Capítulo 10 - parte 2

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"Quando é pra acontecer
Tem dia, lugar e tem hora"

(Dia, lugar e hora – Luan Santana)

Giuliana estava deitada na rede da varanda, olhando para o céu que de vez em quando era iluminado por resquícios dos fogos de artifício e pensava em como sentiria falta daquele lugar, daquelas pessoas com as quais tinha tanto contato. Quando voltaria?!

Quase não tinha feito amizades, mas todos os colegas de Guilherme gostavam dela e a tratavam como uma princesa. JP em especial, sempre disposto a conversar, puxar um papo, pregar uma surpresa... Será que essas amizades seriam desfeitas com o tempo?!

Uma sacolejada violenta em sua coxa acabou com os devaneios da noite. Tati estava parada ao seu lado com a expressão mais emburrada que poderia fazer. Giuliana pensou em dizer que sua prima não devia começar o ano com sentimentos tão negativos, que sua cara poderia congelar pelos 365 dias restantes, mas percebeu que não era momento para brincadeira.

— Sua mãe está se arrumando para buscar o Guilherme! – quê? Giuliana sentou na rede imediatamente. — Faça alguma coisa.

— Ok. Continue quieta aí enquanto eu trabalho. – Tati estava exigindo uma atitude da prima, mas no fundo parecia não esperar que fosse tão rápido.

Giuliana pegou seu celular no bolso da saia e levantou da rede decidida enquanto colocava o aparelho no ouvido. "Isso. Já estou indo. Espera aí.". Tati tinha ouvido o conselho para que ficasse quieta, porém sua curiosidade não a deixava fazer isso, por isso aproximou-se sutilmente da porta de tela da casa para ouvir o fingimento da prima lá dentro.

— Mãe, vou à praia novamente. Guilherme ligou me convidando.

Voltou para a varanda, onde encontrou Tatiana com os braços cruzados e um olhar mais emburrado do que o anterior. Ela nem precisava dizer o motivo porque Giuliana já se sentia mal o suficiente pela mentira. Guilherme tinha bebido bastante e desaparecera pela praia durante a queima dos fogos. Isso já fazia uma hora e tinha acabado de assegurar à sua mãe que o inconsequente estava bem.

— Eu tinha que fazer alguma coisa, Tati. Minha mãe já não é novinha, ok? E se ela enfarta aí? – Enfiou o celular de volta no bolso. — Agora vou encontrá-lo.

— São quase duas da manhã, mocinha! – Tati segurou o braço da prima. — Tome cuidado, ok? – Passou a mão pelo rosto de Giuliana. — Vou ter uma conversa séria com o Guilherme quando ele voltar.

Giuli sorriu para Tati e saiu da casa. Não conseguia ficar preocupada com Guilherme porque não era a primeira vez que ele fazia isso e quando você tem um irmão que habitualmente age assim, vira rotina, sabe? No fundo sentia que ele estava bem. Ou rezava.

As ruas ainda estavam movimentadas por pessoas retornando para seus lares conforme os fogos diminuíam no céu. A cada vez que um estourava, Giuliana acompanhava maravilhada porque sabia como era difícil observar aquilo no Rio de Janeiro e pressentia que um dia aquela mina de ouro ali, reservada e tranquila, seria descoberta.

Afastou os braços do corpo sentindo o vento delicioso varrer sua pele, sua barriga não coberta pelo top de renda, as pernas, os ombros, os cabelos voando freneticamente. Aproximou-se da praia das Conchas, onde imaginava que seria mais fácil obter informações, pisando na ponte com os degraus para a areia, mas viu João Pedro, o melhor amigo de Guilherme. Ele estava parado em pé sobre a contenção.

Ia se matar?!

— JP!

Em um impulso, Giuliana berrou e logo depois se arrependeu. E se isso o fizesse antecipar o pulo para que ninguém o impedisse? Então correu o mais rápido que pode na direção dele, mas JP simplesmente pulou para a calçada, agarrando-a em seus braços ao se chocarem.

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