O Caminho

8 - Entre a esperança e a sorte.

Vanessa era uma moça determinada, rebelde e sabia do que gostava, mas também sabia que naqueles dias que se seguiam a liberdade não seria dada muito, pois seus pais eram rigorosamente, tradicionais. Nem poderiam suspeitar que Vladimir dormia com ela na mesma cama nos finais de semana, muito menos, que ouvia rock. Era uma velha implicância do seu "velho", pois para ele, o rock era coisa do "demônio". Ela deitada, olhando para o teto, vivendo seus últimos momentos solitários nas próximas duas ou uma semana, depende do humor do senhor Salomão. Mas a solidão tinha te dado certa liberdade que não teria se tivesse ficado com seus pais, porque seu pai era uma pessoa protetora, uma pessoa que não era ruim, mas queria a todo custo proteger Vanessa. Mas o que seria liberdade? O que seria essa "coisa" que ainda o ser humano não aprendeu a conviver?

Vanessa sabia que a liberdade era um artigo que muitas pessoas não tinham ou pensavam que tinham, porque eram marcadas por suas crenças, seus amores, seus devaneios e suas esperanças. Às vezes, a motivação de uma esperança, pode ser uma prisão da ilusão de que tudo ficara como antes e muitas vezes, não restará nada daquilo que era. Dês do nosso nascimento, somos levados a sermos o que a sociedade quer que sejamos, sua cultura, seus valores, suas crenças e até mesmo, suas opiniões devem ser respeitadas. Nós nascemos para não temos vontade nenhuma, para não sermos animais racionais, para sermos pessoas que temos obrigação de obedecer a ordem vigente.

– Alô – atendeu o telefone tocando a muito tempo durante a sua voada pelos seus pensamentos.

– Alô querida! – Era a voz da sua mãe – estaremos aí amanhã de manhã, ok? Conversaremos muito querida...beijos!

Sua mãe sempre direta e sem rodeios dava o recado e pronto, por um lado Vanessa sabia que tinha puxado ela nesse aspecto e sabia que tinha que ficar feliz, porque seu pai poderia discuti horas a fio e não pararia enquanto não convencesse daquele assunto. Mas o que esperar de um vendedor de uma família de vendedores vindos de muitos séculos? Pensava ela "bom, espero sempre achar meios de encarar o velho! ", muitas vezes se divertia com seus próprios pensamentos.

– Alô – uma voz de choro que reconheceu ser da sua amiga Amanda – que aconteceu com você Amanda?

– O Luiz sofreu um acidente e está no hospital em estado delicado. Nós brigamos e eu disse que iria sair de casa e ele triste demais saiu com o carro e bateu num ônibus e capotou muitas vezes e o carro ficou destruído Van... – Amanda estava desesperada, porque tinha dentro dela um sentimento de culpa, que Vanessa por conhecer a amiga, reconheceu isso em sua voz.

– Eu vou aí Amanda, segura ao que logo, logo estarei ai! - Pegou as chaves e correu para pegar um ônibus para o hospital, mas como tinha algum dinheiro, resolveu pegar um táxi.

No caminho, Vanessa começa a ter lembranças do colégio quando ela e Amanda andavam juntas, quando a Amanda era a única amiga que a Vanessa tinha graças ao seu pé torto. Amanda era uma garota tímida, não falava com ninguém e nem dizia o que sentia, era reservada ao ponto de ter seu lugar no pátio, só observava. Vanessa era uma adolescente guerreira, mas de poucos amigos, os amigos que tinham ela sempre achava que era por compaixão. Ela começou a falar com Amanda por acaso, conversas de banda, de livros, de filmes, na época, Vanessa morava com os tios na cidade grande, mas sempre foi muito resolvida. Até que um menino magro, com a cabeça redonda e cabelos meio que tigela, começou a ficar com elas e naquele momento, ele fica amigo. No primeiro momento, Luiz era apaixonado por Vanessa e não via outra coisa a não ser aquela menina calada que ficava lendo seus livros e conversando com a Amanda. Mas Vanessa ouvia metal, era fechada e nunca pensava em ter nenhum namorado e apesar disso, via Luiz como um amigo que podia ouvi-la no mesmo modo que a Amanda, só que ele tinha calças e olhava com aquela cara de bobo. Um dia conversou com ele e disse que não queria nada, que considerava como um amigo querido, mas que não considerava ter um relacionamento com ele. Daí desencanou, Amanda conquistou o seu coração e Vanessa foi a madrinha do casamento, e sempre foi amiga dos dois. Chegou no hospital.