É domingo e eu estou na cama. Não dormi nada naquela noite... Tinha a cabeça demasiado ocupada com os meus pensamentos e memórias que tinha com o meu pai. Como por exemplo daquelas brincadeiras que nós fazìamos em jeito de luta e que ele me deixava ganhar. De todas as vezes em que me tinha ajudado. Até das coisas que eu achava não gostar sinto saudades. Todas as discussões que tíveramos pareciam agora tão estúpidas e inúteis. Tempo que passámos chateados, podia ter sido tempo usado para nos divertirmos, rirmos... Para criarmos memórias.
Tudo parecia tão frágil agora que me tinha deparado com o fim inevitável. A morte. Era algo com que eu nunca tinha tido de lidar. Todos falam sobre ela, mas apenas quando nos deparamos com ela percebemos o quão desvastante pode ser.Enfim, o velório foi nesse dia. Levámo-lo para a capela mais perto da sua casa e por volta das 18h começaram a chegar pessoas preparadas para nos darem palavras de apoio.
Palavras estas que eu nunca tinha percebido serem tão vazias. Todos têm tanto cuidado a escolher as palavras utilizadas, quando, por vezes, o melhor a fazer é perdermo-nos no silêncio.
Claro que eu não era a única a sofrer. Eu tenho noção disso e não seria nada senão egocêntrica ao pensar que no meio de tanta gente eu era a única a sentir dor. Mas a verdade é que na altura, eu pensava que só eu sabia o quanto custava perder alguém que lá estivera sempre para nós. Bem, na segunda não fui à escola. Não me sentia preparada para recomeçar já e de certa forma, seguir em frente. Devido ás circunstâncias a minha mãe deixou-me ficar em casa.O funeral ia ser ás 20h. Eu não ia conseguir. Sabia que não. Sou forte mas não sou de ferro. Naquela altura sabia que apenas uma coisa me podia ajudar.
Então pus os fones e lá fui eu. Isolei-me no meu mundo. No mundo onde só entra quem eu quero. Quem eu autorizo que conheça todos os meus pormenores. Sentimentos, pensamentos, memórias e dores. Alegrias, experiências, vícios e manias.
Quase que automaticamente me senti como se me dessem o abraço mais acolhedor do mundo. Como se aquelas músicas me aquecessem o coração. Passado umas horas, ouvi alguém bater á porta. Era o meu irmão:
- Estás pronta?
- Sim, vamos.Menti. Como poderia eu estar pronta para seguir em frente? Como poderia estar pronta para largar um pedaço de mim? Como poderia eu estar pronta para dizer... O último adeus?
Lá fomos nós. Quando chegámos tentei estar com um ar apresentável. Claro que não consegui. Mal vi o caixão desabei. Era como se tudo tivesse acabado. Como se me faltasse o chão.
Não me lembro de alguma vez ter chorado tanto.
À medida que as pessoas foram chegando eu fui-me mentalizando que era agora.
Os presentes disseram as chamadas "palavras bonitas" e contaram histórias que tinham vivido com ele.
Eu limitava me a fazer um sorriso, com o qual eu pretendia ocultar parte da minha dor. Claro que foi uma tentativa falhada e eu comecei a chorar.Enfim, o tempo foi passando e chegou a pior parte. Ver alguém que nós amamos partir... É a pior sensação do mundo. Quando tudo acabou voltei a isolar-me e mais uma vez a música conseguiu amainar a tempestade que rebentava dentro de mim.
E assim foi o adeus
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Hold On - A Shawn Mendes Fanfiction (Portuguese)
أدب الهواة"Tu foste a melhor coisa que já me aconteceu. Disso não duvido, e não interessa quanto tempo passar continuarás a ser. Porque às vezes as melhores coisas acontecem por acaso, e tu? Tu és o melhor acaso da minha vida"