Folhas de Outono II

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    Já se passaram quase dez anos desde o caso de C., não posso dizer que me recuperei ou superei este fato, até porquê ter uma vida sexual ativa é algo difícil para mim. Estar com alguém de forma tão íntima é apenas um prazer temporário, é algo bom naquele momento, mas quando o orgasmo acaba vem a sensação de culpa.  

    "Eu sou a culpada. Isso é errado. Não deveria estar fazendo isso. Porque diabos estou aqui? Saia correndo, fuja o mais rápido possível, isto é errado, e se alguém descobrir?"

    Isso me atrapalha muito, todas as vezes em que tenho algo com alguém e nossa relação se desgasta o pensamento volta à minha mente.

   "Isso é culpa minha, você não deveria ter transado com ele, você não é mais pura por ter feito isso, e é por este motivo que ele não te quer. Homens não querem meninas impuras."

    Talvez, o fato de pensar assim esteja em meu subconsciente e meus gostos sexuais sejam um pouco peculiares, não, eu não gosto de coisas nojentas e não quero ninguém me queimando com um maçarico. Gosto de coisas diferentes, apenas isto, fui mal acostumada como me disseram certa vez.
     Acho que está em meu subconsciente, devo me punir por ter sido a vítima quando menor, acho que devem me machucar fisicamente por isso. É doentio? É loucura? Bem, pense como quiser. Mas saiba que, contato físico com uma vítima de pedofilia não é tão simples quanto parece, não são apenas palavras bonitinhas que farão a diferença na vida da vítima, às vezes, em alguns momentos, as lembranças voltam e o nojo do contato também.

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