Capítulo 16.

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O silêncio reinou por alguns instantes depois da partida de Samantha. Erin foi a primeira a falar.
— Queria dizer alguma coisa?
— Só pensei que seria bom se os adultos tivessem alguns minutos sozinhos. A propósito, quando completa vinte anos?
— Em outubro.
— Que coincidência! Somos do mesmo mês. Temos de planejar uma dupla comemoração.
— Ainda falta muito tempo.
— Está pensando que talvez não esteja aqui até lá?
— Talvez...
Nick não respondeu de imediato. Silencioso, examinou-a sem disfarçar o interesse, detendo-se por alguns instantes nas pernas expostas pela túnica azul.
— Gostaria que posasse para mim qualquer dia.
— O quê? Eu?
— Por que a surpresa?
— Bem... não tenho a beleza daquela aeromoça. E você não se mostrou interessado em desenhar meu retrato no avião.
— Porque você merece mais atenção do que eu poderia ter dado naquele momento. Não quero um esboço rápido. Prefiro pintá-la sem pressa, relaxada, como a vi naquela primeira vez.
— De camisola?
Ele sorriu.
— Esperava que eu sugerisse um nu artístico?
— É claro que não! Não tenho os atributos necessários.
— Acha que seios grandes são essenciais? Posso garantir que está enganada.
Constrangida com a conversa, ela se levantou e tentou esconder o rosto vermelho.
— Vou dormir. Nick não se moveu.
— Se não quer aceitar meu convite, pode posar como parte de todas aquelas coisas que se disse disposta a fazer por mim. E um preço justo, não acha?
Erin partiu sem responder, certa de que fora vítima de um deboche cruel.
No banheiro da suíte, enquanto se preparava para ir para cama, examinou-se mais uma vez diante do espelho e tocou os seios, testando a consistência. Eram firmes, sem dúvida, mas não chegavam a encher suas mãos, e jamais preencheriam as de...
Isso tinha de parar! O interesse de Nick por ela era apenas artístico!
Dormiu agitada, e acordou às seis da manhã para um dia glorioso. Vestindo jeans e camiseta, desceu e atravessou a sala para sair pela porta de vidro, sentindo o ar fresco na pele como uma carícia delicada.
Encantada, decidiu caminhar um pouco antes do café da manhã, apreciando as cores exóticas das flores e da vegetação exuberante. Depois de alguns minutos viu o velho moinho que Nick mencionara na noite anterior e a construção com teto de vidro que devia ser o estúdio. Curiosa, aproximou-se para espiar através de uma janela. Que mal poderia haver?
Dezenas de telas enfileiradas contra uma parede eram protegidas por pedaços de tecido branco, e havia outra coberta em um cavalete, certamente um trabalho em andamento.
A porta estava destrancada, e Erin não resistiu à tentação. Apenas uma olhada rápida...
Nem uma hora inteira suficiente para contemplar a beleza da pintura que tinha diante dos olhos, uma paisagem retratando um mar revolto. A perfeição era tão grande, que tinha a impressão de que as ondas gigantescas a envolveriam a qualquer momento. Perdida na admiração de um talento muito maior do que imaginara, esqueceu-se de que estava invadindo uma área restrita para a qual não havia sido convidada.
Depois de alguns minutos um som na porta chamou sua atenção. Apoiado no batente, os polegares enganchados nos bolsos da calça jeans, Nick a examinava com expressão enigmática.
— Há quanto tempo está aqui? — perguntou ele.
— Há alguns minutos. Desculpe-me. Sei que não devia ter entrado, mas a porta estava destrancada e não consegui... eu não... — Parou e encolheu os ombros. — Não existe nenhuma justificativa para o que fiz.
— Não precisa justificar-se. Qual é o veredito?
— Seu trabalho é excepcional. É claro que não sou uma especialista, mas...
— Acha que sua opinião não é importante?
— Só quis dizer que não sou crítica de arte.
— De acordo com Samantha, tem um talento muito especial.
— Em seu lugar, eu não levaria a sério as palavras de minha irmã. Sei desenhar algumas coisas, mas é só isso.
— Cobriu a tela que estivera observando e sorriu. — Todos estes quadros serão vendidos?
— Eventualmente, sim. As telas serão levadas de navio no final do mês.
— Para Miles Penhalligen?
— Não. Para Nova York. Pode me ajudar a embalar os quadros quando os engradados chegarem. Mais um trabalho para a sua lista.
— E ainda nem chegamos perto do ideal.
— Depende do ponto de vista. E isso nos remete ao ponto de partida.
Nick afastou-se da porta e aproximou-se, segurando-a pelos ombros para examiná-la sob todos os ângulos. Erin temia que o coração saltasse do peito.
— Não tem noção da sua beleza, não? — Com um dedo, acariciou seu rosto e despertou cada terminação nervosa. — Tem uma estrutura óssea impressionante.
— Eu e a aeromoça.
Ele sorriu.
— Com ela foi só uma maneira de ocupar o tempo. Com você a admiração é autêntica. Sam também tem uma beleza única, embora ainda não tenha desabrochado inteiramente. Sua mãe deve ter sido uma linda mulher.
Erin tentou permanecer imóvel enquanto as mãos tocavam seus cabelos, afastando-os do rosto.

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