Capítulo 3

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"Estou nervosa." Confesso para Marshall quando saltamos do elevador no 21º andar do prédio. 

"Respira, respira, respira." Diz.

Por alguma razão Marshall acha que eu consigo respirar quando ele diz isso, mas não é assim, a agitação dele acaba piorando tudo. Não que eu já tenha falado isso a ele, eu sou boazinha demais para sair criticando as pessoas. 

Não boazinha. Consciente. 

"Viemos ver Albert San Paoli." Ele informa na recepção. 

Não pode ser. Não existe chance nenhuma do vice-presidente da gravadora querer me ver por vontade própria. Ele é ocupado, tem dezenas de grandes cantores mundiais para se preocupar, e nessa lista eu sou provavelmente uma das menos importante. 

Enquanto a recepcionista confirma a agenda de San Paoli, Marshall se vira para me olhar e ri da minha expressão de choque. 

"Você não vai vomitar, não é?" Pergunta. 

"Não." Digo. "Minha mãe deveria ter vindo, eu não sou uma pessoa boa em conversas com um executivo desse porte." 

Vejo a recepcionista dar um sorriso torto. Ótimo. Está achando graça de mim. 

A verdade é que eu posso falar na frente de um público imenso, mas tenho bloqueio quando estou nessas reuniões de negócio. Talvez porque nunca tive a oportunidade de tentar porque é responsabilidade da minha mãe. 

"Senhor McFadden, senhorita Dawson." A recepcionista fala. "Podem entrar no corredor a direita e se dirigir a ultima porta." 

Marshall agradece e praticamente tem que me puxar até lá. Dá uma batida curta na porta. 

"Entrem." 

Abro a maçaneta e encontro Albert San Paoli encostado em sua cadeira atrás da mesa. Ele deve ter a idade do meu pai, mas é bem mais elegante vestido em seu terno caro. Papai faz mais a linha esportiva de um ex-jogador de basquete e agora técnico, ele é tipo muito alto, não tão musculoso mais, e tem aquele ar alegre dos latinos. Eu amo minha parte latina. 

"Bom dia senhor San Paoli." Me apresso em dizer. 

"Chame-me de Albert." Ele pede enquanto se levanta e vem até mim. 

Ele me cumprimenta com um beijo no rosto e em seguida aperta a mão de Marshall. Quando nos faz sentar espero que ele comece a conversa, mas não o faz. 

"Eu fiquei surpresa por ter sido chamada." Admito. "E estou um tanto curiosa para saber a razão." 

"Tenho certeza que sim." Albert fala com um sorriso no rosto. "Mas vamos esperar um pouco, há mais alguém para participar dessa conversa." 

Olho para Marshall, mas pela sua expressão tenho certeza que ele também não sabe de quem se trata. Marshall e San Paoli começam uma conversa sobre musica alternativa indie ou algo assim, mas meu nervosismo não me permite dar opiniões. Quase meia hora se passa até que a porta abre. Viro-me na cadeira. 

Boné para trás, calças largas, regata que deixa a mostra todos os músculos definidos, um par de olhos verdes e um sorriso divertido. Luke Benson. 

"Albert!" Ele exclama. 

 Abaixo a cabeça e volto a minha posição original na cadeira. Enquanto isso Luke abraça Albert e depois se apresenta a Marshall. 

"Bom dia Rebekah." Diz em seguida sem ousar se aproximar de mim. 

Talvez tenha receio de que eu deixe-o com a mão no ar de novo. Eu acho que faria de novo. 

Detrás dos holofotesOnde histórias criam vida. Descubra agora