Capítulo 3

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As aulas passaram mais rápido do que eu esperava, me arrastava de sala em sala.
Quando finalmente o sinal tocou, fui logo indo para a porta, quando uma mão tocou meus ombros. Virei para trás e vi ali um homem magro com olhos castanhos e cabelos grisalhos.

- Boa tarde Sr Burnes, o senhor por aqui? - Disse com a voz um pouco alterada

- Boa tarde, bom, percebi que você não prestou muito em minha aula, então achei que poderia ajudar, ocorreu algo?

- Não, são só os testes finais, sabe...

- Não minta para mim Ângelo, sei que está mal por o que aconteceu com Ágatha
- Então porque pergunta?

- Me desculpe, eu só queria ajudar e entender.

- Entender o que? Ágatha se foi, agora estou aqui, eu nem tentei ajudá-la.

- A culpa não é sua...

- Estou cansado de todos falarem isso, sei que eu poderia ter ajudado eu vejo isso nos olhos de cada pessoa que me vê. - Disse quase gritando, com os olhos marejados.

Burnes olhava para mim com aqueles olhos de Piedade, eu odeio aquilo, odeio tudo isso.
Me viro, deixando Burnes para trás, eu não quero ouvir nem mais uma palavra. Quando abro a porta um mar de alunos me levam até a saída, tudo o que ouço é o nome dela.

Quando finalmente chego ao estacionamento, percebo que longos cachos ruivos caíam sobre o capô do meu carro.

- Ellen - Observei a melhor amiga de Ágatha, ela parecia mais cansada, seus olhos castanhos estavam mais fundos e com escuras olheiras.

- Angelo - Sua voz era fraca e arrastada. - Está tudo bem?

- Não, você acredita no que estão falando por aí? Como se Ágatha fosse uma drogada que bebe até o sol nascer.

- As pessoas são Cruéis  indagou Ellen sem nem antes analisar suas palavras antes que elas saíssem da sua boca - Mas isso não dá o direito delas saírem por ai contando mentiras. Você acredita nisso?

- Isso o que?

- Ágatha não se mataria, porque iria fazer isso? Tem um namorado, uma família, amigos...
Nesse momento lágrimas despencam de meus olhos e entro no carro, não quero mais ouvir o nome dela, não posso. Mas no momento em que entro no carro, a mão de Ellen destranca a porta ao lado.
- O que vai fazer? Me jogar do carro? - Ellen diz olhando com aqueles olhos de "Então vamos ver no que isso vai dar"

- Eu poderia tentar.

- Porque foge tanto?

- Isso não é da sua conta.

- Parece que alguém está estressado, eu te entendo Angelo, ela era minha melhor amiga também, mas precisamos investigar, coisas assim não acontecem de uma hora pra outra, acredite em mim - Há um pouco de esperança em sua voz, isso torna ela mais incrível do que geralmente é.

- Investigar? Você ficou louca? Ela está morta.

- Sim, mas não sabemos como.

- Bem...

- Angelo?

- Eu sei como ela morreu, afogamento.

-  E porque Agatha pularia de uma Ponte?

- Olhe, eu não sei, mas não somos detetives para ficar descobrindo o porque ou como.

- Então você não se importa?
Essas palavras cortaram minha garganta, claro que me importava, foram 7 anos de amizade e agora eu perdi ela para sempre.

- Se nós investigarmos, ou o que quer que você queria fazer, você sai do meu carro?

- Não, preciso de algum lugar para ficar.

MortíferoOnde histórias criam vida. Descubra agora