O anjo dos meus sonhos

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Acordo no dia seguinte com uma dor de cabeça horrível e começo a me amaldiçoar por ter excedido nas doses de bebida ontem.

Passo as mãos pelos lençóis tentando levantar da cama e sinto a textura suave da seda deslizando pelos meus dedos. Pisco várias vezes para me acostumar com a luz do sol que emanava por entre as cortinas da janela, quando percebo que aquele não era o meu quarto. Aquela não era a minha cama, eu nem dormia coberta por lençóis de seda.

Vejo a porta do quarto aberta, então levanto da cama e desço as escadas. Em pé, vejo Cristopher sem a parte de cima de suas roupas, de costas parado de frente para a enorme janela que havia lá naquela sala. Ao me deparar com aquela cena, consigo notar o quanto ele era forte, suas costas eram largas como as dos garotos que praticavam natação lá no colégio, reparei também nas duas enormes cicatrizes que formavam um "V" que ali estavam, pensei por um momento em lhe perguntar como foi que ele as conseguiu, porém com medo de soar muito invasiva resolvi ficar quieta.

Continuo o observando parada na ponta da escada como se ele fosse uma escultura esculpida pelas mãos de Deus. Só a essa altura pude perceber o quão linda era aquela casa onde eu me encontrava. Ela era grande, com uma decoração sofisticada e moderna. Os móveis pareciam ter sido escolhidos com muito cuidado e bom gosto. A sala era espaçosa, com grandes janelas que deixavam a luz do sol entrar, iluminando o ambiente de forma acolhedora.

- Bom dia, Bela Adormecida! - abre um sorriso. - Me deixou preocupado. Você está dormindo desde que saiu do clube ontem.

- Bom dia, Cristopher - falo abrindo um sorriso achando graça do modo exagerado que ele tratava as coisas.

- Quer comer alguma coisa? - diz ele entrando por uma porta que dava para a cozinha.

Nego indo atrás dele e me sento em uma das cadeiras que dava de frente para um balcão de mármore que ficava bem no meio.

- Essa casa é sua? - falo olhando em volta e ele balança a cabeça em afirmação. - Você mora aqui sozinho? Cadê seus pais?

- Não moram comigo. Eles trabalham viajando, então sempre estão em um lugar novo. - ele se vira e estende a mão para pegar em um dos armários que ficava pregado na parede à minha frente alguns ingredientes para fazer uma massa de panqueca.

- Nossa, eles devem ter muito dinheiro - Cristopher dá risada.

- É, eles têm o suficiente para eu não morrer de fome e ter um lugar para dormir.

- Como foi que a gente chegou até aqui ontem?

- Você realmente não se lembra de nada do que aconteceu ontem? - fala ele colocando um pouco de farinha no liquidificador.

- Não...

- Fomos embora mais cedo porque você alegou não estar muito bem. Você voltou do banheiro cheirando a vômito. - diz ele dando um sorriso. - Tive que pedir o carro do Logan emprestado para trazer você até aqui. Você realmente é um fracasso quando se trata de bebidas.

- Eu estou aqui morrendo de vergonha e você está achando engraçado? - dou vários tapinhas de leve em seu braço. - Foi um encontro horrível não foi? - digo levando as minhas mãos até o rosto.

- Foi um encontro? - ele fala arqueando as sobrancelhas. - Pensei que estivesse ouvido você falar que era um ato de caridade.

- Tudo bem, você está certo, foi tudo por caridade - reviro os olhos. - Posso te contar uma coisa bem estranha? - ele faz que sim com a cabeça enquanto se vira para colocar a louça suja no lava-louças. - Eu sonhei com você hoje. - Cristopher vacila e deixa o prato que estava em sua mão cair e se quebrar em vários pedaços no chão.

- Droga! - ele xinga baixinho.

- Está tudo bem aí? - digo me levantando da cadeira.

- Não precisa, está tudo bem - ele pega uma vassoura que se encontrava ao lado do fogão e começa a varrer os cacos de vidro para fora. - Como foi o sonho?

- Eu e você estávamos no clube e eu estava indo em direção ao banheiro como ontem - fiz uma careta olhando para ele. - Só que no sonho, eu nem cheguei a entrar porque três caras chegaram atrapalhando o meu caminho. Diziam que iriam me levar para alguém que queria muito me ver - percebo os músculos do Cristopher se enrijecerem.

- Eles chegaram a te falar que cara era esse que queria te ver?

- Não - falo me lembrando com uma clareza tão forte do sonho que até parecia que realmente tinha acontecido de verdade. - Você apareceu antes que eles pudessem fazer ou falar qualquer coisa.

- Eu contra três caras? - ele fala com ar de incredulidade na voz. - Com certeza foi um sonho.

- Sabe o que é mais engraçado? - ele olha para mim com atenção. - É que essa noite não foi a primeira vez que eu sonhei com você - ele engole em seco. - Na noite anterior do meu acidente no vestiário femin

ino eu também sonhei com você.

Ele me olha de um jeito que eu não consigo decifrar. Parece mais uma mistura de medo e preocupação. A essa altura do campeonato ele deveria achar que eu estava ficando louca.

- Eu sei que parece loucura, mas era você - falo com convicção. - Eram seus olhos, Cristopher e você no meu sonho era um anjo.

Caído para mimOnde histórias criam vida. Descubra agora