Capítulo 3

156 18 2
                                    

Amanda

Gui está se esforçando em me manter por perto, no entanto agora com alguma atividade. Assessorar não é minha praia, não sei nada sobre o tema e acredito que não vai dar muito certo. Mas se é para agrada-lo estou tentando. São tantas cartas para ler e ainda tenho que criar cartas de respostas, vou a afundar naquela quantidade toda. Para piorar vem álbum novo e com essa turnê, ou trabalho com outra coisa ou terei que viajar com ele. Não quero viajar agora, estamos organizando nossas vidas juntos. Essas decisões estão me deixando um pouco fora dos eixos, estou confiante em conseguir o emprego e mudar esse quadro.

No dia seguinte a entrevista estava agendada para as 9:00 AM e a ansiedade era tanto que as 8:20 AM cheguei ao local para aguardar. Haviam mais 5 pessoas que se candidataram a vaga para ser entrevistado e confesso sentir um frio na barriga ao ver como pareciam calmos e seguros de si. Uma mulher loira com uma blusa branca e uma saia lápis listrada com um salto 15 era o alvo de todos naquela sala de espera. Seu cabelo parecia ouro, chamava atenção por onde passava com toda a certeza. Os demais eram homens, os mesmos não tiravam os olhos da loira, fiquei me perguntando internamente quem será a pessoa a realizar a entrevista. Se for homem a loira com toda certeza sairia na frente, esses caras não vão ter muito sucesso, mesmo que o requisito seja dançar Macarena de roupa íntima. Como sempre para ajudar fui a última a ser entrevistada depois da loira, que saiu com um sorriso de triunfo como se o cargo já a pertencesse. Não que dê atenção a esse tipo de coisa, não suporto pessoas egocêntricas e aquela loira era um poço cheio.

Foi inevitável não reparar na sala ampla e bem decorada que adentrei, era moderno com um toque retrô de muito bom gosto. Paredes brancas e móveis escuros. Uma mesa de reunião a esquerda de vidro elegante, a direita uma pequena sala como se fosse uma casa. Dois sofás brancos com almofadas decoradas combinando com os móveis, ao fundo uma mesa com 3 pessoas sentadas atrás e uma cadeira de frente para mesa. Extremamente assustador. Não houve cumprimento algum, mas como uma boa Brasileira que sou não deixei de dar meu cordial bom dia antes de me sentar. Os olhares quando dei o bom dia me fez sentir como um ser de outro planeta. Não me deixei abalar, o foco estava na vaga e não na simpatia que receberia de volta de pessoas que não conhecia.

Prefiro culpar a minha ansiedade por ter ficado ali sendo observada por aproximadamente 15 minutos. Como sei que foi todo esse tempo? Na verdade não faço ideia, lutei para não olhar o relógio e acabar passando a imagem de ansiosa. Mas foi um teste de resistência, disso não tinha nenhuma dúvida. O silêncio foi quebrado pela mulher sentada com cara de poucos amigos.

- Amanda! Brasileira? O que faz aqui em Londres?

- Começar uma nova vida junto ao meu namorado, que já reside aqui. - Respondi sem muito sorrir, mas com um tom de voz firme.

- Você tem muito tempo de experiência como Diretora Administrativa em uma rede de lojas, acha que está capacitada a assumir um cargo em nossa empresa? - Perguntou o rapaz de óculos com cara de nerd.

O turbilhão de perguntas não parou por aí, acabei por me sentir a vontade em responder a todas. Senti que isso incomodou o nerd e agradaram as duas mulheres, que em determinado momento pareceu se acostumar com minha presença. Quando pensei que tivesse acabado, ouvi uma voz feminina realizando uma pergunta que arrancou um sorriso espontâneo.

- Estou muito curiosa para conhecer a pessoa que não demonstrou ansiedade depois de 10 minutos em silêncio com minha equipe de RH. Como você consegue se controlar tão bem? - Sorri involuntariamente, lutei muito para não olhar o relógio e não balançar as pernas.

- A ansiedade existe para todos, no entanto quando o ambiente se torna agradável as coisas fluem bem e a ansiedade se dissipa. - Respondi cravando o olhar no nerd que estava de boca aberta.

ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora