Salva pela urina

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- Seu imundo - rosnou Joanna enquanto os guardas amarravam suas mãos com cordas novas e cortantes. - Como ousa trair sua capitã e sua tripulação?

- Quem paga melhor possui os meus leais serviços, capitã - responde o velho que lhe dera a informação do paradeiro de Elizabeth. - Não pensei que seria tão burra ao ponto de acreditar em um tripulante recém chegado, pelo que vejo, me enganei.

- Me pagará caro por isso, morrerá em terra e nunca desfrutará do baú de Will Turner - diz sendo obrigada a se ajoelhar ao lado do restante da tripulação, que também está amarrada.

- O enforcamento público da tripulação do Pérola Negra já está anunciada para amanhã a tarde - diz, zombeteiro, o comodoro com dois cachos em sua peruca branca. - Não terá a chance de matar alguém novamente.

- É isso que iremos ver - diz ela fuzilando o velho raquítico com se olhar ameaçador. Ela não aceitará ser traída dessa forma, uma Sparrow não morrerá facilmente, não pelas mãos de um traidor. - Amanhã a tarde os únicos corpos pendurados na forca serão os seus, Comodoro Fordon e traidor desonrado.

- Poupe suas energias, Sparrow, uma noite na cadeia sem pão ou água lhe deixará fraca o suficiente, não precisa morrer de fraqueza - zomba o Comodoro Fordon passando a mão pelo rosto de Joanna. - Você é tão bela, como pode desperdiçar tamanha beleza com algo tão indigno como a pirataria?

- Indigno é atrair seres humanos com boas intenções para uma armadilha, e ainda usando um próprio tripulante como isca - rosna Joanna inflando o peito para parecer mais intimidadora. - Sabe, comodoro, sou uma pirata compreensiva, comparada a todos os demais, não pretendia atacar a cidade e nem os cidadãos inocentes de Port Royal. Acontece que o senhor foi muito mesquinho para comigo e minha tripulação, então, assim que estivermos a bordo de nosso navio, iremos destruir a cidade. Não deixarei pedra sobre pedra, nenhuma alma vagara por Port Royal, nem um cão será poupado. Isso é uma promessa de Joanna Teach Sparrow.

Os guardas se olharam e soltaram uma longa e debochada gargalhada. A capitã continuou a encarar, enfezada, o Comodoro Fordon, que ria como um bêbado e dava tapas forçados em sua própria perna. - Tudo bem, acontece que sei muito bem que palavra de pirata não é confiável, então não irei dar importância para as merdas que saem por sua boca.

- Pouco me importo com o seu achismo sobre os piratas - diz Joanna com um sorriso disfarçado enfeitando seus lábios bem desenhados. - Tudo o que você acha que sabe sobre nós será desmentido assim que seu corpo for enforcado na entrada destruída de Port Royal.

Um grande pedaço de madeira desce na direção de Joanna e ela só tem tempo de fechar os olhos antes de desmaiar com a pancada. A tripulação não conseguia esconder seu medo da morte por enforcamento. Mas havia um tripulante que não escondia seu receio por destruir a cidade por completo, seu lar de infância, Thiago não concordava em matar tantos inocentes que ele mesmo conhecia, mas não tinha ideia de como tiraria essa ideia da cabeça de sua amada.

Joanna abriu os olhos vagarosamente, permitindo que sua visão se habituasse ao local iluminado por apenas uma vela tremeluzente em algum canto bem afastado. Sua cabeça deu diversas voltas quando ela se colocou sentada em uma espécie de cama feita de madeira pura. Ela olhou em volta, sua visão a mostrou que estava em uma cela úmida e fria. Soltou o ar e abraçou as pernas junto ao peito, apertando o casaco o máximo que conseguia, sentia seus dedos duros devido ao frio.

Horas haviam se passado e nenhuma alma viva apareceu para lhe levar comida, ouvia a barriga implorar por um pedaço de pão e a garganta por um gole de água, mas não tinha o que ela pudesse fazer, já que o comodoro não daria alimento a ninguém da tripulação. Muito menos para ela, que estava em um local separado dos outros.

Os raios de sol a forçaram a abrir os olhos, ela se levantou ofegante e desnorteada. Correu até a minúscula janela e procurou o sol, estava na metade do caminho até o centro do céu, não faltava muito para o meio dia e logo ela seria enforcada. Ninguém aparecera durante a noite, ela teria que se virar sozinha, seduzir um guarda já estava riscado de sua lista. Retirou o grande casaco e em seguida uma fina blusa que usava por baixo de sua blusa branca de babados.

Correu até um canto mais escuro da cela e esvaziou a bexiga em cima da blusa. Voltou a vestir o casaco e agarrou a blusa encharcada de urina. Foi até uma parte mais degradada das grades e passou a camisa por duas, das diversas barras de metal enferrujadas. Enrolou as duas pontas e começou a torcer a blusa por entre as barras, cada vez mais apertado. Seus dedos já ardiam e suas botas estavam com pingos de urina que escoriam por suas mãos.

Mais algumas voltas obtidas com grande esforço e um barulho forte invadiu o local quando as duas barras de ferro arrebentaram. Joanna retirou a blusa e a jogou longe, entortou as barras até que tocassem o chão e passou pelo pequeno espaço que se formou entre elas. Correu até uma pequena mesa e pegou seus pertences o mais rápido que conseguiu, passando a bainha da espada pela cintura enquanto subia alguns lances de escada.

Só visitou Port Royal uma vez, mas ainda se lembrava como chegar a prisão, um bom pirata tem o mapa gravado na cabeça, era o que Mestre Gibbs sempre dizia para ela quando era pequena e ficava brincando na sala de mapas do navio.  





Olá piratinhas do meu coração <3

As coisas já estão esquentando, e então, o que acharam?

Semana que vem tem muito mais

Beijos de Rum

NatáliaB.

Joanna Sparrow - livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora