Acordo na manhã seguinte ainda nua, o arrependimento me invade.
"Como pude ser tão ingênua... Um homem que vive no meio da floresta, sozinho, e óbvio que terá algum desejo."
Olho ao meu redor e não vejo ninguém, no canto do cômodo, vejo minhas roupas rasgadas. A única coisa que não foi destruído foi meu capuz que agora era vermelho.
Me enrolo no capuz, sinto o cheiro de sangue subir pelas minhas narinas, o que me causa arrepios, mas essa é a única coisa que me protege do frio.
Depois de minutos que pareciam horas, a porta se abre, e o homem entra com um saco de palha nas costas, e o interior do saco parecia ensanguentado, mas evitei perguntas, aliás, queria sair logo daquele inferno.
-Eu fiz tudo o que você me pediu.- Diogo evitando contato visual.- Agora, quero o que me prometeu...
-Prometi?
-Me levar até a casa de minha avó!
-Ah, sim... Mas não me lembro bem de ter feito uma promessa.
-Não importa, permiti que fizesse coisas horríveis comigo, fez tudo o que queria, agora quero que me leve para a casa de minha avó!- Gritei.
-Certo, eu disse que lhe levaria até lá, mas não disse quanto teria que me pagar em troca... Nunca disse que seria apenas uma noite.
Meu coração parou, uma noite já deveria ser o suficiente, tudo o que queria era sair daquele inferno que não parecia ter fim, sair correndo e não olhar para trás, mas parecia impossível.
-O que terei que fazer?- Digo com a voz trêmula.
-Quando você me pagar tudo o que me deve, eu te levarei para casa... E será minha escrava daqui em diante.- Ele disse encostando o polegar em meus lábio.- Lavará minhas roupas, varrerá a casa, tratará dos animais, e a noite, será completamente minha!- A cada palavra ele espremia ainda mais meu lábio inferior.
Ele jogou um vestido velho, sujo, e manchado em cima de mim.
-Vista isso, do contrario acabará pegando uma gripe.- Ele pegou sua espingarda e abriu a porta.- Começe limpando a pia... E não tente nada, conheço esta floresta como a pauma da minha mão, te encontraria em quetão de seundos.
A porta bateu.
Senti um cala frios na minha espinha.-Por favor, Deus...- Disse em voz de choro.- Tire-me daqui!
Sabia que era inútil pedir ajuda numa cituação como esta que nem mesmo Deus pode me ajudar, mas a esperança é a ultima que morre... Ou pelo menos uma parte dela.
Me levantei e começei a limpar aquela pia nojenta, aviam bichos asquerosos mortos e o lodo nos talheres e nas penelas foram bem dificeis de tirar, sem dizer do nojo que senti, aquilo deveria esta lá a anos, pelo estado que estavam.
Até que, percebi que a água avia acabado, por mais que tentasse apenas saiam algumas gotas. Revirei o cômodo com os olhos e percebo um balde, não parecia sujo, e era a coisa perfeita para pegar água no poço do lado de fora da cabana, e assim fiz.
A floresta era fria, e bem assustadora, estava com medo de seja lá oq que morava ali, e até mesmo das coisas que vi nos dias anteriores.
Caminhei até o poço e enchi o balde. Até que percebo algo se mexendo entre os arbustos. Meus músculos travam, tento correr mas não consigo. Até que dentre os arbustos sai um pequeno coelho branco, que parecia mais assustado que eu. Sinto um alivio. Respiro fundo e quando percebo, o coelho esta com a barriga aberta e com os rogãos expostos. Cubro minha boca com as mãos para não gritar. E ao olhar atrás de mim, a mesma criatura do dia anterior me encara com um olhar curioso.
-V.. você sobrevivel!- Digo encarando seu pescoço não totalmente cicatrizado, mas quase curado.
-Digamos que sim...
-O.. que quer?
-Nada de mais, apenas queria ver qual sua reação ao me ver... E então sentiu minha falta?- Ele disse com irônia.
-...
-Ta bom, olhasó, não irei te fazer mal, e você morta seria um disperdicio...
-Desperdicio?
-Um dia você vai entender... Mas não agora.
-Se não me quer morta, então por que não me tira daqui?
-Por que ainda é divertido, ver você se encher de terror quando ele faz algo com você...
E estará mais segura aqui do que em qualquer outro lugar.-Ele abusou de mim... Esta me fazendo de sua empregada e sabe-se lá o que ele irá fazer agora, como esse lugar pode ser seguro?
-No futuro irá entender...
-"No futuro"?... Como assim? Não tem essa de "futuro" quero que me diga agora, não quero ficar aqui sendo a empregadinha dele, quero ir para casa!
-Se eu fosse você, fazia logo o que quer que tenha de fazer aqui fora, pois se ele chegar e ver você aqui, será punida da maneira mais severa!- Ele disse mudando rápdamente o tom de voz.- "No futuro" as coisas ficarão mais claras!
Ele entrou novamente na floresta me deixando sozinha, fiquei minutos encarando a imensidão verde a minha frente, até que pelo canto do olho, vejo o homem se aproximando com uma cara não muito agradável.
-Me lembro de ter sido claro se...
-Eu vim apenas pegar água para lavar a SUA bagunça, não sou idiota para sair na floresta de novo, me perder ou até mesmo morrer aqui fora... Se toca!
Entrei dentro da cabana já irritada, fui para a pia e voltei a limpar, até que a porta atrás de mim se bate com uma força inexplicavél. Ouço seus passos vindo até mim e agarrando meu pescoço, e me apoiando na parede.
-Quem você pensa que é para falar comigo naquele tom?- Ele me apertou ainda mais.- Eu disse que era para limpar a pia não sair, e deve falar direito comigo, você é minha escrava, fará tudo o que eu mandar!
Ele me soltou e me senti tonta novamente, seus punhos me acertavam forte. Senti minha cabeça girar até desmaiar. Não me lembro mais nada des de então.
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Lado Negro Da Chapeuzinho Vermelho
Short Story"'Cuidado com o Lobo, não saia da estrada' Essas palavras ecoavam na minha cabeça, era impossível não esquece-las... Se eu as tivesse dado mais atenção, nada disso teria acontecido... E se eu te dissesse que Chapéuzinho Vermelho, nunca chegou a casa...