Prólogo

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Perfeição.

Você a conhece?

Sem erros, sem dificuldades, milimetricamente correta.

Isso é perfeição. Isso sou eu.

As pessoas costumam dizer que nada e ninguém é perfeito. Eu não acredito nelas. Ninguém pode ser naturalmente perfeito, mas a dedicação e o controle podem transformar o ser humano mais imperfeito em algo admirável. Algo perfeito.

Eu sou a prova disso.

A garotinha imperfeita, desobediente, teimosa, que cresceu e se tornou a jovem artista mais educada e carismática que o mundo viu em décadas. Rebekah Beatrice Dawson. Atriz e cantora desde os seis anos, mas a noite quando me tranco no quarto depois de tirar a maquiagem me sinto como Lucky naquela música da Britney. A estrela sortuda e vencedora, com um sorriso no rosto, sendo esperada por todos. A garota de Hollywood. O que ninguém sabe é que quando os holofotes e flashes param no fim do dia ela chora sozinha em seu quarto, e pensa que se não há nada faltando na sua vida por que as lágrimas caem.

Acontece muitas noites comigo. Antes mais, agora a dor está menor. Eu me lembro de como escolhi ser a garota perfeita, eu me lembro do que me motivou, e a culpa é a pior coisa que sinto antes de adormecer tendo como única companhia aquele vazio insuportável. Desejando não ter que ser perfeita um dia mais. Ser educada, gentil e responsável deveria ser só algo natural, mas eu sou forçada a ser tudo isso vinte quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano.

Segundo minha mãe ser um exemplo, ser alguém que as pessoas admirem, é o segredo para o sucesso. Sinceramente, não entendo porque ela se considera uma sumidade no assunto sucesso artístico. Minha mãe é uma ex-atriz de papeis secundários, que foi forçada a abandonar sua carreira não muito brilhante. Tudo que ela não quer é que eu acabe como ela. Tudo que ela quer é que eu seja quem ela acha que eu deveria. Eu amo minha mãe, mas eu não quero me tornar controladora e amargurada com a vida. Eu quero dizer a vida que eu vim ao mundo para ser feliz e isso que importa. Só não vejo como posso fazer isso.

Sou feliz agora. Eu tive o meu primeiro papel grande em um filme aos oito anos, aos doze ganhei minha própria serie de televisão, aos treze gravei meu primeiro CD para a trilha sonora dela, agora aos dezoito eu tenho uma legião de fãs que me amam com loucura.

Como eu poderia não ser feliz?

Em casa por mais que mamãe seja como é, nos vivemos bem, papai é ótimo, meu irmão mais velho, Riley, é o que chamo de meu porto seguro, e minha irmã mais nova, Cora, é o meu pequeno pedaço do céu na terra. Então, o que falta? Eu não sei. As vezes tudo que penso é que tem um vazio a ser preenchido. Não sei se esse vazio é pessoal ou profissional, quem sabe os dois, o que sei é que ele aparece com freqüência.

E quando acontece eu só fico desejando mais da vida. Desejando que de repente, de uma hora para a outra, a Rebekah de agora se torne outra.

Detrás dos holofotesOnde histórias criam vida. Descubra agora