Laucy!? Especial L2 DAY

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  - Você disse lésbica?

Não repeti. Não seria necessário, mas eu tinha a impressão de que minha última frase ecoava na sala. Lauren me encara incrédula, seus olhos estavam num tom escuro, sua pele também estava numa leve mudança de cor, ela limpou o restante das lágrimas num ato rápido. Acho que fiz algum comentário que ela não gostou.

- Foi isso a única merda que você escutou? — ela estava tão chateada e nervosa, eu não estava entendendo.

- Quê? Lauren... O que você fez?

- O que VOCÊ fez, Camila. Aliás o que você NÃO fez — ela gritou levantando-se do sofá.

- Certo, — cocei levemente a cabeça — você me deixou entrar com a expectativa de transarmos, eu entendo... É que você estava muito sentimental e eu imaginei que estivesse naqueles dias.

Levantei-me em seguida, procurando por alguma explicação, o que deu nessa mulher? Lauren caminhou de forma extremamente nervosa e abriu a porta do apartamento. Ela estava me expulsando?

- Isto não seria um paradoxo? "Lauren quer transar. Lauren expulsa Camila do apartamento".

Ela não respondeu, apenas fechou os olhos com raiva e esperou que eu passasse pela porta.

- Oh filé... Não precisa disso. Nós podemos resolver essa situação — caminhei em sua direção e a puxei pela cintura.

Eu já ganhei muitos tapas na cara durante minha jornada como uma conquistadora, mas aquele ultrapassou todos, eu quase senti meus dentes gritarem, minha bochecha certamente gozou. Foi um tapa estalado, daqueles que a marca demora dias para sair.  Não tive tempo para pensar ou falar mais alguma coisa.

Lauren me empurrou para fora do apartamento, fazendo com que eu me desequilibrasse e caísse devido à minha perna quebrada, ela pareceu se preocupar, mas fechou a porta em seguida. Decidi ficar no chão mesmo, estava confortável, na mesma posição, ele era de carpete e estava aconchegante demais. Olhei para o teto por algum tempo, minha intenção era pensar na onde eu errei, mas me distrai e comecei a pensar em mulher.

Levantei-me com dificuldade, apoiando na minha muleta, decidi dar uma volta na rua para tentar pensar em algo que divergisse de vaginas, desci pelo elevador, quando passei pelo porteiro eu o avisei que voltaria em algumas horas e Lauren já estava avisada. Precisava ser esperta, ela não me deixaria voltar por livre e espontânea vontade.

Já era quase noite, o domingo continuava com sua aparência cansada, e eu o acompanhava nesta dança. Parei em um boteco e comprei um vinho barato, sentei-me na praça, era mais uma noite quente no Rio de Janeiro, mal dei duas goladas e já estava melancólica. Quando você começa perceber o movimento da cidade por trás do que ela aparenta ser, em vez de olhar as mulheres passando, é sinal de que você está embriagado, seja por alguma droga, um vinho barato ou por ter bebido dose demais de um amor.

Enquanto o álcool entrava no meu corpo, meu lado estúpido saía, pelo menos temporariamente. Ah, como eu amo o Rio de Janeiro! Cidade dos boêmios e apaixonados, onde a sociedade diverge dos loucos aos mais serenos, gente que vive as poesias do calçadão e quem não vê nada além de arquitetura.

Algumas horas depois eu via apenas traços de luzes, o conteúdo barato parecia ter maior efeito em mim do que bebidas sofisticadas, levantei-me com dificuldade, desta vez não por causa da perna quebrada, mas por excesso de álcool. Andei pelo caminho do apartamento de Lauren, tentando me manter em pé após beber de estômago vazio uma garrafa inteira sozinha. Estava conseguindo me equilibrar bem na muleta, até que tropecei em algo:

- Toma cuidado, caralho — a pessoa gritou.

Olhei para baixo, uma mulher estava deitada no buraco entre a rua e a calçada. Claramente na mesma situação que eu, decidi sentar-me ao seu lado, sem conhecê-la.

Construindo Barreiras (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora