Vladimir ficava refletindo sobre seu trabalho que não era fácil, imagina por um momento, convencer um maior número de pessoas comprando aquele produto e consumindo cada vez mais. Será que o ser humano é livre? Ou como dizia um filósofo francês, somos condenados a sermos livres? Os gregos antigos acreditavam que os seres humanos nasciam com seus ofícios e não tinha nada que pudesse fazer, para Aristóteles, por exemplo, um ferreiro nascia ferreiro e morria ferreiro porque era isso que era feita a natureza do homem que tinha a atividade de ferreiro. Mas no período da modernidade, com os inúmeros eventos que romperam com esse pensamento, o homem poderia escolher qual oficio seguir. Seja ferreiro ou executivo em uma empresa financeira. Porem hoje, as pessoas não são aquilo que gostariam ser, porque o importante hoje era muito mais ter do que ser, ou seja, era muito melhor ser um executivo do que um montador. Mas se todo mundo fosse um executivo, como ficaria as outras profissões? Como seria um ser humano que pudesse escolher o que quisesse? Porém, de alguma maneira, o poder convence a população que eles não podem ser executivos, devem ficar nas suas vidas medíocres dependendo de dinheiro do governo.
Vladimir refletiu até mesmo sua própria profissão que era superdifícil de entrar e as pessoas eram invejosas, puxavam o tapete e não era qualquer um que poderia entrar. A publicidade em sua essência, é uma profissão totalmente capitalista, a ponte de serem escravos irrestrito do capitalismo e do modo de vida materialista que não tem nada de humano. Nada de pessoas deficientes, nada de pessoas que se vestem como querem, nada de seres humanos que seguem a sua própria vontade, pois não a seguem e são escravos dessa loucura excessiva de serem o que não são. Sempre acabando com suas essências e não acatando as culturas de massa, uma cultura de dominação, uma cultura de horror e desprezo total. Com todo esse progresso nos distanciamos da nossa humanização? Era uma pergunta muito interessante, porque não estamos nos aproximando da virtude, mas distanciando dela. Mas a virtude tem a ver com a moral, sem nossa verdadeira virtude de fazer e caminhar ao encontro do verdadeiro "eu", não tivermos nada do encontro da nossa verdadeira natureza.
– Oscar? – Viu a porta se abrir – Estou num momento de reflexão da minha vida e a realidade onde vivemos que me faz refletir dentro de tudo que vivi e seu que será a única coisa importante que tenho que decidir. Posso errar, posso acertar, mas nos erros e acertos que aprendemos a caminhar.
– Isso mesmo Vlad – Oscar sentou numa cadeira na frente da mesa de Vladimir e cruzou as pernas – Temos que escolher o caminho que vai nos dar o bem e a virtude necessária para evoluirmos e sempre procurarmos um caminho do conhecimento. Por que será que estamos nos falando Vladimir? Acertamos nas nossas profissões? Não. São momentos que se cruzam e esses momentos são por toda nossa vida como peregrinos de um universo tamanho que não faz sentido nenhum, pois o mundo é um enigma e o mais enigmático é que não nos conhecíamos, não achamos que nenhum de nós dois existia, mas existimos e agora estamos frente a frente.
– Mas por que, Oscar? – Perguntou Vladimir intrigado com aquilo que Oscar tinha dito.
– Quem garante? Quem sabe, Vlad? O universo é um enigma indecifrável – Oscar acendeu um cigarro – e um conto que passara muito séculos sendo contado pelo nosso sistema solar, talvez até, as informações desse conto será espalhada por todo o universo. Por isso nunca achei que as "verdades" fossem únicas e essas únicas verdades que fazem o ser humano atrasar tanto seu progresso. Você acha que aqueles filmes de ficção á alguns anos atrás estavam errados? Não estavam. Mas o ser humano fez sua escolha em atrasar tudo por um proposito, o simples proposito de sempre querer ter razão. Quem tem razão nisso tudo? Quem vai saber o que é e o que, não é? Não sabemos nem o que é realidade.
– Essa conversa pode não ser real – Vlad deu um sorrio – pode ser uma ilusão e ela nunca aconteceu. Mas pode ser dois homens com seu ponto de diferente, um mostrando para o outro o que poderá ser se alguém acatar seu próprio ponto moral. Isso é muito louco, sabe? – Vladimir deu uma risada muito forte como se tivesse achado graça.
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O Caminho
Romance(um mês de degustação) #Vladimir Lancaster é um publicitário em uma agência menor e sua pequena #deficiência física, não abala sua convicção de ser um homem justo e dinâmico em sua busca do "porque" de tudo isso. Vanessa Albuquerque é uma moça bonit...