Eu tava irado. Essa é a palavra. Como assim a Julia,minha irmãzinha de apenas dezessete anos,anda lendo coisas tão pornográficas assim? Simplesmente não consigo aceitar. Veja bem,não sou um irmão mais velho superprotetor,eu até que ofereço certa liberdade a ela,não sufoco,deixo que ela tome suas próprias decisões e tal... Porém,é extremamente difícil para mim entender que Julia cresceu e que minha ratinha esquelética agora deu lugar a uma mulher quase feita. Cara,eu troquei fraldas,vi ela andar pela primeira vez,vi quando nossa mãe deu a primeira papinha pra Ju. E de repente,pesquei os olhos e ela está uma adolescente,dando início à vida adulta.
Eu não quero que ela se confunda e ache que o mundo "sexual" é maravilhoso e lindo,pois sei que para uma menina nova pode não ser assim. Tá cheio de gavião por aí,só querendo uma oportunidade pra desvirginar as garotas e depois meter o pé. Sempre conversei com a minha irmã sobre o assunto,não tenho reservas com ela,eu explico,tento fazê-la perceber que o mundão é sujo,tento protegê-la,para que não se decepcione. Não sou invasivo nem nada assim,não exijo saber detalhes da vida pessoal da Julia,sei que ela já ficou com alguns carinhas da escola,que já beijou... Mas ainda é virgem. Ela quer se entregar pra um cara bacana,quando se sentir segura. Ela disse que quando isso acontecer eu serei o primeiro a saber. Sinceramente,não sei se vou querer saber de algo tão íntimo assim sobre ela. Contudo,minha parte eu já fiz,expliquei sobre a importância de usar camisinha em todas as relações,afim de evitar doenças e uma gravidez precoce.— Se for trepar por aí a fora,pelo menos fale pro cara encapar a borracha,né Ju?
Falei desse jeito e ela gargalhou dizendo que sou um lunático.
Voltando ao presente... Estou no carro,indo buscar a Julia no curso de inglês,depois vamos almoçar no restaurante preferido dela,o "Arriba,Don Pepo" um tradicional restaurante mexicano. Já disse que sou pirado numa comida apimentada? Pois é,um homem tão quente quanto eu,não poderia apreciar outro tipo de comida se não a tão picante mexicana.
Ligo o som do carro e a música "Like a Stone" da banda Audioslave preenche o ambiente. Curto demais o som dos caras,essa música é relativamente antiguinha,é da época em que eu estava no ensino médio. Canto alto junto com o Chris Cornell o refrão:" Em sua casa, eu quero estar
Quarto por quarto, pacientemente
Vou esperar por você lá, como uma pedra
Vou esperar por você lá, sozinho"Essa letra é bem foda e precisa ser sentida. Vou divagando pelo resto do caminho e quando dou por mim,já estou na frente do portão do curso. Fico estacionado aqui mesmo,nem desço da caranga. Logo vejo a Ju vindo,ela está com duas colegas e um cara no estilo Badboy,vestindo uma jaqueta de couro,jeans desbotados e botinas rústicas,vem logo atrás. Ele segura levemente no braço da minha irmã,ela se vira. O cara fala algo no ouvido dela e nesse momento eu já estou me preparando para descer do carro e checar de perto essa fuleragem quando a Ju solta uma risada e joga a cabeça para trás,em um gesto espontâneo e despreocupado. Ela dá um beijo no rosto do mané e se afasta. Ele vira as costas e entra em um corredor qualquer. Que porra é essa?? Tô boiando na situação. Meu sangue ferve em ver como aquele cara segurou o braço da minha irmã e como ela pareceu gostar daquilo. Ah,mas ela vai me explicar direitinho. Finalmente Julia entra no carro e aperta a ponta do meu nariz,tirando um sarro da minha cara. Ela joga a mochila no banco traseiro e ainda mantém um sorriso bobo nos lábios. Espero estar muito errado,eu até prefiro estar fodidamente errado,mas tem coisa estranha aí. Continuo de cara fechada e ela me vendo assim pergunta:
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Michê
RomanceHistória registrada na Biblioteca Nacional. Todos os direitos reservados. PLÁGIO É CRIME COM PENA PREVISTA EM LEI! História recomendada para maiores de 18 anos. "...Ele é bem-humorado,irônico e sexy... Ela é atrapalhada,encantadora e fora dos padrõe...