Hold On - A Shawn Mendes Fanfiction (Portuguese)

Quero fugir

Agora até as coisas mais pequenas me fazem stressar a um tal ponto que na maioria das vezes acabo a chorar.

Aliás a minha mãe até pensou em pôr-me em consultas de psicologia porque aparentemente eu encontrava-me numa situação de depressão.

As únicas coisas que me animam ultimamente são os meus ídolos e os amigos mais próximos.

Enfim, nesse dia fui á escola e mal cheguei a minha amiga Matilde veio logo ter comigo
- INES OMG!! nem sabes!
- O que é que aconteceu?
- O rapaz da gelataria viu-me na rua, acenou-me e disse olá!! Ele era tãooo giroo
- Ainda bem Matilde hahaha. Olha tenho de falar contigo.
- Então anda cá...
*trrrrrriiiiiiiiiiiim* (a campainha da escola tocou)

- Okay falamos logo no próximo intervalo!!!- disse eu

Fomos para a sala e tivemos outra vez uma daquelas aulas de físico-química que fazem olhar para as paredes ser ainda mais interessante que aquilo. Aquela uma hora e meia passou tão devagar!! Enfim *trrrrriiiim* era a hora de sair.
"Meninos, TPC pág. 27 do manual!!"

Agora estava-me a preparar mentalmente para a carga emocional que aquela conversa iria ser. Era a primeira vez que ia falar sobre a morte do meu pai com alguém.

Fomos para um sítio sossegado e sem muita gente. Sentámo-nos, eu respirei fundo e disse:
- Sabes aquele polícia que... Que.. Foi alvejado? - com as lágrimas nos olhos.
-Não... não.. Diz-me que não! Oh Inês anda cá!!
E puxou-me para um abraço super apertado que foi bastante reconfortante.
-Ele... Ele.. Morreu. - E desabei em lágrimas
A Matilde limpou-me as lágrimas com as mãos e disse-me
- Inês, tens de perceber que ele não foi embora. Ele esteve, está e estará sempre aqui. E isto não é um adeus. Agora levanta cabeça. Ele não iria querer que estivesses neste estado- e beijou-me a testa- Sê forte. Eu estou aqui para ti, nunca te esqueças disso. Eu adoro-te.
-Obriga...obrigadda - e esbocei um sorriso afetado.
As conversas com ela fazem-me sempre sentir melhor.
-Tenho tanta sorte em ter - eu disse
- Nem imaginas o quão sortuda eu sou por te ter a ti também. - sorriu

Considero-a uma irmã. Já nos conhecemos desde o infantário e desde aí que somos melhores amigas. E íamos fazer 16 anos naquele ano.

Desde o que aconteceu a minha mãe anda a ser muito mais simpática comigo mas hoje...
Abri a porta de casa e ouvi
"Inês. INES NÃO FINJAS QUE NÃO ME ESTÁS A OUVIR"
- Diz mãe.
- Anda cá, temos de falar.
- Mas mãe agora tenho de ir fazer os trabalhos, não pode es..
- Não, isto é importante.

Pousei a mochila e sentei-me ao seu lado no sofá.

- Filha tenho de te contar uma coisa.
Milhões de pensamentos me ocorrerram, mas o que ela disse não se incluia lá.

- Espero que entendas. Como sabes, já há muito tempo que estou descontente com o meu trabalho e na semana passada fizeram-me uma oferta que me agradou bastante. Convidaram-me para ser editora de um grande jornal.
- Mas mãe isso é ótimo, aceita!
- Filha o problema não é esse. O trabalho que me ofereceram não é propriamente perto.
- Oh mãe também não há de ser assim tão longe! E tu tens carta de condução e carro.
- Mas não me deixaste acabar.. O trabalho é no Canadá.
- Wow... Hm... E isso quer dizer que irias viver para lá...?
- E tu vinhas comigo. Vou-te dar tempo para pensar.

Bem, não estava nada á espera desta. Eu entendo, é muito importante e seria bom para ambas. Aliás, sempre pensei que queria para longe... Fugir. Mas agora que posso, não sei se quero realmente. Então e os meus amigos? E os meus avós? E toda a gente? E tudo? Toda a vida vivi aqui, com um certo grupo de amigos, fazendo as coisas acertadas.
E agora, a vida que eu passei 16 anos a construir pode-me ser tirada num piscar de olhos? Só conseguia pensar nos bons momentos que ali tinha passado. Deixar tudo aquilo para trás seria muito difícil. Apesar da minha mãe dizer o que diz e fazer que faz, é a minha mãe. E eu não posso simplesmente destruir-lhe esta oportunidade. Vou dormir e pode ser que a seguir de uma noite de sono consiga ter a cabeça mais organizada.