Capítulo 22

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Tomei um longo e demorado banho, coloquei o roupão e deitei um pouquinho. Iria esperar por Anthony e depois me arrumar. Quem sabe uma rapidinha? Que nada! Dormi profundamente apesar de toda excitação do dia.

Meu maravilhoso marido deve ter pensado o mesmo quando me viu deitada, pois quando acordei com seu ronco no meu ouvido, vi seus cabelos úmidos e estava também usando um roupão felpudo.

Olhei no relógio e percebi que já eram onze da noite. A casa estava em silêncio. Provavelmente já tinham ido para a missa e não quiseram incomodar os recém casados.

Mal imaginam eles que estamos acabados, dormindo sem ao menos ter trocado a mínima carícia!

Vou me levantar para espiar pela janela, mas assim que a cama secular de ferro forjado range e o colchão macio balança, meu marido desperta e enfim para de roncar.

-Dio mio! Que horas são? Deitei um pouco ao seu lado e perdi a hora! Preciso te levar para a cidade.

-Calma! Que agonia por uma missa! São onze e pouco, ainda dá tempo de encontrar o pessoal lá na igreja!

Sentou na beirada da cama sorrindo com uma cara de moleque aprontando algo.

-Nem me venha com este sorriso torto senhor Giacomelli. Não temos tempo pra lua de mel agora. Se quer ir para a missa se apresse. – Joguei uma calça jeans em cima dele que gargalhava sem parar.

Com uma rapidez invejável, nos arrumamos e partimos para a igreja que naquele mesmo dia tinha sido palco de nossas juras de amor.

Chegando lá, avistamos muita gente. Muitos locais e alguns rostos familiares. A igreja estava lotada, o que era bom, pois o frio estava cortante. Fiz questão de vestir um casaco de lã Alexander McQueen branco. Eu ainda era a noiva do dia! Por baixo usava legging térmica rose, um suéter um pouco mais longo bege e botas caramelo. Mantive meu cabelo semi preso, com as trancinhas segurando as laterais e o restante caindo nos ombros. Ainda estava me sentindo angelical.

Anthony vestia um casaco preto longo, parecendo um gangster escondendo uma metralhadora por baixo dos trajes. Meu Deus, deixe ele imaginar que penso estas coisas que ele fica um mês sem falar comigo! A verdade é que estava com tanta pressa que nem reparei que roupa ele estava colocando. Até chegar na igreja, usou um gorro de lã preto que o fazia parecer ainda mais um marginal, o retirou e depositou no bolso do casaco ao entrar.

Seu amigo inseparável, o celular, estava em suas mãos e ele não parava de digitar. Lembrei do que Karen tinha me adiantado mas olhando para seu rosto, a expressão que ele transparecia não era de tensão. Seja lá o que estava o ocupando naquele momento, ele estava curtindo, então retornei minha atenção a missa e continuei tentando compreender o que o senhor baixinho e barrigudo, lia no púlpito.

A missa ainda não tinha terminado quando Luiggi e Francesca se aproximaram. Estranhei vê-la ainda toda maquiada e usando saltos naquele frio. Vestia um casaco preto que deixava suas panturrilhas a mostra, usando somente uma meia calça grossa. Sabia que ela tinha estilo, mas tudo isso para tomar vinho na rua com os amigos e depois voltar para casa para cuidar dos bebês?

Eles nos puxaram para fora da celebração e ao sairmos encontramos outros rostos conhecidos. Giulia, Beppe e Gianfranco nos esperavam com uma jarra de vinho quente e canecas nas mãos. Nos servimos e achei extremamente excitante como Anthony saboreou o tal de Vin Brule. De olhos fechados, engoliu o líquido quente, repleto de especiarias, aproveitando cada gota de aroma e lembranças que aquela simples bebida remetia a ele.

Fiquei de boca aberta, salivando, só de observar ele mexendo os lábios para sorver o final daquela experiência sensitiva. Eu estava sedenta por ele.

Destino#BellagioWhere stories live. Discover now