Ela é um lobisomem.

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Minha vontade era de abrir a porta e correr para o andar de baixo, ver o que estava acontecendo e se Miguel estava bem. Coloquei a minha mão na maçaneta, a sombra que cobria a porta, janela e paredes, cobriu toda extensão de minha mão e subiu até meu braço.

~Por favor.. -Sua voz falhou.

Nathaniel tentou se levantar e ir até minha direção novamente, entretanto não conseguiu. O brilho de seus olhos estava se apagando, o que me preocupou.

Eu não podia deixá-lo ali, naquele estado, mesmo que embora meus pensamentos estivessem em Miguel e se ele estaria bem. Andei até ele e o ajudei a levantar, o coloquei gentilmente na cama repousando sua cabeça em minhas coxas.

Os barulhos estrondeantes que vinham lá de baixo, cessaram. No momento que me dei conta, meu coração parou de bater por alguns milésimos de segundos. E se algo realmente tivesse ferido Miguel? Ou pior.. o matado?!

Não, isso não aconteceu.

Sussurrei pra mim mesmo enquanto balançava a cabeça negativamente afastando os pensamentos.

O fato de enxergar muito bem no escuro, ainda me assustava, eu conseguia ver nitidamente Nath deitado todo estirado sobre a cama, com seus cabelos cobrindo seu rosto; ou então as sombras cobrindo todo o quarto. O símbolo desenhado na porta, cintilava um brilho indescritível, mas era a única luz do quarto.

Lancei um breve olhar para a mão machucada de Nath, o remendo de minha blusa que estancava o sangramento, estava todo manchado. Me perguntei se já havia parado de sangrar, então bem lentamente tiro o trapo de sua mão e vejo o corte já cicatrizado, o que me fez soltar uma respiração de alívio.

Me levantei devagar e tomando muito cuidado  para não acorda-lo, sentei-me na janela.

Não dava para ver nada, a visão que antes dava para as casas ao redor, para o céu nublado, para as árvores ao horizonte, agora estavam substituídas por uma sombra negra, todo o quarto na verdade.

Ouço o barulho da maçaneta se virando.

Merda!

Pensei.

Me levantei bruscamente e me aproximei aos poucos da porta.

Novamente alguém tenta abrir a porta, mas sem sucesso.

~Serena, abre. -Ouço a voz do outro lado.

Ela era bem familiar, grossa, sexy.. Eu sabia quem era, ou quem parecia ser.

~Miguel? É você? -Perguntei colocando minha mão na maçaneta prestes a girar e quebrar a proteção.

Mas não podia cair nessa, não sem alguma prova, dessa vez eu estava sozinha, quer dizer, mais ou menos. Não que Nathaniel fosse me ajudar, ele estava 13º sono.

~Me prove que é ele e eu abro.-Disse friamente.

"Se quiser eu digo que aconteceu com a gente antes..." Disse ele em minha mente.

Antes dele terminar a frase, coloquei a mão dentro da sombra e destranquei a porta. Toda aquela escuridão que encobria o quarto voltou para dentro do símbolo criando uma enorme rachadura na madeira.

Ele sorriu ao me ver.

~Esperto e burro ao mesmo tempo.

A Lua do meio-diaOnde histórias criam vida. Descubra agora