Capítulo 3

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O café da manhã estava servido, a família Bertinelli reunida à mesa, pelo menos foi essa visão que Beatrice teve ao descer as escadas indo até o salão do desjejum, porém é claro que sua mãe não estava presente.

— Bom dia a todos! —

Falou em italiano tomando seu lugar, a primeira cadeira ao lado do seu tio. Sua avó sentava ao lado dela e a olhou com um sorriso amistoso.

— Onde está meu beijo?

A italiana mais velha sabia que a neta não gostava de demonstrar nada e sempre fazia cara feia aos seus pedidos de "beijo", mas Regina Bertinelli iria continuar insistindo se aquilo significava nela expressar algum sentimento, afinal parecia que apenas ela e Eleonor percebiam Beatrice precisava de um pouco de humanidade.

— Bom dia vovó...

Beatrice beijou a sua avó, rapidamente, então voltou-se para sua postura fria normal. Seu tio lhe deu um sorriso, ela olhou Eleonor de óculos escuros na mesa que lhe deu um aceno sonolento. Já seu primo nem a olhava e ela nem se importava, pois aquela reunião em família era exigida por Lorenzo todos os dias, mas a italiana não tinha muita paciência para ter isso todos os dias, por isso iria embora tão rápido quanto pudesse.

Ela serviu-se de cappuccino e pegou um bolinho de blueberry da cesta no meio da mesa, pegou um de maçã da outra. Começou a comer pegando o jornal que era deixado para ela da mesma forma que era deixado para Lorenzo, eles pareciam imagem e reflexo um do outro. Ela folheou as páginas e para sua surpresa deu de cara com um sorriso arrogante, cheios de dentes perfeitos, com os olhos azuis escuros cheios de confiança, era Oliver Storm que parecia vivo e a encarando.

O diabo só pode estar de brincadeira comigo... Pensou lendo o título da matéria a fez querer rolar os olhos: "Oliver Storm e seu apetite voraz no mundo dos negócios", ela leu brevemente o texto que falava sobre a nova aquisição que as empresas Storm tinham feito e sem olhar para o seu tio comentou, ainda encarando mal humorada a foto do Storm.

— Já viu a página empresarial?

— Sim... — disse o homem assemelhando o mesmo tom indiferente dela e bebericou seu café.

— Vai fazer contato? — ela perguntou finalmente encarando as feições tranquilas do tio.

— Bom já que foi confirmada a compra, devo me movimentar se quiser ter preferência...

A mulher deu um aceno quase imperceptível voltando sua atenção para o jornal, mas passando a matéria sobre o Storm, estava sem paciência para ficar encarando aquele rosto arrogante.

— O que vocês estão falando?

A voz masculina surgiu na conversa e fez os dois – Lorenzo e Beatrice – olharem na direção do som. Enrico os encarava com uma expressão de quem queria fingir estar informado de alguma coisa, mas era evidente que não estava. Beatrice arqueou uma sobrancelha com superioridade.

— Não é de sua incumbência Enrico. — Lorenzo disso. — Cuide do que é da sua responsabilidade e não se meta no que não sabe!

Enrico deu um aceno obediente ao pai, mas ainda estava contrariado, enquanto olhou para Beatrice com claro desamor enquanto ela devolveu o sentimento com um olhar cheio de ironia.

— Babbo? Eu acho que deveria ser... — ele tentou falar, mas foi interrompido por um gesto.

— Não vamos começar essa discussão novamente Enrico, apenas cale-se.

Enrico ficou ali sério e deixou seu olhar cruzar com o de Beatrice novamente que parecia um iceberg, porém ele ainda sim via claramente o seu desdém, o seu ar superioridade silenciosa, sempre foi assim. Os dois nunca se deram bem, enquanto ela caminhou a vida toda em ascensão aos olhos de Lorenzo, o primo fazia o caminho contrário, por isso sua raiva.

Uma CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora