Capítulo 9

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"Eu que tanto me perdi
Em sãs desilusões ideais de mim"

(Me Espera – Tiago Iorc part. Sandy)


Giuliana colocou seu biquíni preto com um decote considerável na parte de cima, acompanhado por um bojo, e a parte de baixo média porque uma coisa ou outra, do contrário sentia-se nua. Pegou o mesmo short do dia anterior, jogou uma camiseta por cima e estava pronta para retornar à Praia das Conchas com os outros.

Como todos tinham acordado antes dela mesmo tendo chegado depois?, pensava enquanto prendia suas franjas com um grampo e deixava as madeixas soltas. Ainda se sentia completamente bonita, capaz até de usar um moletom.

Não podia ter feito isso... Repetia várias vezes pelo caminho até o Bar. Priscila, ao seu lado, estava sendo perfeita porque falava do crush do dia anterior e isso mantinha sua mente distraída do mantra. Eles tinham ido dormir juntos e as façanhas na cama estavam sendo contadas aos detalhes, de tal modo que Tatiana virou o rosto em determinado momento, querendo saber também.

Ao chegarem ao Bar das Conchas, Giuliana percebeu que os fatos do dia anterior a perseguiriam quando foi cumprimentada pelos clientes. Claro. Ninguém esqueceria facilmente do projeto de Anitta.

JP. Foi tão fácil encontrá-lo, sentado em uma mesa com o irmão mais velho, bebendo e comendo uns petiscos. Bem... Já era a hora do almoço, ela avaliou a refeição enquanto baixava os olhos para outros detalhes: a falta de camisa cobrindo o peito dele. Analisou o abdômen definido, um trabalho completamente perfeito de musculação, e ficou parada, sem reação, incapaz de desviar o olhar.

— Giuli! – Tati segurava a porta do Bar, esperando-a, e ao gritar fez com que os olhos pretos caíssem sobre Giuliana. Tudo que ela queria. Só que não.

JP pareceu um pouco sem reação no início, como se não soubesse exatamente o que fazer, mas em seguida afastou a impressão com aquele sorriso que dizimava a população feminina ao redor. Sério, ele deveria ser proibido de usá-lo!, pensava Giuliana até o momento em que João Pedro levantou da mesa e o cérebro dela parou de funcionar.

Começou a caminhar na sua direção, deixando-a inerte como se nas mãos dele tivesse um poder que a chamava, como a abelha vai até o pólen. E dentro dela havia novamente as porcarias dos dois lados. Queria muito largar tudo de mão, tacar o foda-se e ficar com ele novamente, mas o lado das expectativas parecia muito competente, pesando sobre ela como uma pedra.

Encontraram-se na entrada do Bar e seguiram para o calçadão logo ao lado. Por que ele precisa chegar tão perto?!, ela se questionou.

— Oi. – Havia um misto de timidez e de sedução nos lábios dele. Sim. Isso era realmente possível?!

— Oi. – Ele sorriu discretamente.

— Você ficou parada aí, Gi, me olhando. Podia ter chamado.

— Não quis interromper. – Colocou as mãos nos bolsos de seu short jeans.

— A gente não pode conversar ontem – os olhos pretos abaixaram — por que não senta comigo? – Estendeu a mão para ela como no dia anterior, antes da dança.

Giuliana fitou aqueles longos dedos esperando-a, aquela mão tão masculina, firme, forte e com as veias subindo para o braço. Precisava pensar no que aquele convite realmente significava. JP queria conversar depois de eles terem se beijado, ou seja, isso poderia dar a entender que não tinha sido apenas um beijo, e Giuliana não queria brincar com ele.

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