"I know I'm not your only, but at least I'm one. I hear a little love is better than none."
Just a Little Bit Of Your Heart – Ariana Grande / (+ Hood – Perfume Geniu)
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Não é porque eu sabia que ia acontecer que doía menos.
Eu fingia dormir, mas conseguia ver suas formas desfocadas enquanto ela recolhia suas coisas pelo quarto. O chão de madeira vestia melhor suas roupas que seu corpo, mas aquilo ela não parecia entender. Só respirei quando ela fechou a porta. Era nossa escolha, evitar despedidas. O silêncio do vazio de Lauren era melhor que o silêncio constrangedor de sua presença e mesmo que existisse esse acordo sigiloso entre nós, mesmo que eu soubesse, e ela também, que outrora era verão e agora era inverno e tarde demais para qualquer tipo de novo acordo, meu peito se apertava em si cada vez que ela voltava - e ela sempre voltava, mesmo que eu não entendesse o motivo.
Acostumei-me com a saudade dos toques; quando ela vinha e quando ela os deixava em mim. Eu não podia evitar de espalhar meus dedos entre seus cabelos ondulados e eu não podia evitar de fechar os olhos para guardar o perfume que ela deixava em meu colo. Quando todos riam dentro do carro só o que eu pensava era que aquela rua nunca acabasse e que aquela noite durasse mais um pouquinho. Eu pedia: só um pouquinho mais, por favor!, só um pouquinho dela em mim, só por mais um tempo, por favor.
Ela não era minha e também nunca me pediu para ser dela. Naquela época eu também queria ser de todos, mas cada vez que ela voltava eu me sentia mais presa na espiral viciante que eram seus lábios chocando-se contra os meus dentro do elevador.
A primeira vez que transamos ela namorava uma menina com meu nome. Achamos graça. Era divertido, lá atrás, deixar que ela me usasse daquela forma, porque de certa maneira eu também estava tomando um espaço de outro alguém. Eu ficava pela parte que ela me permitia usar e pensei por muito tempo que o era um sentimento mútuo, que ela só tinha também aquele pequeno pedaço meu, até a primeira vez que a vi com outra pessoa e percebi que ela me usava inteira.
Briguei como um filho único briga por atenção, em calados gritos do meu mais profundo silêncio. Lauren, tão bem como só ela podia, entendeu cada uma das palavras que eu engoli e também não permitiu distância. Tentou me mostrar que a vida era mais do que uma soma de corpos conhecidos e que o estar e o não estar são compassos dispostos do tempo e nem sempre precisam andar juntos com uma forma física apropriada.
Ela me disse isso e uma outra série de porquês que não significaram porra nenhuma, porque eu ainda a queria. Só um pedacinho que fosse, só um pedacinho, só pra mim. Seus lábios com gosto de cigarro e sua língua de vinho. Seu perfume masculino e amadeirado ficava na minha roupa enquanto ela passava os dedos por baixo da minha camisa até meus seios, sem permissão; ela não precisava, ela sabia, sentia a resposta do meu corpo apenas à sua respiração quente no meu pescoço e eu sentia a dela. Ela sempre me beijou primeiro. Ela me procurava e tremia seu corpo nu embaixo do meu, mas o que eu era para Lauren, além de um rompante noturno de carência?
Tentei lhe explicar minha urgência por pontos definidos; que ela era uma baile dançante de salsa, cheio de corpos suados e sorrisos, mas eu queria mais que aquilo e eu não deixaria que ela levasse mais nenhuma parte de mim. Ela novamente me deu uma série de porquês que não adiantou, novamente, porra nenhuma, porque eu estava preocupada demais em sentir sua língua brincando pelo caminho que ela tão bem conhecia, abaixo do umbigo, dentro de mim.
E voltamos aqui, agora, e eu tentando deixar de lhe explicar qualquer coisa que fosse, porque não adiantava e eu não tentaria de novo; eu só queria aproveitar mais um pedacinho dela antes de largar mão. Eu não suportava mais sentir seu cheiro no meus lençóis e acordar com bilhetinhos queridos e vazios. Eu não queria nem saber quem quer que fosse que também ganhava seus bilhetinhos azuis de amor, porque apertava em mim a saudade de tudo que ela era e podia ser por nós, mas não seria, porque eu a conhecia e entendia seus medos e por isso a detestava ainda mais por tê-los e por me fazer os entender e a amar mesmo assim.
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madness [one-shots]
Fanfictionone-shots diversas sobre Camren e algumas piras dançantes. "Não é porque o céu está azul que não vai chover. Quando você passa tempo demais na caverna, poderia dizer: a caverna é ele ou a caverna é você?"