Estranho Conhecido

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Sabe quando você olha pra uma imagem e fica sem fôlego? Era assim que sempre me sentia, quando passava pela Floresta Vermelha.

As mais diversas flores, cheias de cores e de vida me rodeavam e exalavam seu perfume enquanto as via dançando sob o vento. Borboletas voavam, alegrando ainda mais o cenário encantado. Macieiras e pessegueiros, carregados de frutas suculentas com folhas de um verde tão intenso, fazia meus olhos brilharem harmoniosamente. Não era por nada que turistas de todos os países vinham para Sol Nascente conhecer as suas belezas naturais.

Aquele cheiro delicioso, despertava em mim, uma tremenda vontade de parar para come-las, ali mesmo! Mas, com grande tristeza não podia, pois estava voltando para a minha casa, depois de um longo dia de trabalho.

Passo pelas casas da floresta e são todas muito bonitas! As janelas de um verde vivo e seus telhados de madeira reluzente, davam mais vida a paisagem! Não conseguia parar de olha-las.

Minha casa não é igual às casas da floresta, pois moro em um bosque a poucos quilômetros daqui. Elas tem telhados brancos como a neve e são feitas de madeira simples, mas que duram uma eternidade... gosto muito do lugar onde vivo e acreditaria facilmente se me dissessem que existe uma força maior para sustentar a beleza de Medlyn.

Estava bem perto da imensidão do Lago Cristalino, dava pra ver meu reflexo nele de tão limpo. Meu rosto era tão delicado na água...

- Aaah! - Gritei, assim que ouvi o barulho de passos em meio as árvores. Passos pesados e ligeiros. - Quem está aí?

Meu coração batia forte enquanto a adrenalina tomava conta de meu corpo, me eletrizando da cabeça aos pés. Ergui minha espada ao ar dando voltas ao redor de Elan.

Elan é meu cavalo desde que entrei para a Guarda Real. Sim, trabalho como guarda e tenho o dever de defender e zelar pela paz do Reino de Medlyn, em toda a sua extensão. Na inicialização, todos os soldados tem o dever de escolher um, entre os tantos cavalos de Sol Nascente para ser seu fiel companheiro, por toda a vida... Assim que bati os olhos em Elan, senti que de alguma forma o cavalo de pelagem negra, iria me proteger. Tive a sensação de estar completa, preenchida, como se a última parte do quebra cabeça da minha vida, fosse ele.
Elan estava nervoso aquele momento! Relichava muito e batia as patas no chão.

Imaginei quem estaria fazendo aquele som, poderia ser desde um animal a um ser humano!

As vezes, pessoas más intencionadas vem de Meridiane para perturbar a paz do Reino. Nunca peguei um deles, mas tenho conhecidos que já os pegaram roubando ou cometendo crimes insanos! Essas pessoas acabam morrendo na Praça da Solenidade, como as que não conseguem obedecer as leis de nosso Reino.

Meridiane é um País tecnológico. Tudo de inovador você encontra por lá. Robôs que falam, hologramas que parecem ser reais, carros que voam... Além de terem a internet mais rápida e segura do mundo, ela é de graça para todos. Isso, entre outras coisas que qualquer pessoa, acharia um máximo!

Quando você chega no País, tem que passar por testes, uma avaliação, para saberem se está apto ou não para ser um Meridianita, querem pessoas perfeitas e sem doenças.

O que está acontecendo atualmente é que o corrupto e ardiloso Presidente de Meridiane, teve uma ideia revolucionária. Para controlar a taxa de natalidade do seu país, ele criou uma lei que proíbe as pessoas de se reproduzirem. A partir daí, cidadãos de todas as cidades se revoltaram e começaram a fazer protestos, querendo sua revogação. Como uma espécie de ameaça, o Presidente aumentou os preços dos alimentos, o valor dos impostos e a internet, que antes era de graça, passou a ser paga. Ele anunciou também que quem não concordasse com isso, era para procurar um outro lugar para viver! Assim, ficaram só pessoas da alta sociedade em Meridiane, que podem pagar por todos os benefícios. As outras, foram obrigadas a se mudar para outro lugar, e sim, como Medlyn e Meridiane são quase parentes, - Acho que se não fossem tão rivais, poderiam se juntar em um só, de tão perto que são. - ocorreu uma imigração maciça pra cá.

De súbito, senti uma mão espessa tampando minha boca agilmente e a outra agarrando minha cintura com muita força, de forma que não conseguia mexer um centímetro de meu corpo...

- Calma! - sussurou uma voz masculina ao meu ouvido, tirando a espada de minha mão.

Ele a jogou na grama, me virou para frente e pude ver o rosto do meu inimigo. Sua pele era morena e seus olhos eram de um azul bem intenso, tinha cabelos pretos que estavam bagunçados, mas que pareciam muito bem cuidados. Durante poucos segundos, me peguei anestesiada, olhando cada detalhe do rosto perfeito do homem estranho.
Logo, ele voltou a falar e me tirou completamente daquele transe hipnótico.

- Calma. Vou te soltar devagar. Não grite! - disse, destampando minha boca gentilmente.

Movida pela adrenalina que enchia meu corpo, dei um soco no estômago do forasteiro, junto a um chute, entre suas pernas.

- E quem disse que sou mocinha de gritar!? - disse irritada, vendo-o curvar e gemer de dor. - Quem é você!? - perguntei ofegante - Me responda, ou você morre agora mesmo! - dei mais um soco, dessa vez, em seu maxilar. Isso o fez desequilibrar e cair na grama.

Com ele caído, dei chutes fortes em sua barriga. Ele gemia de dor e me pedia para parar.

- Não vai me dizer quem é, não é mesmo? Vou te dar mais uma chance!

Sentei em cima de seu peitoral e continuei dando socos, até seus dentes sangrarem.

- Última chance: Quem é você?

Com muito custo, ele conseguiu movimentar sua boca.

- Não sei... Não sei quem eu sou. - afirmou e pendeu a cabeça pro lado, fechando os olhos.

O que eu tinha feito? Será que tinha o matado?

Cambaleando com seus olhos fechados, coloquei os braços do homem em torno do meu pescoço achando-o muito pesado. Devia ter bilhões de músculos ali!

Iria o levar para casa. Minha mãe era médica. Com certeza daria um jeito! Posicionei-o deitado de lado em Elan e comecei a caminhar rapidamente.

- Helena! Helena! Não!! - gritou, atônito.

Olhei para o homem abismada, com os olhos arregalados. Como aquele estranho sabia meu nome? Ele me conhecia? De onde? Não não... tenho certeza de que nunca o vi. Só podia ser coincidência!

Mundo de Cores [ Degustação ]Onde histórias criam vida. Descubra agora