Capítulo 34.

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— Eu sei. A culpa é minha. De qualquer forma, é melhor parar com os anticoncepcionais imediatamente. Dentro de uma semana estaremos casados. Espero que não esteja sonhando com uma cerimônia grandiosa. Prefiro manter uma certa discrição.
— Não me importo com a cerimônia. Só quero estar com você.
O toque do telefone interrompeu a conversa Nick foi atender e Erin o seguiu, mantendo uma certa distância para garantir a privacidade. Mesmo assim, podia ouvir tudo de onde estava.
— Não está na hora de ir buscar Samantha na escola? — ele perguntou, cobrindo o aparelho com a mão.
Era verdade.
—Até a volta — disse, sufocando o sentimento de rejeição e as suspeitas que tentavam ganhar espaço em sua mente.
— Sim, amanhã está ótimo — Nick disse ao telefone. — Às onze.
Um encontro de negócios. Sim, devia ser isso.
Quando chegou à escola, Erin não encontrou a irmã no portão. Ninguém sabia dizer onde ela podia estar. Prestes a entrar para pedir informações, sentiu-se dividida entre o alívio e a irritação ao vê-la caminhando lentamente, como se o tempo não tivesse a menor importância. Tim Wyman a acompanhava.
— Estou esperando há quase dez minutos! O que estava fazendo?
— Nada muito importante, comparado a você. A propósito, não precisa mais vir buscar-me. Consegui uma carona.
— Obrigada, Tim, mas não precisa se incomodar. Venha, Sam.
— É melhor obedecer a irmãzinha — Tim aconselhou ao ver a jovem hesitar. — Não quero que seu tio Nick me ataque novamente. Até amanhã.
Sam entrou no carro e bateu a porta com violência desnecessária.
— Você é tão insuportável quanto ele! Por que não me deixam em paz?
— Você sabe porquê. Não tem dado provas de ser responsável.
— Oh, e você é melhor que eu! Aposto que é verdade o que as pessoas andam dizendo!
— O que estão dizendo?
— Que ele só vai se casar porque você está grávida!
— Isso é mentira. As pessoas estão enganadas.
— Tem certeza? Por que mais ele trocaria Dione por você? Tim me contou que os dois estavam juntos há algum tempo.
— O que não significa que Nick tivesse a intenção de se casar com ela.
— Mas significa que dormia com ela antes de dormir com você!
— É melhor não repetir essas palavras perto de seu tio. Ele seria capaz de lavar sua boca com sabão.
— Ele não se atreveria! E então, como foi?
— Como foi o quê?
— Você sabe. Já se deitou com ele, não é?
— Pare com isso, Sam... Por favor, tente entender. Eu o amo!
— Se insistir nesse casamento, nunca mais voltarei a falar com você. Estou falando sério.
Erin não respondeu. Amava a irmã, mas não cederia à pressão.
Naquela noite, Nick e Erin deixaram Samantha assistindo à tevê. Bella ficaria na casa até mais tarde, esperando pelo retorno do patrão.
— Estou perdendo a paciência com aquela mocinha — Nick comentou quando entraram no carro. — Talvez o colégio interno seja uma boa idéia, afinal.
— Ela vai acabar se conformando. Deve estar com ciúme, só isso.
— Ciúme?
— Ela projetou em você a imagem do herói. Faz parte do crescimento.
— Oh, sim! E você já passou desse estágio, é claro.
— Há muito tempo. O que sinto por você é amor de verdade.
— Como não se cansa de repetir.
— E vou continuar repetindo até você se acostumar com a idéia.
A noite na casa dos Marshall foi agradável. A certa altura, quando conversava com Oliver, o irmão de Tessa, um homem da mesma idade de Nick, Erin aproveitou para perguntar:
— Como reagiu quando soube que sua irmã ia se casar com Bryn? Devia ter sete ou oito anos, não?
— Oito. E fiquei muito impressionado.
— Mas acabou aceitando o casamento?
— Tinha de pensar em mim, na vida nova que estava começando. Bryn estava reformando esta casa e comprou a nossa propriedade, então vizinha ao terreno, para ampliar o espaço. Mamãe havia se casado com Roland e nós nos mudamos para a casa dele, um lugar com uma praia privada e um barco no portão. Para mim, foi como encontrar o paraíso. Mas... por que perguntou? Está enfrentando problemas com sua irmã?
— Alguns?
— Ela vai acabar se conformando depois que você e Nick estiverem casados. E mais ainda quando chegar o primeiro sobrinho. Pretende ter filhos?
— No mínimo dois.
— Eu não esperaria muito tempo para começar. Nick pode perder o interesse pelo som de pés pequeninos depois dos quarenta anos.
Talvez já houvessem começado. Interrompera o uso da pílula, mas ainda teria de esperar alguns dias para saber ao certo.
Tessa aproximou-se para dizer ao irmão que a esposa procurava por ele. Assim que ficou sozinha com Erin, ela disparou:
— Não sabe como estou feliz por tudo ter dado certo. Adorei ver a cara de Dione no sábado, na festa dos Wyman.
— Eu não devia ter dito aquilo.
— É claro que devia. Ela encontrou o que procurava. Além do mais, você não estava mentindo. Os convites estão sendo distribuídos, não?
— Será uma cerimônia muito simples. Além de você e Bryn, nem sei quem mais estará presente.
— De uma coisa pode estar certa: os Wyman não estarão lá.
Passava da meia-noite quando se despediram de todos e voltaram para casa. Durante o trajeto, Erin cedeu ao impulso de formular a pergunta que estivera em sua mente nos últimos dias.
— Naquela primeira noite você disse que ainda não havia encontrado uma mulher capaz de fazê-lo pensar na rotina da convivência diária. Ainda pensa assim?
— Estou começando a mudar de idéia — ele riu. — Com o tempo, talvez possa até me animar com a perspectiva.
Erin riu, embora a resposta ainda não fosse aquela que gostaria de ouvir.
Como se houvesse um acordo tácito entre eles, subiram a escada da casa de mãos dadas e foram para o quarto dela, onde fizeram amor com ardor e urgência. Vencido o estágio de torpor que se seguiu ao clímax, Erin levantou-se para ir ao banheiro.
— Volte logo — Nick murmurou. — A noite está apenas começando.

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