Descobertas

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Por Ivan:

O dia de ontem tinha sido maravilhoso, estava encantado com aquela paisagem, aquela cascata. Passar o dia com a Ana tinha sido incrível, por mais que a gente ainda não se conheça tão bem, ela me transmite uma paz, me sinto bem ao seu lado. A única coisa que ainda me intriga é a cena que presenciei. Assim que ela desceu do carro e se aproximou da entrada do prédio vi um homem avançando em sua direção, então pedi para que o motorista esperasse um pouco. Aquele homem parecia conhecê-la, colocou sua mão sobre seu ombro assim que chegou ao seu lado, ela se assustou e disse algo, pareceu surpresa por ele estar ali, mas o que mais me chamou atenção foi ele apontar o dedo pra ela, como se tivesse tirando satisfações. Pela sua expressão Ana pedia para que ele se acalmasse, mas ele parecia não dar ouvidos. Assim que abriu o portão e entrou, ele continuou atrás. A partir daí não sei o que aconteceu, minha vontade era descer do carro, mas não o fiz. Confesso que estava preocupado, me segurei para não mandar mensagem assim que cheguei a minha casa, perguntando como não quer nada se estava tudo bem, mas não podia, não tinha essa liberdade.

Assim que cheguei a televisa, fui até o camarim para me arrumar e perguntei se Ana já havia chego, mas não souberam me responder. Depois de pronto fui até a praça de alimentação, precisava de um café, foi quando a vi de costas, estava sentada em uma das mesas, de cabeça baixa, mexendo com a colher no café, parecia estar em outro mundo. Aproximei-me.

- Ana? – perguntei.

Realmente ela estava em outro mundo, repeti seu nome três vezes e ela nem se quer notou minha presença ali.

-Ana Brenda? – falei mais uma vez e toquei em seu ombro. – Terra chamando!

-Que? O que aconteceu? – ela disse assustada e se virou.

-Calma! Não aconteceu nada, te chamei várias vezes e você nem se mexeu. – disse sorrindo.

-Ai Ivan, me desculpa! – ela disse ainda meio assustada.

-Posso? – perguntei puxando a cadeira para me sentar.

-Claro. – respondeu

-Ta tudo bem, Ana? – perguntei

-Bem? Ta sim. – ela respondeu enquanto tomava um gole de seu café olhando para os lados.

-Tem certeza? – eu insisti.

-Já disse que sim! – ela respondeu grossa

Apenas olhei para ela e não disse nada.

- Ai Ivan, me desculpa. Não queria ser grossa, é que eu to meio nervosa, me desculpa de verdade. – falou ela em tom de arrependimento.

-Não precisa se desculpar, eu reparei mesmo que tinha alguma coisa acontecendo, te incomodando. – falei. – Mas já vi que você não quer falar sobre isso, então não vou insistir.

-Ivan. – ela disse meio sem jeito e se calou.

-Fala Ana. – insisti

-É que... – respondeu ela travando mais uma vez.

-Ana! – segurei sua mão. – Tenta respirar, se acalmar, quando você achar que consegue me contar o que ta acontecendo, eu vou estar aqui. Ok? – falei sorrindo.

-Esta bem. – ela respondeu afastando sua mão da minha. – Obrigada mais uma vez, você é incrível. – respondeu ela meio sem jeito, mas olhando pra mim um sorriso lindo.

Ficamos ali em silêncio apenas um olhando para o outro, até que nos chamaram para o estúdio. O dia seria longo, eram cinco cenas durante a tarde e duas noturnas. Durante todo tempo que estávamos em cena, Ana era a Ana, super profissional, não deixava que nada atrapalhasse seu desempenho, mas era ouvir o 'corta' que aquela expressão de preocupada e carinha triste estava de volta. Confesso que sim, estava super preocupado. Mas não vou insistir, não vou. Falei para mim. Ela tem o seu tempo e vou respeitar até que ela se sinta a vontade para conversar. Eram 21h00 quando terminamos a última noturna, me despedi de todos e segui em direção ao meu carro, que estava no estacionamento da firma. Assim que abri, ouvi uma voz meio longe chamando por mim.

Sonhei que era vocêWhere stories live. Discover now