✩ Prólogo ✩

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"Eu nunca pensei que algo assim aconteceria, mas quando abri meus olhos ali já estava. Talvez eu não devesse ter falado com aquele lindo garoto misterioso, mas... Algo dentro de mim me diz que estou no lugar certo." -Alice

Autora Narrando

Alice andava pelas ruas da Carolina do Sul com sua mala cor de rosa, ela não tinha pra onde ir. Ela deveria está indo pra casa de sua melhor amiga Victoria, ou melhor, Ex melhor amiga, depois que Alice flagrou ela e seu, agora, ex namorado Kevin em um momento não muito favorável, esses planos mudaram. E Alice agora em seu 1° dia com 18 anos, não tem para onde ir. Ela poderia voltar ao orfanato e pedir para as freiras e a diretora Alexia a deixar ficar mais um tempo, mas ela não queria dar problemas a diretora Alexia, ela sabia que assim que as meninas completasse 18 anos, deveriam seguir os seus caminhos.

Alice se sentou no cais, e ficou olhando o mar, ao outro lado tinha uma outra parte do cais, (o cais era em formato de uma meia lua) onde estava uma mãe com o seu filho, Alice os olhou. Ela nunca ouviu falar de sua mãe. Apenas apareceu no orfanato dentro de um cesto no meio de uma noite fria. Clichê? Muito. Alice não conseguia entender o porque da sua mãe não deixar nada com ela. As outras meninas que foram abandonadas no orfanato tinham alguns objetos que eram de seus pais biológicos. Mas Alice não tinha nada. Alice desejava que sua mãe estivesse bem, mesmo se as duas não se encontrasse futuramente, ela queria que a mãe fosse bem cuidada e protegida por alguém.

Ela sempre foi uma garota doce, que via o melhor em cada um. Ela gostava de confiar nas pessoas, de acreditar que as pessoas tinham sempre algo bom dentro delas. Ela não acreditava na maldade. Bom... Não até as duas pessoas que ela mais confiava a traírem. Ela tentou perdoar Victoria e Kevin, tentou mesmo, mas ela simplesmente não conseguia, sua confiança neles foi quebrada no instante em que Alice abriu a porta e os viu no quarto de seu Ex namorado. A verdade é que depois de 5 meses de namoro de Alice e Kevin, ele começou a ficar também com Victoria. Alice tinha 1 ano e 2 meses com Kevin. E Victoria tinha 11 meses com ele. Como eles puderam mentir durante quase 1 ano pra ela? Ela simplesmente não consiga entender como as pessoas poderiam ser maus a esse ponto.

-- Alice Narrando --

Observava a mãe e o filhinho brincarem olhando os navios ao longe, então a mãe se levantou e disse algo ao seu filho apontando pra uma lanchonete um pouco longe dali, mas do cais dava pra vê-la. O menininho balanço a cabeça sorrindo, e a mãe saiu. Ele batia os pés na água e sorria quando ouvia as buzinas dos navios. Ele nem se importava em estar sozinho, pois sabia que sua mãe logo voltaria.

_ Ai Alice, oque você vai fazer com sua vida? Não posso voltar pro orfanato e fazer tia Alexia se preocupar comigo, já tenho 18 anos e já dei muitos problemas pra ela. Nunca mais quero ver Victoria nem Kevin novamente. Não trabalho. Não tenho dinheiro. Como pude chegar no fundo do poço tão rápido? Parece que tudo vai dar errado sempre!

_ As vezes o nosso "Sempre", dura apenas alguns segundos.

Ouço uma voz rouca atrás de mim e me assusto. Levanto e vejo um garoto de cabelos platinados, com roupas meio "antiguadas", e olhos tão azuis que acabei me perdendo neles. Talvez fosse coisa da minha cabeça, mas juro que pareceu que a iris de seus olhos brilharam, fazendo os olhos azuis dele cintilarem. Desvio de seus olhos e volto a me sentar na beira do cais, agora focando a minha atenção em meus pés descalços dentro da água gelada do mar.

_ Seu nome é Alice?

Ele pergunta e acabei sentindo um frio percorrer o meu corpo. Como ele sabe meu nome? Como ele sabia que eu estaria aqui? Nem eu mesma sabia que viria até aqui hoje. Ele continua me observar esperando pela minha resposta. Mas eu apenas continuo a encarar a água.

