Capítulo 1💕

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Charlote

Observo meu filho dormindo calmamente ao meu lado. Seu peito sobe e desce enquanto respira suavemente. Éramos os únicos no apartamento naquele horário, e exceto pelo leve som de sua respiração, tudo se encontrava no mais completo silêncio. Fazia mais ou menos dois meses que ele passou a ficar bastante inquieto no berço, por isso o deixava dormir comigo a maioria das noites. Ele ficava mais calmo, e a cama era grande o suficiente para que eu não precisasse temer que ele caísse acidentalmente. Sem falar que a quantidade de vezes que acorda chorando também diminuiu.

Otávio resmungou e se remexeu um pouquinho, sem sair do lugar. Me apoiei num cotovelo e acariciei suas costas por sobre o pequeno pijama azul-claro, não podendo evitar sorrir um pouquinho. Faziam 14 meses desde a primeira vez que o segurei em meus braços, e quase dois anos do momento em que sua presença passou a mudar minha vida por completo.

Eu, que tinha bebido demais na comemoração dos meus dezoito anos, só para no dia seguinte acordar na cama do meu ex-namorado e três semanas depois descobrir que estava grávida, não era mais a mesma garota inconsequente. Minha mãe, que nunca fora conhecida por ser amorosa, tinha me expulsado de vez de sua vida, porém, meu irmão e meu cunhado me receberam de braços abertos — embora meu irmão estivesse, mais do que tudo, preocupado com minha situação, louco para quebrar a cara do meu ex-namorado e, principalmente, sentindo ainda mais raiva de nossa mãe do que quando ela o expulsou de casa por não aprovar sua sexualidade.

Meu maior desejo era nunca me tornar uma mulher como ela e dar tanta felicidade quanto pudesse ao meu filho. Com a ajuda de Evandro — pai de Otávio — e de várias outras pessoas ao meu redor, eu diria que estou fazendo um ótimo trabalho. Não passo tanto tempo quanto gostaria ao lado dele, afinal, agora trabalho como secretária da mãe de Evandro, mas, no começo, eu não poderia ter imaginado que tudo fosse ocorrer tão bem.

Sim, repentinamente minha vida havia mudado por inteiro, mas eu tinha me tornado uma pessoa melhor e mais responsável. Uma pessoa que tinha alguém por quem viver e lutar.

Aproximei-me um pouco mais de Otávio e beijei sua bochecha rosada.

— Eu te amo, meu bebê.

Suspirando satisfeita, deitei a cabeça no travesseiro e tentei limpar minha mente, deixando que o sono me levasse. Teria trabalho no dia seguinte.

💕💕💕

Ma!

— Sim querido, a mamãe já vai sair — falei a Otávio, revirando o conteúdo da minha bolsa, me certificando se não tinha me esquecido de nada.

Tiago riu quando Otávio começou a balbuciar um monte de palavras sem sentido e se remexer em seus braços.

Esse era, basicamente o vocabulário que o meu filho tinha até agora. Uma série de palavras monossilábicas e “frases” sem sentido algum.

— Ele acordou bem energético hoje — comentou.

Olhei para meu cunhado, sorrindo.

— Verdade, nem parece o mesmo anjinho da noite passada. Toma cuidado, desde que começou a dar os primeiros passinhos, ele tem estado impossível.

— E eu não sei? — riu. — Pode deixar. Você vai se comportar pro titio, não vai Tavi? — completou para Otávio, falando animadamente. Meu filho sorriu, erguendo os bracinhos, tentando tocar no rosto dele.

— Ele te ama — falei, ainda sorrindo. A interação entre eles era tão bonita e fofa que não tinha como não arrancarem sorrisos de quem os visse. Isso era comprovado sempre que saíamos para passear.

— E quem não a…

— Seu irmão é um desgraçado — Nícolas entrou repentinamente em meu quarto. Sua voz soava fria, e ele apertava o celular com força na mão direita. Como já estava me acostumando com seu mau humor — e as vezes o de Tiago — essa semana, não perguntei o que estava acontecendo.

— Não xingue na frente do Tavinho — falei, sentando na cama para calçar meus sapatos. Nícolas me olhou como se pedisse desculpas, mas não demorou muito. — Ele ainda não está atendendo, não é?

Faziam semanas que nenhum dos dois conseguia entrar em contato com o irmão de Tiago. Ele era o terceiro sócio da Egoist, a casa noturna que meu irmão e cunhado tinham aberto a quase três anos, e ainda que morasse fora do país, Nícolas insistia em inteirá-lo dos negócios ao menos semanalmente, sem falar que o cara era da família e nunca passava muito tempo sem falar com eles. Os dois tinham começado a ficar preocupados nos primeiros dias, mas depois de Tiago falar com os pais e descobrir que o irmão se comunicava frequentemente com eles, a irritação tinha começado a falar mais alto, sendo esse o motivo do constante mau humor compartilhado entre eles.

Eu não tinha muito a dizer sobre isso, já que não o conhecia tão bem, mas sabendo como os irmãos eram apegados, ainda que houvesse uma distância enorme entre eles, achava bastante estranho o fato de ele estar propositalmente ignorando qualquer contato.

— Stephan deve estar escondendo alguma coisa — Tiago suspirou. — Aquele idiota é um péssimo mentiroso, mas é esperto o bastante para saber que eu descobriria caso algo estivesse errado.

— Estou curiosa para saber qual é o prazo que estão dispostos a dar antes de pegarem um avião para os Estados Unidos e o arrastarem do que quer que seja que o esteja deixando tão ocupado ultimamente — comentei, pegando Tavinho dos braços de Tiago por um momento.

Abracei-o e distribuí beijos por seu rostinho, fazendo-o se remexer e rir. Olhei para o meu irmão. Seus olhos haviam se suavizado ao nos fitar, e diria que até mesmo um pequeno sorriso enfeitava seus lábios. Era bom ver que ao menos parte da irritação de meu irmão havia se esvaído.

Olhei meu relógio de pulso, ciente de que estava prestes a me atrasar.

— Agora sim preciso ir — passei Otávio para os braços de Tiago novamente e deixei que eles me acompanhassem até a porta. Antes de sair, me aproximei de Nick e lhe beijei a bochecha. — Não deve ser nada demais, então fique calmo, ok? — Não esperei por sua resposta, dando-lhes um breve aceno com a mão. Otávio estendeu a mãozinha e deu um tchauzinho meio atrapalhado para mim, seguindo o incentivo de Tiago que vinha tentando ensiná-lo a fazer aquilo nas últimas semanas. Mandei um beijo para ele. — Tenham um bom dia.

Saí para o corredor e corri até o elevador o mais rápido que podia usando aqueles saltos, sequer podendo imaginar que não poderia ter estado mais errada ao dizer que os motivos de Stephan não deveriam ser nada demais. Mais tarde, eu descobriria que eram mais sérios do que qualquer um de nós poderia ter imaginado.

💕💕💕

Oie! Espero que tenham gostado, já estou louca pra que chegue logo a parte que o Stephan entra na história (com ela). 😊
Pessoal, por favor, votem e comentem se possível, nem que seja só um coração (❤) caso tenham gostado. Me digam se tiverem achado ruim também, ou encontrado algum errinho por aí.
Qualquer ajuda de vocês já dá um empurrãzinho pra que outras pessoas conheçam a história.

No mais, obrigada por lerem!
Bjos!❤😘

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