On Alissa
Estar na casa do meu pai, era como voltar no tempo. Sentir que mamãe deveria estar conosco, mas ao mesmo tempo saber que ela perdeu tantas coisas. É uma sensação bizarra!
Minha mãe, saiu de casa para viver os seus sonhos, quando eu tinhas apenas cinco anos. Eu não me lembro detalhadamente como foi sua despedida, mas alguns relapsos de memoria vem e com eles a certeza de que sua partida para o "novo mundo" foi conturbada.
Naquele tempo, após a sua partida, e pelo que eu me lembre, os dias foram regrados a muitas discussões e brigas, protagonizadas pelo meu pai contra os meus avós maternos, já que Martha poderia estar em qualquer lugar do mundo e obviamente incomunicável conosco.
As discussões iam desde quem deveria ficar com a minha guarda, até o ponto alto que era sobre a minha criação. Papai naquela época trabalhava bastante e precisava de alguém para tomar conta de mim, ele se preocupava com o fato de que eu deveria ter uma rotina, que tivesse alguém para me ajudar nas lições de casa e que a minha infância fosse saudável, apesar de a minha mãe se recusar a ficar comigo.
Ele fez de tudo, o que podia e o que não podia para me manter junto dele. Inclusive, lutou na justiça para que a minha guarda ficasse com ele, uma vez que, a minha avó materna alegou que eu estava em situação vulnerável e que seria mais saudável eu ficar com ela e o meu avó. Mas papai não desistiu e provou que apesar do seu tempo ser pouco, ele era um ótimo pai e se virava nos trinta para ficar comigo e me ajudar nas tarefas da escola. E isso foi decisivo para que o juiz decidisse que eu ficasse com ele.
Depois disso, meus avós maternos pararam de criar empecilhos e começaram a agir como pessoas melhores. Ajudaram o meu pai a me criar, e me deram todo o apoio para estudar longe de casa, quando falei que faria Engenharia Civil.
Papai pulou de alegria, pois naquela época estava começando um negócio de construção, focada em empreitadas. Devido ao seu trabalho, hoje a empresa é um grande sucesso. E ele tornou o nosso sobrenome, uma potência.
Já Martha, não temos notícias atuais dela. Mas a última vez que soubemos de algo, foi quando ela tomou uma multa ao dirigir bêbada próximo a avenida principal de Hollywood. Não sei, dizer se ela alcançou o seu sonho, mas pelo menos está vivendo em L.A.
Depois de sair do turbilhão de sentimos que é visitar papai, estou em casa maratonando uma série enquanto espero as meninas. Combinamos de fazer uma noite das garotas para colocar a fofoca em dia, já que durante a semana tem sido corrido, por conta da faculdade.
Estou preparando a comida para a noite com as meninas, quando a campainha toca. Coloco o pano de prato no ombro e saio em disparada para atender a porta, já que a pessoa não para de tocar. Até já imagino, quem seja.
- Margot, eu já tô indo! – Grito pegando o molho de chaves para abrir a porta.
- Vai logo! – Margot grita do outro lado.
Ao abrir a porta, as garotas entram todas atrapalhadas pelas pantufas que usam, todas estão de pijamas e trazem consigo uma sacola recheada de doces e guloseimas.
- Não fecha, Lídia está vindo. Ela resolveu pegar aquele urso enorme que ela tem! – Margot avisa.
- Ah, oi. Smoke! – Chloe faz uma voz de bebê para falar com o gato manhoso. – Você é tão fofo! – E aperta ele que mia mal-humorado.
- Ali, onde podemos deixar nossas coisas? – Celeste pergunta segurando uma pilha de travesseiros.
- Pode deixar lá em cima da minha cama, já que vamos ficar aqui pela sala. – Ela assente e vai em direção ao meu quarto.
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O Anônimo Obsceno
RomanceUma simples mensagem pode mudar tudo. *Não aceito adaptações das minhas obras! PLÁGIO É CRIME!