Capítulo 01

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Capítulo um

—Você pode ver? — O sussurro parecia terrivelmente alto na escuridão por trás da antiga casa.

— Shhhh, Gommy. Tem que ficar quieto. Tem certeza que você viu alguém por aqui? Não foi só sua imaginação?

— Dillon perguntou em voz baixa.

—Eu juro Dill, eu realmente vi. Era enorme, e estava andando envolta da cerca quebrada. — Gom apontou para a parte de trás do grande pátio vazio. Dillon olhou, mas não viu nada incomum. A grama era baixa devido à alta temperatura do verão no Estado do Texas. A grama crescia um pouco mais alta na parte de trás, onde o antigo bloco estava encostado junto à cerca quebrada.

—Ele estava parado como uma estátua. Ele não se mexia. Eu estava com muito medo de fazer qualquer coisa por um minuto.

Abençoado fosse o seu coração, Gom se assustava muito.

—Está bem, Gom.

—Então, eu te ouvi, e sabia que ficaria tudo bem. Vai ver se ele está lá fora? — Gommy, abreviação de Montgomery, um nome que era muito grande para o moleque, que no momento estava com olhos muito grandes e perfeitamente arregalados. Ele idolatrava Dillon com uma forte paixão.

—Não. Não esta noite, Gom. Se ele tentar alguma coisa, nós estaremos preparados. Mas obrigado por me avisar. Bom olho, meu amigo.Vamos nos manter vigilantes e ver se ele está tramando algo. Um tipo grande, hein? — Dillon arrepiou os cabelos de Gom.

—Enorme, Dill. Tinha músculos por todo o corpo e vestia roupas usadas pelos Soldados para que ninguém possa vê-los.

—Camuflagem. Bem, bem, venha para dentro. Tenho certeza de que outros estão com fome. Iremos acomodar todos eles, e talvez Tommy possa cantar para nós. Isso é sempre reconfortante para todo mundo. Se não, vou contar uma história ou duas. Que tal isso?

Eles saíram do quintal pequeno, em poucos passos, e regressaram.

Dillon Kramer tinha descoberto muito cedo que sua capacidade de criar histórias e relacionar com qualquer sentimento que eles sentissem no momento era uma ótima maneira de relaxar os jovens que estavam ao seu cuidado. Mas, homem, Tommy poderia cantar como um anjo. O que era bom. Se todos tinham ficado assustados por causa do homem desconhecido, hoje à noite poderiam precisar de ambos, ele e Tommy.

Lá fora, Soldado estava ao lado da casa, a poucos metros dos dois, quando entraram. Ele gostava daquele que se chamava Dill. Era óbvio que era o líder do grupo que estava na casa. Também era uma coisa linda. Soldado sentiu-se ficar duro e se recusou a se mover. Ele não faria. Ele sabia como permanecer em silêncio e imóvel. Ele tinha estado em operações especiais e poderia ir e vir em qualquer lugar sem ser visto.

Ele deve estar perdendo o seu toque. Ele tinha estado invisível por um longo tempo, e ficou surpreso de que o menino o tivesse visto. Soldado estava sozinho, muito sozinho. Ele não tinha amigos, ou inimigos, por muito tempo. Era apenas um homem que tinha ido para a guerra por seu país e voltou depois de muitos anos, danificado. Soldado estava danificado em seu coração e alma, bem como no seu corpo. Ele tinha 33 anos, era muito alto, muito grande, e muito, muito forte. Ele mantinha a cabeça raspada para evitar se preocupar em encontrar alguém para cortar os cabelos. Ele não gostava da maioria das pessoas e também não gostava de tê-las ao seu redor.

Deus, quanto tempo havia passado? Já era ruim o suficiente que ele tivesse escolhido viver sozinho, evitando conviver com qualquer pessoa. Mas ele era gay. Bem, ele teria um relacionamento homossexual se fosse dada a chance de tê-lo com alguém. Basta dizer que, se fosse fazer sexo, seria com alguém como o homem de boa aparência que vivia nesta casa tão interessante. Soldado perguntou-se que idade o homem teria, qual era a sua história, se quisesse ter... Soldado balançou a cabeça, finalmente se afastando da porta. Ele não era assim. Não queria saber sobre as pessoas, não prestava atenção nas pessoas. Não há algum tempo.

O SOLDADOOnde histórias criam vida. Descubra agora