Joanna podia ver nos olhos de Thiago que ele não queria a destruição de Port Royal, ela sabia também que pedir para ela desistir de sua palavra era algo que ele nunca faria. Seu coração estava dividido em dois, por um lado ela sentia uma imensa vontade de atender o pedido que Thiago nem fizera, por outro, manter sua palavra estava sendo tratado como prioridade. Todos sabem que piratas dificilmente cumprem o que dizem, mas ela não era uma pirata comum, nasceu com o propósito de revolucionar a pirataria em sua geração, pelo menos, é o que seu avô sempre dizia quando a encontrava questionando os valores piratas, menos o código, já que qualquer um que o questione corre risco de perder a vida.
- Por que não pede? – Pergunta ela de repente, quase que sem mover os lábios para falar.
- Como? – Questiona Thiago voltando o rosto para Joanna, que estava a encarar o mar a algum tempo. – Pedir o que, querida?
- Para eu não dar a ordem de destruir a cidade?!
- Simples, deu sua palavra de que a destruiria, e eu, mais do que ninguém, sei o quanto preza por manter sua palavra. É só uma cidade, existem milhares como essa, você deixou que os moradores, com exceção dos oficiais, deixassem a cidade o mais rápido. Se voltar com sua palavra poderá perder o respeito de sua tripulação e deixar de ser levada a sério como capitã pirata e herdeira de Jack Sparrow.
- Sempre diz o que preciso ouvir – diz ela com um sorriso nos lábios. – O que eu faria sem você?
- Se martirizaria até a morte enquanto olha para esse mar sem saber o que fazer ou qual decisão tomar – diz a abraçando pelas costas.
- Não seria uma morte tão terrível, desde que não fosse esse mar, Port Royal é uma cidade de corruptos, essas águas já embalaram muitos navios levando e trazendo dinheiro sujo.
- Quem não a conhece jamais faria qualquer comparação entre você e a pirataria, até eu me questiono isso as vezes – rebate sorrindo. – Não está com pressa de ir embora?
- Muito mais do que aparento, acontece que temos uma armadilha para desativar antes de apontar os canhões – diz. Thiago a encara sem entender. – Você logo saberá. Vamos?
Os dois saem pela rua enlameada e banhada pela luz do sol em direção a entrada da cidade, onde Fordon os espera vigiado pela maioria da tripulação do Pérola. Andam sem qualquer pressa, com as mãos entrelaçadas e ouvindo as gaivotas passarem próximas as suas cabeças. Sentem a brisa insistir em levar seus chapéus para longe enquanto o barulho do salto de suas botas em contato com as pedras ecoa pelas vielas desertas. A cidade está vazia.
- Até quando brincará de pirata que cumpre o que diz? - Pergunta Fordon com tom de deboche quando Joanna se aproxima. Ele tenta parecer o mais despreocupado possível, mas seu nervosismo o entrega descendo pelo pescoço em forma de suor. - Nunca, na história da pirataria, uma tripulação, sem qualquer espécie de frota que os ajudasse, conseguiu destruir uma cidade inteira, ainda mais uma cidade como Port Royal, que é admirada na grande parte das canções e poesias.
- Quer canções e poesias? - Pergunta Joanna soltando uma grandiosa e profunda gargalhada, quase como se ela subisse desde a terra até suas pregas vocais. - Então ouça o doce som da minha voz.
Port Royal, oh, Port Royal
Tu que és tão linda e bela
Carregas em teu ventre a semente do mal
Plantada por aqueles que diziam protejela
Port Royal, oh, Port Royal
Adimira-me o quão ainda esteja firme em seu lugar
Mas todos sabem que sob a luz de cada luar
Suas ondas a ti veem lamentar
Port Royal, oh, Port Royal
Seus malfeitores agora extermino
Sou uma pirata diferente, eu sei
Se começo, logo termino
Port Royal, oh, Port Royal
Por todos serás sempre lembrada
Como a cidade não imaculada
Por piratas destroçada
- Desde quando você canta tão bem? - Pergunta Sila surgindo de um canto, seus olhos arregalados revelam o quanto Joanna é, ou era, desafinada. - Você seria capaz de quebrar todos os vidros do mundo com sua voz esganiçada.
Joanna lança a Sila um olhar de tédio. - Ser beijada por um tritão tem suas vantagens - responde dando a ela uma leve piscadela. - E então, comodoro Fordon, o que achou da mais nova canção dedicada a Port Royal?
- Eu achei um total desrespeito a uma cidade como essa - rosna ele. - E quer saber, você já está me cansando. Se acha que vai destruir a cidade, está cantando vitória antes do tempo...
Joanna faz uma boca com a mão e a fecha bem no rosto de Fordon, indicando para que fique quieto. - Se está fazendo menção aos 25... não, 26 canhões apontados para o Pérola Negra, eu já sei - diz sem qualquer rodeio.
- Então sabe também...
- Que tem um homem seu, de confiança, escondido a exatos 11 metros daqui, apenas esperando o seu comando para abrir fogo contra o Pérola? Sim, já sei disso também - ela o interrompe pela segunda vez. - Mas o que você não sabe é que tem um tripulante faltando, saberia disso se estivesse atento, até porque ele é meu imediato e saiu daqui para capturar seu homem. - Ela olha para uma gaivota que passa voando e fazendo uma grande algazarra. - Seu homem já era, Ulion é muito competente mesmo. Deveria ter ensinado isso aos seus homens, mas antes de ensinar, você deveria ter aprendido, enquanto ainda tinha garantia de vida, o que é ser competente. Isso é importante nos dias de hoje, principalmente para um homem que praticamente comanda uma cidade inteira. - Ela aproxima seu rosto do Comodoro. - Você está acabado, comodoro Fordon, desde o dia em que corrompeu um dos meus tripulantes. Você mesmo assinou sua sentença de morte ao compra-lo com ouro.
Espero que gostem do capítulo, meus piratas preferidos
Demorou mais saiu kkkk
Beijos de rum
NatáliaB.
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Joanna Sparrow - livro 2
FanficCom a "aposentadoria" de seu pai, Jack Sparrow, Joanna agora se vê capitã do temido navio Pérola Negra. Seu destino está fadado ao sucesso quando parte em busca do tesouro do navio Flor do Mar. Como excelente capitã que se tornou, Joanna conta com f...