Capítulo 7

49 10 6
                                    

"Vou rebolar só porque você não gosta
Se não quiser me olhar, vira de costas..."

(Anitta – Blá Blá Blá)

Giuliana não gostava de ser desafiada. Esse sempre foi um dos seus problemas. Não que fizesse as coisas apenas porque duvidassem dela, fazia o que queria e quando conseguia mostrava que era mesmo capaz. Onde estava mesmo essa Giuliana?

Sempre quis mostrar ao mundo que as coisas não eram bem como os adultos diziam. Onde estava a fé em um dia melhor? A fé na busca dos sonhos? Perseguir um desejo não era sinônimo de fracasso, infantilidade ou preguiça. E as pessoas não eram apenas uma coisa. Elas eram várias em uma. Ser professora ou desejar ser não a impedia de dançar sensualmente em um estabelecimento com música. Momentos diferentes, condutas diversas.

Malditos estereótipos!

Rafael babaca!

Giuliana pensava nisso tudo enquanto repetia os passos das coreografias aprendidas na academia que cursava com a bolsa que seu irmão conseguira por lecionar lá. Priscila a acompanhava porque também fazia aula de dança, mas estava afastada há um tempo por causa de um curso e alguns passos não recordava. Giuli diminuiu o ritmo para ajudar a amiga a relembrar.

Seus cabelos voavam de um lado para o outro com os movimentos, livres, leves. Seu corpo descendo até o chão em determinados momentos da música, e dois pequenos olhos pretos acompanhando-o. Ok. Ela pareceu passar por um momento de realidade, algo como: caiu a ficha, e então ficou com vergonha, sentindo seu rosto corar um pouco.

JP era amigo do seu irmão e, definitivamente, ela não estava procurando alguém naquele dia. Não tinha ido ali para encontrar um homem. Não mesmo.

— Coloca "Bang" aí, DJ. – JP gritou.

Ele tinha pedido uma música para que Giuliana dançasse?! A aspirante a professora não conseguia definir o que sentira com aquela atitude, só conseguia sentir. Um sorriso de satisfação iluminou seu rosto quase como um movimento involuntário de seus lábios. Há quanto tempo não se sentia daquele jeito? Verdadeiramente notada. Olhares em cima dela, capaz de prender a atenção de alguém, bonita, admirada... Sem ter precisado fazer muito! Seu coração acelerou muito mais do que com a dança.

A música anterior foi interrompida e o novo sucesso de Anitta dominou a pista. Aquela era uma das coreografias mais difíceis que já aprendera, mas amava.

Por que as pessoas insistem mesmo em denegrir quem dança funk?! Ela pensava.

Mulheres rebolando até o chão, vendendo o traseiro para um cara! Não! Dança é energia, independente do ritmo! Giuliana não conseguia entender como as pessoas não podiam sentir a própria alma ao dançar, a energia que fluía por elas neste momento, o corpo acompanhando uma batida.

Além disso, era de deixar pasmos os julgadores de plantão: JP já a olhava antes mesmo que ela colocasse seu traseiro para rebolar sensualmente e não vulgarmente. As mulheres têm todo o direito de DANÇAR e os homens só de olhar!

Hummm... – Pri se aproximou de Giuli, sussurrando no ouvido da amiga. — Acho que alguém quer um show particular.

Nãooo... – Giuliana desfez a ideia, sem jeito. — Todos estão nos olhando.

"E pra te dominar

Virar tua cabeça

Eu vou continuar

Na Mesma PáginaOnde histórias criam vida. Descubra agora