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Sai da cabana, o líquido viscoso escorria pelo meu rosto, as partes vermelhas do capuz nunca perdiam o cheiro insuportável de sangue, e não importava o que eu fizesse, ele sempre continuava lá, para me lembrar de todas as vidas que tirei e da minha inocência brutalmente tirada de mim em apenas uma noite.

Continuei a caminhada, não sabia para onde ia, mas a floresta não era totalmente deserta, não eram muitas, mas as vezes podia-se ver cabanas em meio as árvores, e era apenas disso que precisava para chegar até minha velha casa.

E assim fiz. Um fazendeiro que aprontava a terra para o plantio, ele não pareceu muito a vontade com a minha presença, mas me ajudou mesmo assim, e disse que em algumas horas chegaria a minha casa, que ficava no coração da floresta.

-Tenha uma boa caminhada, garotinha...- Ele disse e voltou a trabalhar.

Pensei se deveria mata-lo ou não, mas resolvi puni-lo por não me tratar da forma como quis, deixa-lo vivo a melhor forma de pagar por seus próprios pecados, a forma como o mundo julga seus pecados e pior que a morte, e por isso que matei o Velho que me ajudou, para manda-lo a um lugar melhor.

Continuei minha caminhada, até finalmente chegar a minha antiga casa, não mudou nada, a velha cabana continuava lá, exceto por uma coisa... estava muito silenciosa. 

Andentrei casa a dentro, chamava pela minha mãe, mas não respondia, o que não era normal pois ela nunca saia de casa, e mesmo que estivesse no jardim ou no seleiro, sempre me escutará chamar.

Subi as escadas e fui em direção ao seu quarto no final do corredor, por algum motivo, seja lá o que iria encontrar no final daquela maldito corredor, não era nada bom, e uma parte de mim não queria descobrir.

Abri a porta e quase caí para trás com o que vi, as lágrimas brotaram e o machado escorregou da minha mão cravando no chão. Me arrependi profundamente do que acabara de ver.

Continua...

O Lado Negro Da Chapeuzinho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora