Reticências

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Algumas semanas se passaram desde o incidente com Donn, ou melhor, desde que os irmãos Tanner mataram o pai. Christopher estava praticamente sem marcas ou machucados, sua recuperação foi bem rápida diante as perfurações com os vidros quebrados.

Já Michael o mantinha informado de tudo que vinha ocorrendo na empresa durante suas visitas no final da tarde. Ele estava sendo impecável com o trabalho, o que parecia deixar Christopher orgulhoso do irmão. Continuei visitando-o e dormindo na casa dele alguns dias na semana, em outros ele simplesmente aparecia na minha porta no meio da noite.

- Precisamos resolver essa situação. – O ouvi gritar do banheiro.

- Que situação? – Retruquei me trocando.

- Você tem que ficar aqui permanentemente. – Insistiu ainda do banheiro.

- Christopher, você tem sua empresa de contrabando, armas, seja lá o que fazem... Eu tenho meu trabalho como mercenária.

- Não estou te pedindo para parar de matar, só estou te pedindo para morar comigo. – Concluiu, me encarando da porta, usando apenas uma toalha enrolada em seu quadril.

- Cuidado para não cair. – Ri, apontando para o tecido frouxo.

- Nada que você já não tenha conhecido.

- De fato. – Ri, calçando minhas botas.

- Então?

- Então o quê?

- O que acha de morar comigo? Já ficamos juntos antes, por meses.

- Acho que eu estava em cárcere privado.

- Mas, ainda assim, sabemos que poderia fugir se quisesse mesmo... Claro, eu iria te perseguir pela cidade, mas com certeza conseguiria sair daqui facilmente.

- Eu não estava na minha melhor forma... De qualquer forma, vão saber que estamos envolvidos...

- Todos já sabem que provavelmente dormimos juntos. – Riu, pegando algumas peças de roupa em seu guarda-roupa.

- E se alguém pensar como Donn? Não nos quiser juntos e tentar matar um para afetar o outro... Sabemos que provavelmente serei eu a perder a cabeça.

- Eu não deixaria chegarem a você, não dessa vez. Eu juro com minha vida.

- Você não pode jurar algo assim. Não sabe o que se passa na cabeça das outras pessoas.

- Não sei mesmo, mas sei que se tentarem fazer qualquer mal a você eu sou capaz de matar quem quer que seja, antes mesmo de tocarem em um fio de cabelo seu. – Continuou terminando de se vestir.

- Isso é bonito Christopher, mas sabemos que não funciona assim.

- Podemos fazer funcionar, não quero te ver partir, quero que fique comigo.

- Eu sei, mas o seu círculo de negociantes pode não pensar o mesmo. Já pensou em como devem estar discutindo sobre isso?

- O que quer dizer?

- Christopher Tanner, o presidente da corporação Tanner – Engrossei a voz para enfatizar o que pensavam. – Está tendo um caso com Helena Summier, o sexo deve ser bom já que ela ainda está viva. Vamos adorar ver o desfecho desse caso, quem morrerá primeiro? Eu aposto na garota.

- Onde você ouviu isso?

- Não interessa, é o que falam. Sabe eu não ligo com esses boatos, pelo menos até me chamarem de vadia, isso sim é algo que realmente me irrita. Mas sejamos realistas, isso vai durar quanto tempo antes de um se cansar da vida do outro, ou tentarem nos afastar? Porque é certo que vão tentar, não é conveniente para ninguém quando juntarmos os negócios. – Continuei. – Vão pensar que você teria uma assassina profissional para quando quisesse matar quem quer que seja sem deixar vestígios.

Assassina de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora