13 - Ele era o "maiorão"

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Vanessa acorda com um pensamento na cabeça, dês da primeira consulta que teve com a Dra. Ângela, não era a mesma. Ouviu o barulho da sua mãe lavando a louça, seu pai abrindo o jornal e resmungando algo que não conseguiu ouvi, mas ouvia sua mãe dizer "ela é assim mesmo, dês de criança e você sabe disso". Vanessa achava que sua mãe tinha paciência demais para aguentar um homem tão chato como era o seu pai, mas também entendia que era um homem rude porque era simples, não tinha estudo e o único vínculo de leitura era a leitura religiosa. Mas, definitivamente, não tinha paciência com as neuroses do seu pai, nem sabia como ele ficou sabendo do ocorrido, quando chegou, deu um sermão e disse que era porque Vanessa negou a verdadeira palavra e não podia escapar dos pecados. Mas que pecados? Dizia uma tia dela, que nem Vanessa tinha acabado de nascer, ele já dizia que veio com pecado por causa do seu pé torto e com sua mão "defeituosa". Haja saco!

– Vanessa! Você não vai me dar a benção? – Disse seu pai horrorizado atrás do jornal – Essa juventude de hoje não tem a menor educação e nem um pouco de respeito com os mais velhos, no meu tempo...

– Olha pai – disse Vanessa se virando no meio da sua sala – isso não é seu tempo e nem é a sua casa, eu não estou com a menor paciência para aguentar a suas neuroses religiosas ou a sua crise de velhice. Portanto, não gostou? Ali é a porta, minha casa, minhas regras!

A mãe dela arregalou seus olhos, porque a última briga deles tinha sido uma briga devastadora ao ponto dos dois saírem quase na mão. O pai de Vanessa se levantou, ficou perto o bastante para ficar cara a cara e levantou a sua mão.

– Pode bater! Tenho idade o bastante para te denunciar como agressor e com minha deficiência, agressão de incapaz – olhou fixo para ele – Bate. Não vai doer tanto em mim do que vai doer em você e tem mais, chamei minha mãe e não o senhor para vir, veio porque quis. – Disse Vanessa num tom desafiador, num tom que não aguentava mais aguentar aquela conversa de gente fanática que queria converter até seu mais misero cachorro. A mãe dela começou a lhe puxar como se quisesse acalmar os ânimos, mas Vanessa não era a mesma dês de que se deu conta do mundo onde ela vive, um mundo marcado de pessoas insanas e homens hipócritas e nojentos. Estava cansada de ver pessoas achando do direito de dizer a ela como se comportar, como se vestir, como falar, como até olhar. Virou em direção a sua mãe e abraçou ela forte, apoiando seus braços a ela.

– Não fale mais assim com ela, escutou Salomão? Ou você não entendeu o que aconteceu? Acho que você não entendeu que nossa filha está passando por um momento difícil, não é? – Dona Alice não gostava em ser rude com as pessoas, mas deve ser as vezes com seu marido para ele cair na real que é um simples comerciante no interior e não um profeta que veio salvar a humanidade. Sentou Vanessa na cozinha, pegou uma xícara, colocou leite com café.

– Desculpe mãe – disse Vanessa com lagrimas nos olhos – não estou bem, as vezes ficou deitada pensando que aquilo não podia ter acontecido e não pude evitar.

– Não se culpe – disse a sua mãe sentando em uma cadeira – a culpa não é sua e porem, seu namorado te defendeu tão grandiosamente. Não há homens assim como ele, acredite, nem seu pai – se aproximou e disse baixinho – seu pai sempre foi um bunda mole que deixava todo mundo me encher o saco, não tem ideia o que tive que aguentar.

– Vlad é maravilhoso mãe – disse sorrindo com os olhos de um brilho especial – Não deixou barato e expulsou o cara da lanchonete. Ainda ficou dias comigo aqui, trazendo coisas, trazendo livros, dando muito amor e carinho. Mas ele anda abatido também, triste por causa da minha condição de achar que a culpa é minha, a sensação que parece ter te traído.

– Você não traiu ninguém – olhou fixo para Vanessa Dona Alice - as pessoas que não sabem seu lugar. Pessoas mimadas e sem educação que exibe uma arrogância sem tamanho.

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