Acordei assustada ao ouvir um barulho vindo do andar de baixo.
Estranhei me encontrar no quarto de hóspedes já que adormeci na sala. Lutando contra o sono, prestei atenção e, diferente do que pensava, não poderia ser Christopher com os sussurros, não teria motivo para sussurrar em sua própria casa. De qualquer forma, resolvi checar se o rapaz não estava mesmo em seu quarto.
Saí de onde estava sem fazer um ruído sequer. Larguei a porta do meu quarto aberta e empurrei a porta do outro quarto, confirmando que o moreno ainda dormia tranquilo, provavelmente não escutou o barulho. O observei por alguns segundos, seria um ótimo momento para concluir minha missão... Algo caiu no chão o outro andar e eu retornei para a realidade, onde outra oportunidade de matá-lo fugia.
- Christopher. – Falei o mais baixo possível e próxima da cama para que não nos escutassem.
Quase gritei e estraguei a discrição, quando o rapaz em reflexo saltou fora da cama e parou, agarrado ao meu pescoço e preparado para me acertar.
- Há alguém aqui. – Continuei em um sussurro.
- Não me acorde assim, poderia ter te matado. – Resmungou bravo. - Eu vou lá embaixo, fique aqui me esperando.
Franzi a testa com a recomendação do rapaz que pegou uma arma de sua escrivaninha e saiu do quarto. Eu poderia ajudar se quisesse, não era uma completa inútil só porque não fui capaz de matá-lo.
- Tudo bem. – Retruquei, mas ele não podia me ouvir mais.
Sentei em sua cama por alguns instantes... Ouvi mais um barulho, provavelmente alguém teria ido para o chão, mas nenhum sinal de disparo. "Talvez ele estivesse usando um silenciador.", pensei abrindo a gaveta da escrivaninha, onde o mesmo permanecia. Era oficial, não havia silenciador na arma.
Corri para fora do quarto, as vozes agora já estavam mais altas e não era um único intruso. "Droga!", por isso o barulho, se fosse só um ele teria dado conta, mas dois de uma vez não seria tão fácil.
Desci as escadas e, ao chegar na sala, vi que estavam todos no escritório, avistei o moreno tentando se levantar do chão. Haviam dois homens, mas tinha visão clara de apenas um, que pegava sua arma e se preparando para atirar em Christopher, estando de costas para a porta do escritório.
- Ele é meu para matar. - Tomei impulso e saltei sobre este, segurando sua cabeça com as duas mãos logo movimentando-as, uma para cada lado, quebrando-lhe o pescoço.
Ao terminar de liquidá-lo, acabei me desequilibrando e caindo sobre ele. Tentei alcançar a arma no chão, mas, quando estiquei meu braço, o outro homem, bem maior que eu, a chutou para longe e me pegou pelo pescoço, suspendendo-me no ar. Me debati o máximo que pude e tentei agarrá-lo pelo pescoço, mas começava a perder o fôlego, não estava mesmo na minha melhor forma.
- Sua vadia. Você não deveria ter feito isso. – Gritou.
Antes que pudesse me acertar, Christopher já havia levantado e em poucos segundos o acertou na cabeça, fazendo com que desmaiasse, me puxando junto para o chão novamente, mas dessa vez o moreno me segurou pela cintura me mantendo em pé, apesar de tonta.
- Você me salvou. – Falou ainda me prendendo contra seu corpo, impedindo que eu continuasse a tremer.
- Preferiria que deixasse te matarem? – Questionei irônica, limpando o sangue que escorria de meu nariz com as costas da mão.
- Não, eu achava que não tentaria me matar aqui, mas não esperava que me ajudasse ou me protegesse.
- Você também, poderia ter deixado que me matassem e eliminassem um problema, mas não deixou. – Retruquei. – Oportunidades perdidas...
- Obrigado.
- Obrigada também. – Agradeci sem encará-lo. – E o que faremos com os dois?
- Vou pedir que busquem e desapareçam com os corpos.
- E quanto ao Jared? Ele vai continuar tentando matar você. – Continuei, sem me reconhecer mais, sem entender o porquê ajudava alguém que não conhecia direito, alguém que tinha feito tanto mal para mim.
