Vladimir era um homem super ocupado de suas tarefas e de seus negócios e não via saída a não ser, trabalhar para ganhar dinheiro. Ele era acometido de uma sutil deficiência em sua perna esquerda e nada poderia pará-lo porque tinha que mostrar, tinha que superar o mundo lá fora e não poderia desapontar esse mundo. Não suportava ficar em silencio em sua casa, sempre algo estava ligado e não sabia o porquê, tinha sempre que estar com barulho ou da TV, ou alguma estação de rádio.
Mas algo lhe parou diante de uma ponte, algo que lhe fez perguntar o sentido de tudo e o sentido que ainda ficamos com uma vida agitada, cobrando de nós o que não somos. Assim lhe perguntava: "Por que disso tudo? " E ficava olhando os prédios, os carros, a cidade que não parava, porque se o mundo parar, ficaremos inertes em um vazio existencial muito grande. Olhava os carros e tentava sempre refletir como se sentiria cada motorista, suas vidas, em que garagem saíram, onde achavam suas chaves e se amavam, ou eram amados. Cada ser humano tinha sua subjetividade, cada ser humano tinha sua natureza, cada ser humano tem sua própria vontade e dai ele lembrou que nunca tinha se entregado a suas vontades. Sim. Dês de cedo sempre quis mostrar que tinha que superar, porque foi desprezado pelos colegas de escola por causa de sua perna, foi desprezado pelos amores que um dia amou. Foi desprezado por ele mesmo...
Se perguntava: "o que estou fazendo consigo mesmo? ", era uma pergunta que talvez devesse refletir um pouco mais e essa reflexão não deveria partir da sua deficiência, da sua frustração ou da sua vida, mas para encontrar seu próprio caminho que deveria ser seguido. Mas naquele momento não poderia porque deveria voltar ao seu escritório, pois sua hora do almoço estava acabando e deveria acabar também seus deveres. Ele como um publicitário deveria escrever as peças publicitarias para seu parceiro montar as imagens e fazer o trabalho visual, já que esse era o que sempre gostou, sempre ficou fascinado por imagens e sempre via filmes. Era aficionado por filme de ficção cientifica, algo do gênero que sempre deu um pouco de prazer e alegria.
Sentou em sua cadeira e tentou refletir sobre o que queria escrever, porque naquela tarde tinha uma peça para entregar e era um comercial de cigarros. Há tempos sabia que as TVs tinham proibido campanhas de cigarros por causa do vício, assim como junto com o vício se tinha o enfisema pulmonar. De repente se viu tomado por uma risada sarcástica que lhe fez pensar que seria estranho escrever essas coisas em um comercial como: "compre cigarros e tenha um futuro canceroso! " Ou "fume e espante todos em sua volta", mas sua profissão lhe ensinou que se você dizer a verdade, você não vende e se você não vende, não terá uma profissão porque as agências de publicidade iriam a falência. Mas via aquelas fotos de pessoas esqueléticas em uma cama de hospital, que fumaram maços inteiros em menos de um dia, ou pessoas que apagavam um e acendiam outro. Até mesmo o ator que fazia o comercial de uma marca famosa norte-americana, tinha morrido em uma cama de hospital.
Vladimir era voltado as vezes a essas reflexões dentro da sua profissão dês da faculdade, porque era um rapaz que lia muito e esse ler muito era uma maneira, de ver um mundo que ao mesmo tempo, era sua realidade, e ao mesmo tempo, era estranho. Aprendera que o que Joseph Goebbels – propagandista nazista – dizia que uma mentira contada mil vezes virava verdade, era uma mentira, porque os jornais não convenciam tantas pessoas segundo várias pesquisas. Mas sabia que essas pesquisas mentiam para não dar na cara, que isso foi muito bem aprendido no mundo ideológico, porque os socialistas soviéticos usaram isso a exaustão e o mundo capitalista, tem isso com grande êxito em vender seus produtos e promover a livre concorrência. O mundo fez as mentiras serem ditas mil vezes para se tornarem verdades absolutas que nunca existiram, mas essas mentiras faziam de seu oficio seu "ganha pão" e isso as vezes, lhe incomodava.
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O Caminho
Romance(um mês de degustação) #Vladimir Lancaster é um publicitário em uma agência menor e sua pequena #deficiência física, não abala sua convicção de ser um homem justo e dinâmico em sua busca do "porque" de tudo isso. Vanessa Albuquerque é uma moça bonit...