1| So, see you?

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Emily's POV

Olhei para minha mãe dormindo no sofá rasgado da nossa casa e eu nunca imaginei que o que eu tinha sonhado para mim a tanto tempo seria tão difícil de ser feito no momento. Quer dizer, passamos anos juntas e éramos só nós duas, é completamente normal o meu receio em deixá-la sozinha, imagino.

  - Filha? - vejo seu rosto cansado levantar com calma do encosto do sofá - Você ainda está aqui? - um sorriso apareceu na expressão da minha mãe.
 
  - Já estou indo, mãe. - afirmo levantando - A Julie vai me levar na rodoviária, ok? Logo, logo eu vou poder comprar um celular para a senhora e a gente conversa melhor. Enquanto isso, vou tentar dar notícias pelo telefone da Imogen e se tiver qualquer coisa, pode pedir para ela me ligar.

  Eu tinha noção que meu telefone não era grande coisa (falando desse jeito, parecia), mas fazia ligações e era o suficiente. Minha mãe se levantou e, com algum custo, me ajudou a levar as malas até a porta, onde a Julie já estava me esperando.

  Me despeço de dona Judith mais uma vez, repetindo para ela todo o falatório de antes e prometendo melhorar nossa comunicação logo, para, assim, entrar na caminhonete que minha amiga dirigia e ir para a rodoviária.

  - Acho que vou sentir sua falta, Mily. - Minha amiga sorri com algum pesar, me lembrando como aquilo sempre foi tudo para nós, e como as pessoas ali ainda eram tudo da gente. Sair daqui era perder uma parte de mim e, inevitalmente, levar uma parte deles. Infelizmente, o segundo fazia com que eu me sentisse levemente culpada.

  - Eu também Julie. Vou sentir muita falta de vocês, mas prometo que vou vir buscá-las.

  - Você sabe que não precisa fazer isso. - Ju comenta estacionando e, em seguida, se vira pra mim - E mais, é bem possível que sua mãe não queira ir. Isso é o lar dela. Eu sei que muitas vezes a gente quer fazer o melhor, mas o melhor do outro pode não ser o mesmo que o nosso. - Levanto as sobrancelhas e a observo sair da caminhonete para, logo depois, lhe seguir e pegar minhas malas.

  - Ok Emily, é melhor eu ir, né? Evitar despedidas, e essa coisa toda melodramática que você, de alguma forma, ama - Rio já a abraçando, mesmo que Julie não queira aquilo. Na verdade, era o jeito dela: no fundo, amava um abraço.

  - Não preciso nem lembrar para você cuidar da minha mãe, certo?  Eu deixei um dinheiro na minha gaveta para qualquer coisa e nem pense duas vezes em me ligar caso aconteça algo.  - Percebo seu riso, mesmo que já estivesse de costas para mim andando em direção ao estacionamento,  apenas se virando quando chega até ele.

  - Eu te amo Emily, e te desejo muito sucesso. E isso é o máximo que vai conseguir de mim. - Observo risonha e emotiva sua piscadela brincalhona. Só depois que a caminhonete desaparece do meu campo de visão, puxo minhas malas e a mim mesma para o ônibus. 

***

  Definitavemente foi uma sorte já ter alugado o apartamento mobiliado. Já era de se esperar que eu não fosse a única a estar me mudando, afinal, o período entre Natal e Ano Novo era o mais propício. O que eu não podia imaginar era essa completa bagunça no pequeno prédio (se é que posso chamar assim). Não paravam de subir pessoas com móveis e malas, um burburinho contínuo, o que, de alguma forma, me incomodou. Na minha cidade era tudo sempre quieto.

  Me concentrei em colocar as roupas no guarda-roupa e ligar o aquecedor. Seria mais normal que eu estivesse animada para o Ano Novo em Nova York, mas a falta de dinheiro não me deixaria sair (afinal, era uma questão de escolha: não passar fome ou ir para uma noitada na cidade que nunca dorme).

  Mesmo assim decidi que levaria algo para comer enquanto ficava perto da concentração de pessoas em algum local em que façam a contagem regressiva para a virada de ano. De preferência, gratuito.

  Quando a campainha toca, primeiro passo o meu tempo estranhando para depois abrir a porta.

  - Oi, acho que deixaram para você.  - Uma moça loira (que devia estar subindo móveis, julgando pelo quanto ela estava ofegante) me entregou um envelope. Provavelmente, devia ter sido um engano e eu olharia depois.

  - Você quer uma água?  - Rio de leve e a garota recosta no parapeito assentindo enquanto encho um copo de água para ela.

  - Então vamos ser vizinhas, hein?

  - Pois é... - Sorrio. Nunca sei o que responder a essas perguntas.

  - De qualquer forma, se precisar de algo, estou logo no apartamento acima. E prazer, sou Lottie Tomlinson.

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