- Está tudo muito recente, tenho que esperar a guarda dele baixar um pouco, caso contrário, não obterei sucesso. Vai para o meu quarto, enquanto resolvo esse problema aqui, aí eu vou lá ver como seu pescoço está, além do mais, ninguém pode te ver aqui.
- Por que não?
- Você se tornou meu curinga. – Riu, piscando.
- Ok. – Concordei e segui até o quarto do moreno, onde esperei por um longo tempo.
Pude ouvir quando algumas pessoas chegaram e conversaram com Christopher, três nomes foram mencionados, Raymond, Michael e John, provavelmente eram esses os homens que estavam no andar de baixo, mas como estava proibida de descer, não consegui dar uma olhada neles. "Que situação ridícula.", resmunguei mentalmente, deitando no colchão macio.
Esperei por quase duas horas até que o alvoroço se acalmasse no andar de baixo. Era madrugada e no relógio da parede marcavam 03:47.
- Trouxe uma faixa e um gel para tirar a dor do pescoço, pode ser que não esteja sentindo dor agora, mas você sabe que daqui algumas horas, quando a adrenalina diminuir, vai ficar muito dolorida. – O rapaz entrou rapidamente no aposento disparando as palavras e eu apenas saltei da cama, sentando na ponta.
- É, eu sei. – Retribui com um meio sorriso.
- Prende o cabelo que eu enfaixo para você. – Sugeriu e colocou o pacote de faixas sobre a cabeceira.
- Ok. – Respondi, fazendo exatamente como dito.
- Levanta a cabeça. – Continuou segurando meu rosto com as duas mãos.
Como instinto, fechei os olhos esperando outro soco ou tapa e me encolhi.
- Eu não vou te machucar mais. Temos um trato.
- São poucas pessoas que cumprem o combinado. – Abri os olhos e o encarei.
- E veja onde estamos, ambos vivos.
- E machucados.
- As cicatrizes fazem as histórias. – Concluiu, limpando meu rosto com um pano úmido. – Fica de costas.
- Não precisa se preocupar, estou bem.
- Só obedece. – Revirou os olhos, pegando o gel para dor e colocando na mão.
Me virei na cama e fiquei de costas, continuava com minhas dúvidas quanto as suas intenções, mas tentei me acalmar.
Amarrei meu cabelo em um coque preso com o próprio cabelo, o gel era um pouco gelado e refrescante, diferente de suas mãos quentes e ásperas. À medida que deslizava meu pescoço, ele fazia uma leve massagem. Confesso que era bem relaxante, "Ele é bom nisso", fechei meus olhos por uma fração de segundos.
- Ai. – Abri novamente os olhos e me virei para o rapaz, ele havia apertado demais.
- Desculpa. – Riu, como se fosse divertido me ver resmungar.
Assim que terminou de enfaixar o meu pescoço, o rapaz continuou com a leve massagem pelos meus ombros, senti seu tórax quente já bem próximo às minhas costas, enquanto suas mãos desciam dos ombros e percorria a linha da minha coluna, o que fez meu corpo estremecer novamente. Dessa vez não era de medo.
- Acho melhor eu ir dormir. – Disse enquanto levantava da cama, ajeitando o vestido que tinha subido um pouco.
- Tem certeza? – O rapaz me parou pela cintura e selou meus lábios.
- Tenho. – Conclui após uma leve pausa.
Caminhei até o quarto ao lado e fechei a porta. A cama ainda bagunçada do meu leve sono era semelhante ao interior da minha cabeça, ignorei o ambiente e caí sobre ela. Ainda podia sentir o toque do moreno sobre meu pescoço, suas mãos firmes descendo pelas minhas costas e sua boca colando-se à minha. Eu era uma idiota, baixei a guarda por uma fração de segundos e talvez fosse tarde demais para sair daquela situação. Não sei exatamente em que momento minha mente deixou os pensamentos para adormecer em algum sonho abstrato.
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Assassina de Aluguel
Ficção GeralHelena Summier, 27 anos, excelente assassina. Uma mulher confiante, habilidosa, cuja arrogância a deixou descuidada. Péssima hora para ser presunçosa. Releitura da fanfic de minha autoria: GUNS AND HEARTS (Disponível no SPIRIT FANFICS)