XII

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Os pingos de suor escorriam pela minha face, apertava cada vez mais o cabo do machado que já começava a escorregar de minhas mãos. Eu o encarava com ódio, e a cada segundo o medo ia se dissipando.

Então, senti algo cair sobre minhas costas, algo pesado, e seu cheiro me era familiar, quando minha visão voltou ao normal pude reconhecer a mesma criatura que me perseguirá na mesma noite em que sai para a casa de minha avó.

Era como um lobo, andava sobre quatro patas e tinham dentes semelhantes aos de javalis, seu focinho era grande e seus olhos em um tom prateado.

-Demônios como ele são difíceis de encontrar, geralmente são os mais perturbados, tiveram uma vida turbulenta, e mesmo depois da morte eles não tem paz, me assustei quando o encontrei nesta floresta, me renderam boas cicatrizes até que pudesse o fazer confiar em mim.

Sua imensa pata pressionava contra meu peito, me deixando sem ar. Sua enorme boca se abria e se aproximava de meu rosto pronta para me arrancar uma mordida. Me senti próxima do fim, fechei os olhos e esperei que minha morte, pois não importava a força que fizesse, o imenso demônio continuava no mesmo lugar, e meu machado, longe de mais para o alcance dos meus dedos, eu me permiti desistir, e apenas esperei, e esperei... Mas nada aconteceu, eu continuava consciente, e meus pensamentos continuavam a fluir, como um trem em alta velocidade.

Abri meus olhos, e nada avia mudado, os dois demônios continuavam lá, mas não tentavam me matar, eram como estátuas. Então, pude finalmente respirar, meus pulmões encheram, com um gemido alto.

-Esse, é o cão do inferno, se ele te matar, você vira um demônio.- Ele se abaixou para ficar da minha altura.- Ainda penso se realmente deveria leva-la ao inferno como demônio.

-O único que vai ao inferno é você!

Agarrei meu machado e o cravei em seu pescoço, a lâmina foi mais além do que desejei, e quando me dei conta sua cabeça rolava pelo chão de madeira e seu corpo caiu igualmente. Demorei alguns instantes até me dar conta de que já estava morto, confesso pensar que iria levantar mesmo sem cabeça e tentar me matar, não me surpreenderia se isso realmente acontecesse.

A minha frente, o cão do inferno bufava de raiva, suas unhas marcavam o chão, e podia jurar que a criatura espumava pela boca .

E naquele momento vi que mais alguém iria morrer naquela casa, e já tinha quase certeza de quem seria...

Continua...

O Lado Negro Da Chapeuzinho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora