Capítulo 8❄

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(Visual da Charlote na mídia.)

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Stephan

Acordei sentindo um peso estranho sobre meu estômago. Forcei meus olhos a se abrirem por mais que meu corpo inteiro protestasse dizendo que ainda não era a hora e foi nesse momento que uma mão macia tocou meu rosto. Pisquei, tanto pela claridade machucando minha visão, quanto pela surpresa de vê-lo literalmente diante de meus olhos. O pequeno garoto estava ajoelhado em cima da minha barriga com sapatos e tudo.

— Oi, garotão. Você já voltou? — minha voz saiu arrastada pelo sono.

— Já são quase oito horas — ouvi a voz de Charlote logo ao lado e desviei o olhar para a poltrona de onde ela nos encarava, arrumada demais para aquela hora da manhã, com um vestido branco leve, pulseiras douradas nos pulsos e saltos marrons. Obviamente não pude deixar de notar o quanto de suas pernas ficavam à mostra. Estava ainda mais bonita do que ontem. — Evandro teve que trazê-lo bem cedo já que vai viajar. Ei, Stephan, olhe pra cima.

Ela não disse isso como se estivesse ofendida pelo menos. Tomei vergonha na cara e desviei o olhar.

Otávio abriu um sorriso, mostrando seus dentinhos pequenos e engatinhou sobre mim, pondo as duas mãos sobre meus olhos. Sorri ao ouvir seu riso infantil de quem pensava estar em uma brincadeira.

— Ei, você sabia que está em cima de um cara que precisa urgentemente de um banho? — e talvez de uma aspirina ou duas.

— Ah, ele sabe — disse Charlote e ouvi seus passos logo antes de ela erguer seu filho no ar, pegando-o no colo. — Você está cheirando a álcool. É melhor tomar um banho antes da Hilary acordar, tenho certeza que não quer que ela te veja desse jeito.

Suspirei.

— Pareço tão mal assim?

— Quer mesmo que eu explique seu estado? — Charlote voltou a sentar e explicou enquanto Otávio brincava com seu cabelo. — Bom, no momento não consigo me fazer acreditar que esse rosto venda alguma coisa — ok. Isso já dizia muito. — Como um modelo fotográfico, não deveria saber cuidar melhor da sua aparência?

Isso soou como algo que Alice diria.

— Os últimos meses tem sido difíceis — foi a única resposta que consegui dar. Estava começando a parecer uma desculpa velha, mas era a mais pura verdade. E por mais chateado e frustrado que eu tenha ficado esse tempo todo, o máximo que pude beber foi um pouco de champanhe em alguns eventos para manter as aparências, nunca para me divertir de verdade ou esquecer.

— Estou vendo, e sinceramente não sou a melhor pessoa pra te dar lição de moral, então nem vou tentar — franzi a testa diante de sua seriedade naquela questão. — Na verdade, está sendo uma experiência interessante — continuou. — Nunca vi o Tiago de ressaca, mas agora sei como ele ficaria. O quanto você bebeu?

— O bastante para passar um ano inteiro sem querer repetir a dose — murmurei, levando uma mão a cabeça, enterrando os dedos nos cachos ruivos que deviam estar cheirando a suor.

— Se você lembra o quanto, não deve ter sido pior do que eu — não entendi o que ela quis dizer, mas antes que eu pudesse perguntar, Charlote se levantou rapidamente, deixando o peso do filho em um braço só e pegando uma bolsa pequena que estava ao seu lado. — Nós já vamos indo.

— Hein? — foi uma pergunta ridícula, eu sei, mas não consegui me adaptar a mudança de assunto abrupta.

No entanto, ela já estava mudando de tópico novamente.

— O café da manhã já está pronto, você pode usar o micro-ondas pra esquentar depois. Tem toalhas limpas no banheiro pra visitas no final do corredor e uma cesta na área de serviço com algumas roupas recém-lavadas dos meninos, pode pegar algumas peças emprestadas lá. E o meu quarto fica onde era o antigo escritório de Nick, imagino que você saiba onde é, vá acordar sua filha quando estiver mais apresentável. Acabamos dormindo um pouco tarde ontem e somando isso a mudança de fuso horário, imagino que ela estava bem cansada, mas acho que um passeio a faria bem. Tem um parquinho bem legal aqui perto, você deveria levá-la lá mais tarde para conhecer outras crianças. Tchauzinho Stephan.

Charlote falava rapidamente e eu acabei demorando um pouco para processar tudo aquilo, mas foi impressão minha ou ela tinha acabado de me dar um monte de ordens?

No momento em que consegui reunir forças o suficiente para levantar, ela já estava saindo.

— E de nada — falou, antes de fechar a porta, sorrindo por saber muito bem o que tinha acabado de fazer.

Era um sorriso bonito, mesmo que um pouco zombeteiro.

Com um outro suspiro, levantei do sofá para começar o dia. Quem era eu para recusar os conselhos/ordens de uma mãe experiente?

❄❄❄

Eu tinha bebido o suficiente para ficar alegrinho e um pouco bêbado, mas não tanto ao ponto de esquecer como foi a noite, afinal, minha tolerância a álcool não era tão ruim. Provavelmente Tiago e Nícolas sentiam pena de mim, pois apesar de terem me dito para ir trabalhar sem nem aceitar um não como resposta, não pareceram irritados quando, depois de me apresentarem aos funcionários, comecei a beber. E muito menos me repreenderam por passar a noite quase toda flertando com a barwoman. Imagino se eles sabiam que isso ia acabar acontecendo, quando nem mesmo eu sabia.

No meio da madrugada, quando voltamos, tudo que eles fizeram foi me jogar em cima do sofá e foram dormir sem me dizer palavra.

A pressão que eu vinha sentindo era tão evidente assim?

Desliguei o chuveiro e peguei uma toalha. Ao menos tinha conseguido afogar toda a frustração na bebida. Saí do box, me sentindo um pouco menos tenso.

Tinha que conversar com Hilary, saber se ela tinha gostado de passar a noite aqui com Charlote. Não planejava voltar ao hotel antes do fim da tarde e tinha bastante consciência de que estava gastando dinheiro à toa, mas meus planos por hoje consistiam apenas em fazer minha garota feliz. Até que a noite chegasse e meu irmão e cunhado decidissem me arrastar para a Egoist de novo, e dessa vez para trabalhar de verdade.

Limpei o vapor do espelho com o antebraço e encarei meu reflexo cansado. Gostaria de ter tido algumas horas a mais de sono, isso era um fato, mas não podia perder tempo agora.

— Está na hora de virar um pai descente — falei em voz alta, encarando meu reflexo e tentando fixar isso em minha mente.

Eu faria isso. Tentaria ser o pai que Hilary nunca teve. Por mais que não conseguisse me convencer de que era bom o bastante para esse papel.

❄❄❄

Cansada demais para fazer uma revisão descente no momento, me desculpem se tiver erros ou algo desconexo.😪😪😪

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Obrigada, gente! Estou feliz também, porque mais pessoas estão comentando e votando! Continuem assim, rsrs. Não sabem o quanto é gratificante ver que algumas pessoas apreciam o que eu escrevo. 😂

Espero que tenham gostado! Bjos e até o próximo capítulo. 😘😘😘

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