O tempo voa

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Desde que falhei no meu trabalho estava morando na casa de Christopher, agora tínhamos uma certa intimidade, eu podia fazer o que quisesse desde que não saísse da propriedade e na verdade eu não sabia mais se queria me mudar. Ele estava basicamente de férias, já que não poderia voltar a trabalhar enquanto não matasse Jared e isso só seria possível quando ele baixasse a guarda.

Havia se passado quase um mês e continuávamos sem nos matar, ninguém mais veio nos atacar, talvez Jared começasse a desistir, pelo menos por enquanto, não tardaria para sua guarda baixar e tudo voltar a ser como antes.

Revezávamos nas tarefas domésticas, já que eu não queria ficar tanto tempo sem fazer nada, muito menos Christopher o que acabou deixando o ambiente mais organizado e limpo do que antes. O porão onde eu havia ficado presa no meu primeiro dia virou uma bela sala de jogos, o rapaz encomendou uma mesa de sinuca que montou sozinho para que não tivessem acesso ao interior da casa, qualquer um, na altura do campeonato, poderia ser um assassino. Ficou perfeito quando pintou todo cômodo novamente.

Eu tomava conta da cozinha e inventava todas as espécies de pratos possíveis, era divertido, até que um ou dois não saíram como eu esperava, o que nos mandou direto para o banheiro, onde vomitamos a alma, os outros ficaram muito bons. Enquanto mexíamos pela casa acabei conhecendo mais sobre sua vida, sem sombra de dúvidas éramos muito parecidos, não só no estilo de vida, profissões arriscadas, mas em personalidade, o que era estranho. Até ser presa por ele, não tinha coisa alguma ligada a família, tinha acostumado a ser sozinha.

Passaram-se mais algumas semanas quando Christopher decidiu agir. Já era tarde, quase meia noite, já tínhamos jantado e ele apareceu vestindo uma calça jeans escura e uma camisa preta. Na cintura ele havia colocado uma PT 917 calibre 9mm com silenciador e um canivete, eu já sabia que aquelas não eram suas únicas armas, mas foram as únicas que consegui identificar só pelo olhar.

- Pretende fazer o serviço hoje? – Perguntei, mesmo que já soubesse a resposta.

- Acho que já esperei o suficiente, fiz o meu dever de casa e já planejei o que farei. – O moreno respondeu.

- Quer que eu vá? Eu posso ajudar. – Me levantei do sofá e fui em sua direção.

- Não precisa, duas pessoas podem levantar suspeitas.

- Tudo bem. – Continuei observando as costas do rapaz e ajeitando sua camisa, já que as duas armas estavam visíveis para o meu olhar treinado, poderiam haver outros com a mesma percepção.

- Se eu não voltar até amanhã pela manhã, você está livre.

- E se voltar? – Retruquei.

- Se eu voltar você também estará livre, mas depois de comemorarmos. – Riu divertidamente.

- É justo.

O rapaz pegou suas chaves e seguiu até a porta me olhando uma última vez antes de sair, era a última e única oportunidade que teria, caso fracasse isso custaria sua vida e, bom, eu provavelmente não o veria mais, mesmo desistindo de matá-lo.

Arrumei pela última vez a cozinha e preparei um sanduíche, eu havia perdido o sono então fui tomar um banho rápido e me troquei. Voltei para a sala e fiquei vendo televisão até que Christopher aparecesse ou não.

Pela madrugada não haviam muitas opções para se assistir, então preferi manter em algum canal de filmes onde passava um de terror, não dei muita importância ao enredo, apesar de me assustar algumas vezes. "Irônico, não? Uma assassina se assustando com uma simples ficção.", revirei os olhos me sentindo patética, tínhamos que ter medo dos vivos, não dos mortos.

Assassina de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora