Derrotada

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Uma semana já havia chegado ao fim. Sete dias e sete noites.

Pouca comida, apenas o suficiente para me manter viva. Surras cronometradas, todas noites. As marcas escuras se mantinham pelo meu corpo, enquanto o homem permanecia intacto.

O porão que antes cheirava a livros antigos, agora parecia um banheiro sujo, eu parecia um banheiro sujo e fedido.

Até tentei arrumar algo para me matar, mas nada deu certo. A corda fina era fraca e não suportou meu peso, apenas criou cortes em meu pescoço e uma surra dobrada. Era cansativo e irritante. Ainda não acreditava que tinha sido tão burra para não puxar o gatilho.

- Já chega, me mate logo. – Gritei, ajoelhando no chão e voltando os dois dedos recém deslocado.

- Você só continua aqui porque decidiu não dizer o nome de quem a contratou.

- Se quisesse saber quem me contratou teria se perguntado quem foi prejudicado por suas decisões.

- A lista ainda é grande. – Debochou, me deixando só novamente.

Os dias continuaram se repetindo e eu não sabia mais a quanto tempo estava ali. As roupas justas haviam ficado levemente folgadas, indicando a perda de peso.

Meu corpo doía por inteiro, então decidi continuar deitada e evitar ao máximo qualquer movimento brusco. Fechei os olhos e pensei em tudo que vivi antes de parar ali.

"Viva por nós. Ainda não chegou a sua hora.", ouvi a voz dos meus pais, provavelmente estivesse alucinando, já havia batido a cabeça tantas vezes que eu provavelmente tivesse uma concussão.

- Já se decidiu? – A voz familiar surgiu longe, me trazendo para a realidade novamente.

Eu estava exausta para responder ou me mover, então permaneci no mesmo local.

- Fale logo. – Sua voz já estava mais forte e mais próxima.

Abri os olhos e me virei na cama sem fazer muito esforço. Balancei a cabeça negativamente, como resposta, e fechei os olhos esperando pelo impacto.

- Devo admitir que estou impressionado. Ninguém jamais conseguiu suportar minhas torturas por tanto tempo.

"Viva!", as vozes retornavam em minha mente e meus olhos se encheram de lágrimas, mas não permiti que escorressem. "Viva por nós, pelo seu irmão que não nasceu.".

- Eu não posso. – Respondi as vozes quase inaudível.

- O que disse?

"Você tem que contar, tem que acabar com isso."

- Ele vai me matar de qualquer forma. – Continuei.

- Eu disse que não vou te matar se me contar o nome. – O homem completou se ajoelhando do meu lado na cama, tirando o cabelo do meu rosto.

- Como posso ter tanta certeza? – Questionei engolindo o choro.

- Tem minha palavra.

- Eu também dei minha palavra que o faria morrer.

- Você recebeu uma proposta melhor.

- Minha reputação vai para o lixo.

Talvez meu rosto triste tenha feito seu coração amolecer, pois pela primeira vez ele encostava em mim sem me machucar. Apenas acariciando meu rosto. Seria uma boa hora para ter uma arma, poderia mata-lo facilmente.

- Não precisam saber o que aconteceu aqui, posso inventar uma história.

- Que tipo de história?

Assassina de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora