco cheio da humanidade. Não é? -isso me fez calar e pensar sobre a minha vida em fração de segundos.

_É. Você acertou, parabéns. -e você sorriu com o cigarro na boca.

Fiquei prestando atenção em você sem ser recíproco, você olhava para todos os lados e coisas, menos para mim, até que meu cigarro acabou e a um tempo atrás fiz uma promessa de fumar só 2 cigarros por dia, e vendo que não tinha nada para fazer, me levantei e peguei minha mochila. Quando estava saindo do beco curto você me parou com suas palavras, elas foram tão simples, mas me causaram um efeito enorme.

_Não sei o seu nome ainda. -você falou calmamente sem sair do lugar.

_Pra que quer saber meu nome se nunca mais vai me ver? -e você me olhou como se eu tivesse te xingado. A meta que eu tinha na minha cabeça era não ser tão fácil assim com você, mas, como não ser olhando para os seus lindos olhos castanhos?

_Estou te vendo agora. -me virei na sua direção e você estava com cara de convencido. E então cedi.

_Margot, Margot Wilkins.

_Prazer, Sam.

_Sam o quê?

_Só Sam. -e você fitava seus sapatos escuros. E isso me deixou com raiva, pelo menos por um momento. Você pensou que eu não era digna de saber seu sobrenome? Realmente não sei o que você pensou naquele hora. Podia ter te perguntado, mas nunca perguntei e nunca fiz questão, era mais legal assim.

_Tá bom "Só Sam". -você sorriu e eu sai do beco sem entender o que tinha acontecido de verdade.

Já estava na hora da saída na minha escola, então entrei no ônibus amarelo e fui para casa. Sentava sozinha, não tinha muitos amigos e nem fazia questão de ter. As pessoas daquela escola me davam ânsia de vomito. A única pessoa que me entendia era o meu irmão mais velho, Charlie, mas ele morreu dois anos atrás. Então eu não ficava confortável para conversar com ninguém. Nem com os meus pais.

Quando eu chegava em casa todos os dias depois da escola, a única coisa que eu queria era ir para o meu quarto e fazer sei lá o que. E então eles "decidiram" que eu estava com depressão. Eu não estava com depressão. Estar deprimida era o meu humor diariamente, mas eu não estava vivendo uma doença, era apenas eu. Eles acreditaram nisso? Claro que não, então tive que ir por 2 meses em clínicas e tomar anti-depressivos. Mas teve um dia que eu fiz um esforcinho e sorri na mesa de jantar, e ai nunca mais tive que tomar ou ir em clínicas psiquiátricas. Meus pais eram malucos, e eu mais ainda. Você falava isso e eu sorria, porque uma vez, vi em algum lugar, que as melhores pessoas são assim.

Chegando em casa, passei pela cozinha e peguei uma maçã, estava morrendo de fome, fumar me deixava com fome.
Subi para o banheiro e tomei um banho. Quando olhei as horas já eram 6:00 pm. Minha mãe me gritou para ir jantar e desci as escadas. Esse dia estava meio remoto.
Comemos a comida com minha mãe e meu pai contando as novidades dos seus trabalhos, que não faziam grande diferença para mim, mas eu prestava atenção, era a minha forma de agradar eles, já que eu só fazia merda de dois anos para cá.

_E então querida, como foi seu dia na escola? -minha mãe perguntou alegre. Queria ter pelo menos 1/3 da alegria da minha mãe.

_Mãe, já tenho 17 anos. Precisa mesmo fazer essas perguntas? -não fui grossa, e sim, calma.

_Queremos saber mais sobre o seu dia a dia fofinha. -meu pai falou e revirei os olhos com o apelido.

_Foi a mesma coisa de sempre. -já tinha perdido a fome e estava só marcando presença na mesa.

_Nenhuma novidade? Nenhum acontecimento extraordinário? -minha mãe perguntou sorrindo.

_Não, nada. -respondi secamente. -Posso ir para o meu quarto? Não estou com tanta fome assim.

_Claro querida, qualquer coisa é só nos chamar. Te amamos! -ouço meus pais falarem em um uníssono, como se fosse ensaiado.

_Também amo vocês. -e subi as escadas em direção ao meu quarto no final do corredor.

Não tinha muita coisa para fazer em casa, eu só ficava no celular, as vezes estudava para não levar bomba no colégio e olhava para o teto pensando na minha vida, que estava um desastre tedioso.

Sabe...naquele dia eu pensei em você, em como nossos olhos se encontraram. Você era misterioso e patético. Eu já sabia o seu tipo, e não gostava nada, mas era diferente, como se você fosse o único. Você sempre foi o único para mim. E mais uma vez naquele ano, eu sorri. 'O sorriso era meu, mas o motivo era você'.


**TRADUÇÃO DO TRECHO**
"Antes de conhecê-la
Eu estava triste" - One Last Time/
The Kooks

CIGARETTE DAYDREAMS :: Kaya ScodelarioOnde histórias criam vida. Descubra agora