Gabriel

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Ao chegarmos em casa, Miguel trancou todas as janelas e portas do andar em que estávamos,
pegou a lança de prata que estava em presa dentro da sua botina e começou a fazer cortes em sua mão, o que provocou uma luz forte que me cegou por alguns segundos.

Após recuperar a visão, o vi fazendo alguns símbolos com seu sangue por de trás da porta, logo depois partiu para o chão de entrada e depois para as vidraças.

~Que isso? -Me sentei no sofá o observando.

~Sigilos de proteção. -Ele não desviou seu olhar.

~Tem alguém nos seguindo? -Disse apreensiva.

Ele permaneceu quieto e concentrado na sua obra de arte.

Fui para meu quarto e chegando lá, um homem de cabelos castanhos lisos e olhos negros encontrava-se em frente a minha janela observando a vista, vestia um sobretudo cinza que caia até o chão, em suas mãos existia uma tatuagem que me parecia ser um triangulo em forma de espirais.

~Você deve ser a protegida de Miguel, ele está aqui? -Indagou em um tom agudo.

Quando pensei em gritar por Miguel, ele aparece na porta e me puxa delicadamente para trás, se colocando em minha frente.

~Astril? O que você quer? O símbolo não funcionou para você?

~Eu não vim aqui ferir vocês, vim notificar você que ela está em perigo. -Disse o outro anjo. Seu olhar pareceria perdido e sua voz tensa.

~Eu já estava aqui antes mesmo do sigilo ser feito, ele repele a entrada, não a presença.

~Fora que você só protegeu o andar de baixo, irmão, esse andar está vulnerável.

As asas de Miguel apareceram e ficaram apontadas a ele, de forma que em qualquer movimento que o Arcanjo desse, Astril seria rasgado ao meio.

Permaneci em silêncio.

~Diga algo que eu não sei. -O tom de voz de Miguel soou alto e seco.

Astril balançou sua cabeça negativamente.

~Os nossos irmãos fizeram uma blasfêmia.-Ele me olhou.

Um estrondo no andar de baixo ecoou pelo quarto, ouvia pessoas falarem alto fora da casa, mas não conseguia compreender o que diziam.

~Estão tentando arrombar a porta. -Disse fechando a porta do meu quarto.

~O que está acontecendo, Astril?! -Miguel foi para cima do irmão e o prensou contra a parede, derrubando todas coisas que estava em cima de minha escrivaninha.

Colocando as pontas de uma de suas asas, na garganta do sujeito, Miguel o prensava cada vez mais.

~Surgiu um pacto entre o céu e o inferno, quem conseguir a garota, tem livre-arbítrio de fazer o que bem entender.- Disse com dificuldade.

~Meu Deus, eu valho tanto assim? -O olhei.

~Miguel, você não a contou? -Astril sorriu.

Seu sorriso era bonito, branco como a neve. O Anjo então com o impulso de suas asas, joga o irmão a uma certa distância, para que pudesse se achegar a mim.

Miguel rapidamente aparece em sua frente e o impede de prosseguir, colocando sua mão em seu peito. A mãos de Miguel eram grossas e grandes, suas veiam saltavam, e em seu dedo mindinho, localiza-se um anel em forma de caveira.

~Não se aproxime.- disse ele com um olhar frio e com a voz áspera.

~Não me contou o quê?-Fitei meu olhar para os olhos verdes do Arcanjo.

~Deixa-me mostrar uma coisa. -Ele retirou a mão de Miguel do seu tórax.

Um som estrondoso de trovão ecoou na minha rua, logo após, o barulho de uma janela se quebrando no andar de baixo deixou tudo em perfeita desordem. As asas dos anjos se abriram novamente, de modo que, esperassem o pior.

Astril pegou a adaga que estava presa em sua cintura e logo depois minha mão, assim fazendo um pequeno corte em minha palma.

~Ai seu maluco, o que você tá fazendo? -O questionei com minha voz alterada puxando minha mão de volta.

Miguel o jogou contra a parede de meu quarto e com a força do impacto, fez com que na parede criasse uma cratera.

~Maldito -Disse ele pegando Astril pelo pescoço e o levantando.

Um barulho de tudo se quebrando tomava conta do local, mas tudo foi ignorado quando minha mão começou a queimar.

~Olhe sua mão, pequena -Disse o anjo com dificuldade e apontando.

De minha mão, uma luz violeta saiu, ela fez com que as luzes de meu quarto estourassem, o que fez mais uma vez sermos engolidos pelo escuro.

~O que é isso?- Perguntei.

As asas do Anjo que estava prensado na parede se abriram fizeram um vento forte fazendo com que Miguel o soltasse e se afastasse outra vez.

~Você é uma Nephilim de 2 grau, neta de um cavaleiro infernal e protegida por um Arcanjo. Você é um perigo a nós e servirá como cobaia aos demônios.- Astril dizia enquanto se aproximava.

~ Conforme nosso irmão fica perto de ti, esse poder é ativado; Antes dele caiu, ele era apenas um gene recessivo em seu DNA. -Continuou.

~Você sabia esse tempo todo? - Fitei meu olhar aos de Miguel.

Quer dizer que eu não estava passando por tudo isso apenas porquê um Arcanjo caiu por mim, e sim porque eu era uma mistura de raças. Haniel tinha razão, pensar que a pessoa por quem eu estava apaixonada escondia um segredo sobre mim tão grande assim, me fazia odiá-lo, mesmo pensando que era impossível.

A porta do meu quarto foi arrombada por um vento muito forte. Um homem com pele clara e olhos amendoados apareceu no corredor, pude ver seus cabelos castanho claro e, sua vestimenta que era um sobretudo preto com uma blusa branca de baixo baixo e calça rasgada. Conforme ele se abeirava da escuridão de meu quarto que agora estava sendo iluminado pelas luzes do corredor, apenas seus olhos ficavam nítidos.

~É.. a história é mais ou menos por aí mesmo.- o homem riu sarcasticamente.

~E antes que me pergunte, Cavaleiro Infernal é um anjo caído na era de Samael, eram aqueles que se juntaram à rebelião, e então na queda se tornaram os primeiros demônios por assim dizer. Sendo assim minha querida, você tem o poder de um anjo caído circulando em suas veias, que foi ativado imprudentemente por nosso líder aí. -Ele riu.

Vi sua silhueta se aproximar.

~Já a questão Nephilim, não levamos muito em conta, já que o que pode nos destruir mesmo é esse seu maldito poder infernal.-Continuou.

~Gabriel... -Miguel me puxou para perto dele.

~Nada disso. ~Gabriel me puxou de forma agressiva e com auxilio de asas fez um vento tão forte que Miguel voou para a parede.

Demônios e anjos entravam pela porta de meu quarto, uns com olhos roxos e vermelhos, outros com asas e olhos claros; todos eles partiram para cima de meu protetor e Astril. Tentei me soltar mas quanto mais me mexia, mais forte Gabriel me segurava.

~Aquieta-se.

Luzes e trevas saiam daquele amontoado de pessoas no centro quarto, grunhidos de dor e raiva. Conseguia ouvir Miguel, mas não formava frases coerentes.

Gabriel estalou os dedos e desapareceu comigo.

A Lua do meio-diaOnde histórias criam vida. Descubra agora