_ Não irá me responder? Achei que era uma garota educada. Parece que me enganei. _ Ele diz e se senta ao meu lado.

_ Não converso com desconhecidos. _ Falo e me afasto pro lado deixando uma distância entre nós dois.

Ouço sua risada.

_ És realmente uma criança. Você merecia mesmo esse lugar.

_ Oque? _ Pergunto olhando para ele e quase me perco novamente naquele incrível tom de azul.

_ Achei que não falava com estranhos, Alice.

_ Nunca te disse que meu nome era mesmo Alice.

_ Não preciso que me digas. Porque você gosta tanto daqui?

Essa pergunta me deixou pasmas, como ele sabe que gosto daqui? Ai meu Deus ele é um perseguidor? Devo correr e gritar por ajuda? O olho novamente e vejo uma leve brisa balançar seus cabelos enquanto ele mexia seus pés na água. Eu deveria me levantar e ir embora, do que ficar aqui conversando com um garoto desconhecido, que sabia mais sobre mim do que deveria. Mas... ele não me parece alguém mal. E quando percebo já estava o respondendo.

_ Eu gostava de vim aqui tomar sorvete, ficar olhando pro mar, ver os navios e sentir o vento no meu rosto. Mas ultimamente venho porque me sinto mais encantada pelo mar do que de costume. _ Encaro a imensidão do mar.

Ele me olha.

_ Não conseguimos ver o final dele. Assim parece até que ele é infinito. Mas.. Do outro lado, tem outro lugar, outras pessoas, outras coisas, outro... Mundo. _ Falava desejando estar em outro lugar que não fosse aqui, olho para minhas malas ao meu lado e dou um longo suspiro.

_ Se sente preparada pra encarar um outro mundo, um tanto diferente do seu?

_ Ãhm? _ Olho pra ele, que apenas se levanta e calça seus sapatos.

_ Olha a hora, já está tarde. Tenho que ir. _ Ele fala olhando o pulso.

_ Oque? Mas você nem está de relógio.

Ele apenas me dá um sorriso de lado.

_ Até breve, Alice. _ E dizendo isso vejo o mesmo efeito cintilante de antes em seus olhos.

Ele vai embora sem olhar para trás.

Então vejo sua silhueta desaparecer depois de uma certa distancia. Continuo ali parada olhando o mar e alguns navios grandes passarem, até que ouço um barulho do outro lado do cais. Era o menino! Ele havia caído dentro do mar. Ele não conseguia voltar pro cais e ia se afastando mais. Me levantei assustada, não havia ninguém perto. Demoraria muito para dá a volta e chegar do outro lado do cais. Então sem pensar duas vezes me joguei na água e nadei até o menino.

A distância entre um lado do cais e o outro era grande, então foi um pouco cansativo chegar nele, ele não parava de se mexer, e isso estava fazendo ele se distanciar muito mais de onde ele estava.

_ Calma, eu te peguei. _ Falo puxando ele pra cima e vendo que ele estava ficando sem ar.

Ele se apoia em mim, mesmo cansada o carrego em direção ao cais onde ele estava. Quando estávamos chegando perto, eu o pego e o empurro com força pra lá. Ele segura na ponta do cais e faz impulso pra levantar e sair da água, ouço o grito de sua mãe correndo até ele. Quando o empurro, perco minhas forças, e o cansaço me vence. Estou longe do cais, e vou afundando....

Estou completamente submersa a água, e continuo afundando cada vez mais, meus olhos se fecham. Eu continuava a descer e descer, sem nunca chegar ao fundo. Deveria está aterrorizada, mas de certa forma estava calma. Parecia que tinha passado da profundidade do mar onde havia mergulhado e que tinha entrado em outro mar. Abri meus olhos e vi a luz do sol em cima da água, então percebi que eu não estava mais descendo, mas estava flutuando indo em direção a superfície. Então minha cabeça saiu pra fora d'água e pude respirar novamente.

Eu não morri? Nunca fiquei tanto tempo debaixo d'água, como isso aconteceu?

Olhei pra frente e não era só essas as perguntas que eu tinha. Senti a areia no meus pés, eu não estava mais no fundo. Mas também não sabia aonde eu estava. Olhei pros lados, para trás e ficava ainda mais assustada.

Eu não estou mais na Carolina do Sul.

Uma Alice nada perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora