Presunção

332 9 0
                                    


Helena Summier P.O.V.

Tudo começou no início de maio, quando fui surpreendida no meu trabalho.

A cafeteria estava vazia, afinal não iam muitos fregueses após as dez horas da noite. Pelo menos não em busca de comida.

- Me indicaram a senhorita. – Ouvi o homem bem vestido me seguir até o balcão.

Homens de terno engomado podiam ser irritantes, certamente seria um caso idiota sobre traição ou briga por alguma ação no mercado financeiro, mas o que eu podia fazer?! Esses eram os que melhor pagavam e eu não recusava um bom dinheiro.

- Desculpe, mas não o conheço.

- Você é Helena Summier, 27 anos, trabalha por conta própria. Acho que podemos continuar essa conversa em outro local. – Ele insistiu.

- Vejo que alguém fez o dever de casa. – Sorri enquanto checava pelo celular a identidade do meu novo cliente.

As câmeras escondidas com reconhecimento facial conectadas ao meu aparelho celular tinham sido um excelente investimento. Segundos e o arquivo abriu na tela.

- Belos filhos, seria uma pena se algo acontecesse. – O encarei com o mesmo sorriso indicando que eu saberia como afetá-lo caso fosse alguma armadilha.

- Eu pago bem. – Respondeu desviando o olhar.

Seu semblante havia ficado sério. Talvez por medo, talvez por desprezo, não era muito fácil distinguir.

- Tenho certeza disso, gostaria de um café?

- Pode ser. – Olhou para os lados notando que não haviam outros fregueses.

- Fique tranquilo, um cadáver aqui atrapalharia os negócios.

Não consegui conter o sorriso.

Peguei a jarra de café junto a uma xícara e o acompanhei até a mesa dos fundos.

Apenas dez minutos de conversa me renderam o nome da minha próxima vítima. Christopher A. Turner. Ainda que não fosse óbvio, ele estava longe de ser só mais um CEO esnobe, podia ser mais perigoso do que as pessoas imaginariam nos seus piores pensamentos.

Contrabando, armas, drogas.... A lista não tinha fim. Estava claro que não era um alvo fácil ou inocente para assombrar minha vaga consciência. Não precisaria de muito tempo para terminar o serviço, logo ele seria apenas uma lembrança e seis dígitos a mais em minha conta.

Recebi um pequeno arquivo com horários e uma foto do rosto dele, tirada enquanto tomava café a caminho de sua empresa. "Belos olhos verdes, será uma pena vê-los perderem o brilho", pensei encarando a foto por alguns segundos.

O homem mais velho saiu. Observei a foto de sua família uma última vez antes de focalizar no que realmente interessava. Sentei no balcão e comecei a ler o arquivo com toda a atenção necessária. Precisava ter certeza de todos os hábitos de Christopher para planejar, não podia haver um erro sequer em meu plano, já que ele era extremamente hábil, possivelmente mais do que eu.

Sua família não me interessava já que o arquivo deixava claro seu status de solteiro. Sobrariam apenas um pai e um irmão, e eu não seria paga para mata-los também, ou teríamos discutido um pouco mais sobre o meu valor final.

O dia não tardaria chegar. Haviam sido horas de pensamentos e pela sua habilidade, minha única forma de ataca-lo era o elemento surpresa.

Deixei as outras garçonetes no comando da lanchonete e segui para meu apartamento. Conferi as imagens das câmeras do quarteirão e me certifiquei de que não havia sido seguida ou descoberta por policiais disfarçados.

Assassina de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora